domingo, 30 de novembro de 2025

Conto Especial de 20 anos: Essência Adormecida


Tudo parece tão escuro por aqui! Onde será que eu estou?
Lembro que antes era tudo tão brilhante, tão colorido e tão feliz!
Por que estou em meio a essa escuridão? Será que a minha luz acabou e é por isso que eu não enxergo nada?
A última coisa que me lembro é de que estava tudo normal e então eu acabei parando aqui.
Eu sou a Pequena Estrela e eu sempre carrego o meu próprio brilho… Ou pelo menos eu achava isso!
O que será que fez a minha luz apagar? O que a faz ficar acesa?
Nunca parei para refletir sobre tudo isso… Não até agora!
Nunca parei para pensar de onde vem todo o meu brilho. Qual o meu poder? Tem alguma magia envolvida?
Sempre estive tão acostumada com a presença dele, que nunca observei o que o fazia estar, não agora que ele se foi. 
Antes, era tudo tão mais simples, talvez por isso que fosse fácil manter essa luz. Porém, aconteceram tantas coisas e acabei ficando tão absorta que só fui notar quando já era tarde demais! 
Não me atentei aos momentos em que meu clarão oscilou, brilhando mais ou menos. Era tão sútil que eu imaginei que fosse uma coisa de humor e era completamente normal. 
Agora estou aqui perdida e sem saber o que fazer para poder me restaurar! Será que eu saio andando por aí? Será que eu grito por ajuda? Tantas perguntas, tantas dúvidas, tantos pensamentos. Nada com respostas e sequer conclusivo! 
Nada vai chegar até mim milagrosamente se eu ficar só aqui parada. Resolvo procurar alguma fonte de luz ou alguém que possa me ajudar, mesmo com a visão bem limitada. Vou caminhando passo a passo, bem devagar para não me machucar por esbarrar em algo ou com uma queda. 
Sigo andando e andando, tateando o chão com meus pés descalços, sem noção alguma do espaço em que estou. Porém, eu não sinto nada de anormal e nem de estranho, não esbarro em nada. Tudo isso é muito estranho! Não é possível que não tenha nada neste lugar. 
Todo esse vazio só serve para piorar ainda mais a minha sensação de estar perdida e solitária. Perco também a noção do tempo por ficar vagando sem rumo! 
Cansada de tanto andar e ficar em pé, em vão, finalmente desisto... Derrotada! Sento-me no chão e abraço as minhas pernas, cobrindo o meu rosto, permitindo que algumas lágrimas tímidas comecem a correr. 
Não sei por quanto fica ali, chorando em silêncio. De repente, sinto um leve toque no meu braço. Curiosa, levanto a cabeça para saber o que ou quem era. Quase que eu fico cega com a luz repentina que atingiu minha visão que havia se acostumado ao escuro. Fechei os olhos com força, tentando me acostumar e levando um pouco para tal. 
Quando finalmente o clarão deixou de ser tão forte e eu pude finalmente diferir o que estava diante de mim, fui observar com detalhes a figura à minha frente. 
Ela se parecia comigo! Uma versão mais velha minha! Que esquisito! 
Ficamos nos encarando por alguns segundos, até ela falou: 
- Perdida, Pequena Estrela? 
- Como você meu nome? - indaguei de pronto 
- Ora, eu sei sobre muitas coisas. Seu nome é uma delas! 
- Como que me achou? O que é esse lugar? Quem é você? 
- Vai com calma nas perguntas, mocinha. Uma coisa de cada vez! - pegou na minha mão - Primeiro: Este local é o subconsciente, onde as coisas acabam por ficar perdidas. 
- Por que eu vim parar aqui?  
- Muitas coisas podem fazer alguém cair no subconsciente. Teve uma vez que a inconsciência caiu bem aqui e lá fora tudo ficou um caos! Por isso que eu vim lhes resgatar! 
- Faltou dizer seu nome... 
- Sou a Adulta Saudável! 
- Que nome engraçado! - e ri – Por isso que você é grande? 
- Defina grande! - e riu – Mas sim, sou maior do que você!
- Vai me levar para casa?
- E você não para de fazer perguntas, não é? - ela não solta a minha mão em nenhum momento - Sim, vou te levar de volta ao Palácio dos Sonhos.
Palácio dos Sonhos é o próprio nome sugere, é onde habitam os diversos sonhos e desejos e eu sou a responsável por dar energia a todos eles. Mas, o que serão deles sem o meu poder?
Fico distraída no meu pequeno devaneio preocupado e logo a Adulta percebe a mudança no meu comportamento e logo me chama.
- Estrelinha, não precisa se preocupar! Eu vou te ajudar.
- Dá para restaurar o meu brilho? Não posso deixar os sonhos morrerem.
- Vamos fazer o possível para manter os sonhos e fazer sua luz voltar.
Não sei o motivo, mas ela me passou segurança quando disse aquilo. Parecia que ela sabia o que estava fazendo.
E seguimos assim o resto do caminho de volta…
