Obs:
Essa história é infantil! Não estranhem se estiver simples ou bobo
demais.
Obs 2: As partes em itálico são da história que a tia lê,
ou seja, A fada e o vampiro.
–Tiia
- pega cobertor e ursinho - Conta uma “histolia” pra mim? - fala
deitando e se enrolando com o dedão na boca.
–Qual
história você quer?
–Da
fadinha e do “vampilo” .
–Hum...
Deixa eu pegar o livro! - Pega o livro e volta ao lado da cama.
Abre
e começa a ler...
Era
uma vez... Em um reino distante, havia um rei muito malvado, que
cuidava muito mal de seu povo. Os deixava mortos de fome e cobrava os
maiores impostos imagináveis.
A
menina abraça o elefante e a observa com atenção.
–Não
gosto desse "lei"! Vou bate nele com ajuda da fadinha! -
falou empolgada
Apenas
se importava com si, raramente ouvia os problemas dos outros, mas
quando ele queria, tinha que ser ouvido e dado a maior atenção.
O
povo e boa parte da corte não aguentava mais os caprichos do rei.
Rezavam para que algo acontecesse e ele pudesse melhorar e se
redimir. E as suas preces foram atendidas...
–Quando
“apalece” a fadinha? - apertou o elefante ainda com o dedo na
boca
–Agora,
calma!
Um
dia, uma mulher muito bonita chegou ao reino. Ela tinha uma presença
quase que mágica e hipnotizante.
O
rei, interesseiro, encantou-se pela beleza dela. Só que ele não
sabia que aquela mulher tinha mais poderes do que imaginava.
Ela
era uma fada. Estava transformada em sua forma humana para poder
ajudar aquele lugar.
–Ela
casa com o “vampilo” né?
–Veremos!
Não adiante a história.
–Tá
bom...
O
rei convidou-a para jantar. Ela aceitou. Durante a noite, desfrutaram
da presença um do outro.
A
fada percebeu o comportamento do rei, como ele tratara todos ao seu
redor, muito mal. Sempre gritando e dando ordens. E com ela... Bem...
Um cortês!
–E
ela dormiu com ele? Eca! - fez carinha de nojo - E o que é um
cortês?
–Não!
A fada não é dessas coisas!... Cortês? Uma pessoa que fala bem e
te trata do mesmo jeito.
–Você
é cortês tia!
–Acho
que não! - falou rindo - Posso continuar?
–Sim!
Então,
eles conversavam na sacada do castelo. A fada resolveu perguntar:
–Majestade,
eu percebi que me trata tão bem, diferente de seus criados. Por quê?
–Ora,
eles são meus servos. Não merecem receber minha educação.
A
fada fez uma careta e prosseguiu:
–Eles
são pessoas como você. Não é que você seja o rei que pode sair
por ai pisando nos outros.
O
rei, sentiu-se atingido e vociferou.
–Vociferou?
–Ele
gritou, mostrou a sua voz de poder.
–Como
é? Quem pensa que é, para chegar aqui