A luz que emanava dela nos tirou logo do subconsciente. Confesso que o trajeto não é muito conhecido, pois saio pouco do Palácio. Logo chegamos a Terra dos Sentimentos e eu avistei a minha casa no horizonte. Comecei a ficar cansada pela longa caminhada para minhas pequenas pernas, mas eu não reclamei, sabia que estávamos perto.
Achei que ia encontrar tudo do jeito que sempre foi quando chegasse, porém eu tomei um susto. O Palácio dos Sonhos estava de uma cor diferente, como se estivesse apagado… Assim como eu!
A Adulta soltou minha mão e me deixou entrar. E piorou ainda mais! Pois estava tudo revirado, espalhado e destruído.
Como íamos restaurar tudo se estava daquele jeito? Os sonhos e eu estávamos perdidos!
Senti meus olhos marejarem e a mão dela tocou o meu ombro e ela me sorriu, como se dissesse que tudo ia ficar bem! E acho que era a rodada de perguntas dela agora!
- Pequena Estrela, já parou para pensar como que os sonhos funcionam?
- Nunca pensei. Eles sempre estiveram aqui e eu junto deles.
- Sonhos nascem e se vão, sempre. Alguns são temporários, enquanto outros perduram. Já percebeu que eles mudam de vez em quando?
- Sim! Alguns somem e outros aparecem. Nunca dei muita importância, na verdade! Mas, o que isso tem a ver com a minha luz? - retornei a pergunta
- Uma coisa de cada vez. Primeiro vamos arrumar essa bagunça e cuidamos dos outros detalhes.
- Mais ninguém vai nos ajudar?
- Os outros estão muito ocupados em suas tarefas.
Dei de ombros, pois eu raramente recebo visitas e sei como todos nós aqui nesta terra estão sempre bem atarefados.
Então, eu e a Adulta Saudável fomos arrumando aquela bagunça que nem faço ideia de como foi parar lá. O Palácio dos Sonhos parece muito com um museu, com diversos quadros e outras “obras de arte”; todas separadas por suas próprias categorias, coisas simples como “Coisas para ler ou assistir”; “Músicas inspiradoras”; “Desejos de doce”... São tantas que nem dá para listar! Só que eu tenho as minhas favoritas e que sempre estão lá comigo quando eu preciso.
Demorou, mas nós duas finalmente concluímos tudo. Aquele trabalho foi bem revigorante, mas não o suficiente para restaurar o meu poder.
- Ficou ótimo! - ela comentou por fim
Concordei e acrescentei:
- Só que isso não fez a minha luz voltar.
- Ainda não fez, mas é uma parte do processo.
Ela pegou novamente na minha mão e me levou justamente ao meu local favorito dali, que é justamente a das Histórias Imaginadas. Uma pena que nunca conheci os personagens delas, pois eu soube que uma vez eles chegaram ao Vale dos Sentimentos… Num outro momento de crise e foi daquelas grandes!
- Por que viemos aqui? - indaguei a ela
- Agora eu vou te explicar a outra parte do que eu estava lhe devendo.
- Sobre os sonhos?
- Não só sobre os sonhos, mas sim sobre muitas coisas. - sentou-se no chão e eu fiz o mesmo - Você sabe por que a sua luz apagou?
- Não! Nem sei o que a mantinha acesa.
- Nossa luzes, tanto a minha quanto a sua, estão ligadas a como nos sentimos. Temos dias bons e dias ruins, eles fazem nossa luz brilhar mais, menos ou até apagar.
- Quer dizer que eu estou triste?
- Não é necessariamente tristeza, pode ser apenas algo que te aflige, preocupa e isso já se torna motivo suficiente.
- Não entendo! Eu só acordei na subconsciente. Não senti nada diferente!
- Ai que está o problema, às vezes nem percebemos.
- Então, o que aconteceu exatamente para eu sumir?
- Uma nuvem imensa cobriu todo o palácio dos sonhos. Uma tempestade que aconteceu só aqui e um furacão acabou te arrastando lá para baixo. A Determinação e eu que decidimos resgatar você!
- Determinação?
- Ela é um outro sentimento. Ela quem cuidou da outra crise.
- Acho que eu fico muito tempo isolada neste castelo. Não conheço ninguém!
- Ainda pode conhecer a todos. Mas, primeiro precisamos cuidar de você, Estrelinha! - olhou séria para mim - Aliás, você sabe que não é primeira vez que isto acontece né?
- Da sua luz apagar!
- Foi a primeira vez sim! Nunca aconteceu!
- Você só não se lembra, pois era muito pequena e sua luz ainda estava se desenvolvendo. Este Palácio era só uma casa grande ainda. Daquela vez, você mesma encontrou o caminho para se recuperar, buscando refúgio em outras coisas, descobrindo a sua própria força. Porém, até a maior força pode se tornar uma fraqueza!
Após falar isso, ela pediu que eu ficasse de costas para ela e continuou enquanto fazia carinho em mim e mexia no meu cabelo. Continuou:
- Eu sei este é o seu lugar favorito daqui! Pode falar para mim o que você mais gosta?
- Tem tantas coisas… Difícil definir uma só! - e sorri
- Eu te entendo! - respondeu - Fale a primeira que vier na sua cabeça. Qualquer uma!
- Gosto das tantas histórias que surgiram aqui. Nenhuma é igual a outra e cada uma é tão especial. Sempre fico muito feliz quando surge algo novo!
- Sua parte favorita são as histórias então?
- Sim e tudo o que as envolve. Sonhar e imaginar as cenas, os acontecimentos, viver tudo com os personagens…Ver tudo isso tomando vida! É a sala mais mágica daqui!
- Tenho que concordar com você!
Ficamos em silêncio por algum tempo, apenas contemplando aquele espaço e eu não deixava de ter mil coisas passando pelos meus pensamentos, especialmente do que ela disse sobre esta não ser a primeira vez que acontecia. Até que lembrei de uma coisa:
- Você disse que não é a primeira vez e sabe… Muito tempo atrás, esta sala surgiu. Fiquei curiosa e fui olhar e eu fiquei encantada com a história das três amigas que salvavam o mundo.
- Eu conheço elas. São As Super Agentes! E depois veio…
- O Mago Belo! - a interrompi
E fomos apontando cada um dos itens presentes naquela sala. Como Jimmy Wayn; O Diário da Escrava Amada - que essa é bem para adulto igual a ela -; Super Gata. São tantos, mas tantos, e é por isso que esta sala não tem fim!
- Outra coisa que eu sei… - disse, por fim - É que primeiro estas histórias estavam dentro de mim e depois que elas foram paras as paredes. Poderia passar horas e mais horas falando sobre cada um deles!
Nesse momento, senti uma coisa quente no meu peito. Eu conhecia aquele calor e logo após ele, a luz que eu senti tanta falta retornou!
- Minha luz voltou! - exclamei, virando-me e dando um abraço apertado nela
- Sabia que ia conseguir!
Assim que a luz surgiu novamente, todo o ambiente e o resto do Palácio se reacendeu nas suas cores habituais, ficando do jeito que tinha que ser. Mesmo dando certo, ainda não entendia muitas coisa e esperava que a mais velha me desse as respostas que necessitava.
- Como isso foi possível?
- Outra coisa sobre os sonhos e desejos é que precisamos alimentá-los para que continuem vivos. Um sonho ou desejo não alimentado acaba sumindo. E para isto devemos sempre nos fiéis a nossa Essência, pois ela é nosso combustível.
- Essência? Vai me dizer que é outro sentimento?
- Não! - ela riu - Desta vez não! Quando digo essência é aquilo que faz você ser você! Só existe uma Pequena Estrela e o poder dela é criar sonhos e de contar histórias, com mundos e personagens diversos. Algumas vezes estamos tão absortos com outras coisas que nos esquecemos de algo que é tão simples e nos faz ser nós mesmos, uma coisa que nos completa.
- Gosto muito da minha essência. E qual é a sua, Adulta?
- A minha? É complicado de explicar! Basicamente, é entender os outros sentimentos, de onde surgem e acolhê-los, pois há horas em que vêm todos ao mesmo tempo. Para não ficar uma bagunça na sala de controle quando acontece algo intenso.
- Por isso que você foi me ajudar?
- Sim, é a minha essência. Buscar as bases e colocar tudo no seu lugar. Ah, e ser livre, espontânea… Assim como você também é! - sorriu
- Obrigada por sua ajuda!
- Não foi nada! Vamos lá para frente, logo a Determinação aparece.
Caminhamos pelo Palácio até a entrada e eu fiquei feliz de ver tudo restaurando e lindo como sempre foi.
E bem como a Adulta Saudável falou, lá estava a tal Determinação esperando por nós! O rosto das duas era igualzinho, mas a outra parecia uma maga, usando uma capa colorida e um cajado. Ela falou assim que nos viu:
- Vejo que resolveram tudo por aqui.
- A Estrelinha é muito poderosa, sabia que ela ia conseguir. - respondeu a adulta - Como estão as coisas na sala de controle?
- Estão se ajustando. A Consciência está em reunião com os outros. - e finalmente a Determinação se voltou para mim - E você é a Pequena Estrela?
- Sou eu mesma! É um prazer, Determinação!
- A Adulta Saudável cuidou bem de você?
- Sim! Ela foi muito legal e paciente comigo, mesmo comigo perguntando tudo.
As duas riram, alegres com o meu comentário. A Determinação falou com a outra:
- Bem, agora que tudo está resolvido por aqui, temos que retornar.
- Tudo bem! Posso só me despedir dela?
- Claro! Vou indo na frente, te encontro no trajeto.
Determinação se despediu de mim e partiu. A Adulta se abaixou na minha frente e foi dar seu tchau também.
- Preciso ir, Estrelinha. Você vai ficar bem?
- Vou sim, pode deixar!
Ela me deu um abraço e senti vontade de chorar. Conhecida há pouco tempo, mas se tornou especial. Antes que ela fosse mesmo, quis fazer uma última pergunta:
- Eu vou te ver de novo?
- Claro! Sempre que você quiser! Os outros vão querer te conhecer. - sorriu - Só nunca se esqueça da sua Essência, ela é a coisa importante e poderosa que você tem.
Assim, ela seguiu o seu caminho e eu voltei a ficar sozinha no meu Palácio dos Sonhos.

***

É o período da regência da Insconciência, que é uma das duas rainhas daqui. Ou seja, agora é noite.
Estamos todos - os habitantes do Vale dos Sentimentos - reunidos em torno de uma fogueira para comemorar que toda a outra crise foi resolvida. É a primeira vez que eu participo!
A Adulta Saudável ainda me visita sempre que pode no Palácio e lá passeamos, comemos lanchinhos e fazemos outras atividades divertidas. Ela quem me convidou para a festividade.
Cada sentimento que tem vontade pode falar lá na frente e se apresentar. Bem quem eu queria ter escolhido se ia fazer isto ou não. Eu fui praticamente intimada pelas duas mais velhas para falar lá na frente.
Até aquela altura do evento, eu já estava saturada de ter conversado com tantos sentimentos, já que todos me conheceram naquele momento. E agora, eu tenho que falar na frente de todos… Nem sei o que vou inventar para entretê-los!
Estou novamente no meu devaneio, até que tomo um susto quando ouço a Insconciência falar:
- Agora é a vez da Pequena Estrela. Vamos ver o que de brilhante ela tem para nos trazer hoje!
Só fica um silêncio terrível e eu vou à frente. Respiro fundo e reflito por alguns segundos sobre o que falarei e começo:
- Boa noite a todos os habitantes do Vale dos Sentimentos presentes! Já falaram meu nome, mas eu sou a Pequena Estrela e eu moro no Palácio dos Sonhos, que guarda todos os sonhos, desejos, vontades e outras coisas imaginativas. Eu cuido de todas elas lá! São tantas coisas que tem que de vez em quando eu até me perco de vez em quando. - alguns deram uma risada leve achando engraçado, então continuei - A parte que eu mais gosto é justamente é a das Histórias e eu adoro contá-las. E quero contar uma para vocês hoje. Posso?
- Sim! - responderam em uníssono
- Ótimo! Esta é a história sobre como eu conheci a minha amiga Adulta Saudável e ela me ajudou a recuperar o brilho que eu perdi.
E fiquei alguns longos minutos contando sobre como foi aquele dia, sobre como eu recuperei meus poderes e as tantas outras coisas que aprendi. Enquanto contava, sentia meu coração aquecido e o fogo da fogueira ficou até fraco se comparada com a minha luz. Observei a minha amiga e ela me sorriu, ouvindo a história que já conhecia encantada!
Todos me escutavam atentamente, concentrados nas palavras que saíam da minha boca.
No final, falei sobre a moral que aprendi naquele dia:
- Eu aprendi sobre a minha essência, o meu poder, que é o que faz o meu brilho estar presente e é justamente por gostar contar histórias e sonhar. E não me esquecer da sua importância! Pois existem tempos difíceis e mesmo que eles queiram sugar a nossa energia, devemos lembrar que é ela que nos faz ser quem somos e que não existe nenhum igual a nós… Em lugar nenhum!
Agradeci e houve um alvoroço acompanhado de aplausos.
O resto do evento correu tranquilo e logo a Adulta me acompanhou de volta ao Palácio dos Sonhos.
Assim que entramos, uma luz forte vinha do cômodo das histórias. Eu sabia exatamente o que era aquilo!
Corri para lá, sendo seguida pela mais velha, que não entendia nada do que ocorria.
Parei diante do novo quadro que surgiu na parede e sorri, pois as cenas que acabara de contar diante da fogueira estavam estampadas ali, passando como um filme na televisão. Minha amiga fez uma pergunta:
- O que é isso, Estrelinha?
- Uma história nova acabou de nascer!

FIM
 

sábado, 29 de novembro de 2025

Boletim de Anelândia: #41 - A autora de Maratona (sobre maratonas de escrita e NaNoWriMo)


 
 
Olá, pessoas! Boas-vindas a mais uma edição do Boletim de Anelândia. 
Aproveitando que estamos no mês de Novembro, resolvi que o assunto de hoje vai ser sobre as tantas vezes que eu invento nessa minha vida de autora.  Como se eu já não o fizesse o suficiente né? 
Como vocês leram no título, não é nada tão mirabolante... É só escrita né? 
Enfim, quero contar para vocês minhas experiências como autora de maratona de vez em quando. 
Segurem na minha mãozinha e vamos! 

Como eu descobri o NaNoWriMo e outras maratonas 

Uma coisa que eu nunca fui foi uma autora que escrevesse muito. Nos meus primórdios sempre tive um problema com a minha frequência e quantidade de escrita. Lá por 2013, quando comecei o DEA e a publicar outras histórias minhas por aí, acabava que eu sofria e muito com falta de atualização. Com certeza perdi muito leitores porque eu demorava alguns meses para postar capítulos novos. 
Como passei a ser mais cronicamente online e ficar mais inclusa nesse mundo de escritores e de postar as histórias na internet. Lá por 2017, quando eu estava para terminar a segunda faculdade e nas vésperas de ter que fazer um TCC – que foi sobre autores de fanfics – que eu descobri o NaNoWriMo. O que agora é só um finado mesmo! 
Em resumo, o NaNo era uma maratona de escrita que acontecia no mês de Novembro e a ideia era escrever 50 mil palavras de alguma história (geralmente nova) durante aquele mês. Eu achei que seria uma ótima oportunidade para poder finalmente escrever num ritmo mais rápido, como uma forma de me desafiar. E desde então, nos meses de Novembro e até fora dele, resolvi fazer essas pequenas maratonas de escrita para poder dar um gás que meus livros merecem! 
Desde 2017, pulando alguns poucos anos, sempre fiz questão de participar, mesmo que o evento “oficial” tenha morrido, a ideia permanece.
 

Muitas vezes já fiz maratona 

Só para constar, vou deixar uma lista de quais histórias eu resolvi escrever em cada um dos anos... Contando inclusive os que não participei. (De 2017 a 2025.) 

Segue a lista: 
  • 2017 – DEA e TCC (sim, eu sou louca!); 
  • 2018 – DEA e JV3; 
  • 2019 – ASA2 (antigo) e JV3; 
  • 2020 - ASA 1 (Novo) e Contemporânea Erótica; 
  • 2021 – Maratona em Maio: Contemporânea Erótica e  ASA 1 (Novo);  NaNo: ASA 1, Calliope, Conto 1 do 12 Meses com Minorin; 
  • 2022 - Não fiz, tava em projeto de ano inteiro haha; 
  • 2023 - Não teve e não aconteceu; 
  • 2024 - Crônica de Aniversário, Destinos Florescentes, JV4, ASA Zero; 
  • 2025 - Não fiz. 

Pois é, acho que dá para perceber que eu não sou mesmo uma autora que escreve uma coisa só. Todas as vezes que inventei de participar foi porque eu tinha mais de um projeto para poder adiantar. Minha ideia com as maratonas era poder realmente escrever um pouco mais e impor um ritmo de escrita, mesmo que por um curto período. 
Em todos os anos foi uma loucura, mas ainda assim foi muito gratificante. Sempre me sinto bastante desafiada e também adoro adotar compromissos comigo mesmo dessa maneira. 
Em alguns anos, cheguei até a colocar um mínimo de 500 ou 600 palavras diárias, para eu ter pelo menos uma meta mínima. Nos primeiros anos até que me ajudou bastante, porém depois fui percebendo que ele era um limitador terrível, porque eu me forçava a escrever para chegar nesse mínimo. No ano passado, por exemplo, não estipulei nenhuma meta diária, apenas escrevia o que achava que estava bom para aquele dia. O resultado: a meta diária foi bem maior! 
Nunca cheguei às 50 mil palavras do desafio, mas a cada ano a quantidade de palavras total foi aumentando. Uma pena que os registros do site oficial do NaNo sumiram, só tenho os que eu coloquei em redes sociais. Mas, fui evoluindo de pouco mais de 15 mil no primeiro ano para mais de 30 mil no último. (Se minhas contas não estiverem erradas!) 
Teve um mês por fora em 2021 – no meio da pandemia – em que resolvi fazer uma maratona independente e também deu super certo! 
Isso sem contar que o ano que não teve maratona em Novembro, mas que teve no ano todo, que foi em 2022. Cada mês era uma autora se descabelando e espremendo ideias, contudo saindo feliz no final de tudo. 
Alguns livros como o DEA e o JV3 e acabei terminando durante essa maluquice de escrever todos os dias um pouco! 
Uma pena que neste ano não consegui por falta de organização e outros planejamentos mesmo. Não estou triste de não conseguir, só sentindo falta mesmo! 
Eu era tão focada na meta que até no restaurante já escrevi. (Deve ser 2017 essa foto!)
 
Fotinha de 2019 do caderno do JV3!

A vantagem da maratona de escrita 

Agora que vem a parte mais reflexiva e em que eu coloco algumas dicas para autores que querem entrar numa maratona de escrita. 
Cheguei a comentar sobre isso em um dos “Dicas para Escrever” no meu blog, quando eu fiz a Maratona de Escrita num mês de Maio qualquer. Vou deixar o link para quem quiser conferir, pois ele realmente oferece um passo a passo e algumas dicas boas para quem está perdido. 
E para quem deve estar se perguntando: Será que vale a pena fazer uma Maratona de Escrita para eu poder escrever meus livros? 
E eu respondo: É sempre bom se desafiar como autor! 
Eu usei a maratona como um método para eu poder finalmente escrever histórias que estavam há muito paradas, precisando de um carinho e um talento. Porque o meu ritmo de escrita, mesmo que tenha melhorado muito de uns anos para cá, ainda é bem aquém do que eu acho que deveria ser. Ainda mais para uma pessoa que quer viver de vender livros né? 
Apesar do meu lema, na maior parte das vezes, ser “Devagar e Sempre”, existem momentos em que o devagar acaba por incomodar. Então, a gente tem que dar uma acelerada porque tem livro que funciona igual a carro. (Qualquer dia eu explico essa teoria maluca minha!) 
É como acabo sempre dizendo: Depende muito do que você quer fazer! 
Se seu ritmo de escrita é bom, talvez o desafio seja para você finalmente começar um novo projeto e quem sabe até conseguir terminá-lo.  
Se é um ritmo de escrita lento, talvez o desafio funcione para finalmente colocar em prática todos os planejamentos para a história. 
Pode ser um projeto só, dois ou três projetos. É um desafio pessoal seu! 
Todas as vezes em que eu inventei de fazer isso acabei ficando bem cansada, porém fiquei muito satisfeita com o resultado. Por alguns dias, acaba se tornando o foco numa produção em constância e em quantidade. Quanto mais melhor! 
Claro que, depois é necessário dar uma revisada e lapidar aquilo que foi escrito. Porque a qualidade também importa!
Um meme para descontrair!

Bem, pessoal, é isto! 
Espero que tenham gostado da edição do Boletim de Anelândia de hoje. 
Nos vemos na próxima!

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Mensagem - 12 Meses com Minorin - 13º Conto Especial


"Sua voz, antes um pequeno fragmento, 
se transforma em palavras e se transforma em uma canção.
Seus sentimentos são uma melodia. 
Dê-me isso, cada vez mais. Seja feliz. 
O presente que você deseja brilha com felicidade. 
Acredite que na luz está o caminho para o amanhã".

(Contact 13th - Minori Chihara)

***

Imagino que todas as pessoas tenham algum cantor ou artista favorito e eu tenho também.
Ainda me lembro quando a conheci! Porque naquele ano tinha descoberto muitas coisas naquele ano e ela estava dentre elas.
Num primeiro momento, acabou por ficar num cantinho, apenas fazendo parte de tantas outras coisas que preenchiam meus dias como qualquer adolescente que gostava de ouvir música.
Não me recordo em que momento a chave virou e sua voz e suas letras se tornaram tão presentes na minha vida! Acredito que foi em algum momento do meu começo de vida adulta.
O nome dela? Minori Chihara ou só Minorin, para os íntimos!
É difícil mensurar como ela é realmente é uma inspiração para mim, não só pelas músicas, mas até como pessoa. Já são tantos anos na companhia dela que realmente fica bastante complicado de explicar.
Para pessoas mais pragmáticas, talvez isso não faça o mínimo de sentido. Como assim você gosta e admira uma pessoa que praticamente vive do outro lado do mundo, alguém que nunca vai sequer saber quem é você é? E ainda por cima, canta músicas num idioma totalmente diferente do seu? (Juro que ouvi até coisas muito piores sobre isso!)
Acho que só quem é fã realmente é capaz de entender esse sentimento! E como somos julgados por ser assim né?
Só consigo sentir pena de quem não vive isso, não se abre para essa sensação. Ser fã das coisas é tão gostoso, tão legal!
A Minorin esteve realmente presente em diversos momentos da minha vida, desde o finalzinho na minha adolescência até agora. Suas músicas foram o pano de fundo de diversos acontecimentos e cada um dos lançamentos que eu acompanhei e que tenho como lembranças que fazem parte da minha vida também. Principalmente nos momentos em que escrevia as tantas histórias que minha cabeça inventa!
A quantidade de coisas que nós temos em comum, como a altura, o tipo sanguíneo, o mês de Novembro, o ano de 2004, o girassol e até a personalidade meio introspectiva.
Nossa altura é quase igual, eu tenho 1,58m e ela 1,57m; Fazemos aniversário com dias de diferença: Ela dia 18 e eu no dia 30; Nosso tipo sanguíneo é o mesmo: B; O ano que começamos a carreira foi o mesmo: 2004, ela com a música e eu com a escrita; A flor da minha editora é a mesma dela: o girassol. Isso só para ter uma ideia mesmo!
O quanto eu a admiro como pessoa, principalmente após um boato envolvendo seu nome e quando ela foi se retratar poucas horas depois sobre.
Seu trabalho como dubladora e principalmente como cantora. A Minorin é realmente um Raio de Sol (porque em inglês é “sunshine”)!
Tantos anos acompanhando, até que no ano de 2021 veio um baque: O anúncio que ela ia entrar de hiato musical por tempo indeterminado. Com um último álbum - mini-álbum na verdade - e um último show, que deixou a mim e outros fãs devastados!
(Brazil, i’m devasted!)
Eu não conseguia pensar em um mundo sem músicas novas da Minori Chihara, mas eu tinha que lidar com isso, né?
Este foi o pontapé que eu precisava para finalmente colocar uma ideia que já fazia mais um ano que eu amadureci na minha cabeça. Um projeto de contos, inspirados nas diversas músicas dela, durante um ano inteiro. Foi assim que nasceu o 12 Meses com Minorin. Ainda naquele ano, justamente no mês de Novembro, comecei a escrever o primeiro conto do projeto.
O projeto ocorreu durante todo o ano de 2022, com apenas caos e uma autora louca que passava os dias escrevendo inspiradas em músicas e referências da Minorin. Foi algo que me fez muito feliz como fã dela e também como escritora. Senti-me muito desafiada tendo que escrever um conto em cada mês daquele ano.
Encerei o projeto no comecinho de 2023 e poucos meses depois acabei tendo um burnout daqueles e que me fez repensar diversas coisas na minha vida… Afetando e muito o meu processo de escrita! Passei praticamente o ano inteiro de 2023 sem escrever direito!
O pior é que isso acabou me recordando justamente das razões da Minorin ter parado de cantar… Ela não via mais sentido naquilo! Precisou parar para poder se reencontrar!
Ironicamente, foi exatamente o que eu fiz nesse período que citei acima.
Às vezes, é preciso se perder para poder se reencontrar. E nós duas tivemos que fazer isso!
Parar e observar o que vale a pena e o que faz sentido para nós, para as nossas vidas, entender quais são os nossos objetivos, vontades e propósitos.
Naquela época, eu senti que uma parte de mim foi tirada. Porque eu sou escritora e sem ela, minhas histórias e meus personagens… Parece que eu não sou eu!
As palavras que eu escrevo são a minha voz e eu acabei por perdê-la, perdendo todo o sentido que muitas coisas têm para mim!
Imagino que com a Minori - não posso afirmar, pois não vivo na cabeça dela - foi uma coisa bastante parecida. Tanto que, lá na metade de 2023, ela disse que ia voltar a cantar, mas sem músicas novas. O que já era um começo!
Eu fui me reencontrar com a escrita só no final de 2023 e no começo de 2024. Uma pena que algumas histórias minhas acabaram por sofrer com tudo isso!
Sempre um dia de cada vez, um capítulo de cada vez. Porém, acabei por encontrar novamente o meu lado escritora e me sinto completa outra vez!
Anelise não é a Anelise se não estiver escrevendo ou pensando em algum livro; se não estiver pensando em algo relacionado às filhas mais velhas: As Super Agentes.
Assim como, a Minorin não se via sem ser cantora, tanto que houve novamente a vontade de continuar cantando…
E qual não foi a minha supresa quando em Março deste ano elas simplesmente lançou uma música do absoluto nada. O nome dela? O mesmo nome deste conto (só que eu escrevi em português): Message.
Eu vivia novamente em um mundo em que se havia uma música nova da Minori Chihara. Ainda lembro que eu chorei ao ouvir a música nova, mesmo sem entender muito da letra ainda, mas existem horas em que a música realmente transcende a barreira do idioma.
A letra de Message foi capaz de traduzir tudo o que senti quando não conseguia escrever; tudo o que eu sinto quando quero compartilhar o que está dentro de mim com o mundo quando conto minhas histórias. De querer falar, de usar essa voz, mas ter tanto medo e mesmo assim, respirar fundo, acreditar em si mesmo e sempre seguir em frente.
Uma busca pela perfeição e uma aprovação que acaba por corroer e nos destruir por dentro… Quando tudo o que eu mais quero é ser fiel e autêntica a pessoa que mais importa: eu mesma!
Ironicamente, essa é a mensagem do conto que eu escrevi em Dezembro de 2022 e tanto a minha inspiração quanto eu mesma acabamos por passar por uma situação assim.
É difícil reencontrar o sentido e ainda mais a magia em algo que nós gostamos tanto de fazer, seja cantar ou escrever!
Manter a nossa própria essência sobre nós mesmos! E que essa nossa essência acabe por alcançar a de outras pessoas e ela se conectar conosco.
Foram muitas reflexões que essa música me despertou e sempre que eu a escuto, o trecho “Be Free, Be the Only one” me toca de uma forma que nem sei descrever!
A ideia para este texto, um 13º Conto, uma homenagem, está comigo desde quando eu terminei o 12 Meses com Minorin lá em 2023. Só que acabou que eu nunca levei muito para frente, por todas as razões que expliquei acima, acabei por nunca escrevê-lo… Até o momento em que a voz da Minorin em Message passou pelos meus ouvidos e pela minha alma e eu notei que era finalmente a hora.
Não a hora de encerrar o projeto, porque ainda quero fazer algumas coisas relacionadas a ela, como os contos que existem; e nem sei se devo inventar de escrever mais 12 contos inspirados nas músicas da Minorin.
Contudo, era a hora em que devia escrever essa Mensagem, essa homenagem a Minorin e até a mim mesma.
Em muitos trechos daqueles 12 contos, prestei homenagens e honras a ela, na maioria das vezes sendo até referências mesmo (e são tantas que eu tenho que voltar para relembrar todas!). Só que teve uma outra pessoa a quem eu honrei em todo este projeto: a Anelise autora.
Em alguns momentos durante os contos, eu me perguntei se eu deveria continuar, pois eu tinha a sensação que não tinha ninguém me olhando ou sequer lendo todas aquelas palavras carregadas de tanto amor que eu escrevi.
Só continuei por mim mesma, porque era o que eu queria!
Pode até soar um pouco egoísta da minha parte, só que existem momentos em que só isso mesmo importa! Ainda mais quando você passa anos sem lançar coisa nova e o imediatismo e consumismo acaba te atropelando e te deixando para trás.
Essa Mensagem é também para aquelas poucas pessoas que, mesmo com todas as dificuldades, nunca deixaram de acreditar em mim. Nunca deixaram de ler as coisas que escrevo, que estão aqui sempre me incentivando e escutando as minhas palavras.
Todas as pessoas que em algum momento se interessaram nas tantas histórias que eu tenho para contar; com quem recebeu um autógrafo meu; tirou uma foto comigo.
Obrigada por acreditarem nessa escritora que é muito sonhadora!
Nessa escritora que é um pouco surtada de vez em quando, mas que carrega um enorme amor por tudo o que ela criou!
Espero que tenham sempre ao meu lado, assim como uma das minhas grandes inspirações - a Minorin - também está sempre comigo!

***

"Mas a verdade é que eu sei. 
Só eu posso me mover. 
A resposta está bem aqui. 
Vamos lá, preciso seguir em frente. 
Ser livre, ser a única. 
(...)
Não importa quanta dor você esteja sentindo,
espero que você finalmente possa descansar.
Não quero me perder, não quero cometer erros.
Há dias em que penso assim.
Cada vez que me perco, cada vez que cometo um erro,
encontro uma nova perspectiva".

(Message - Minori Chihara)
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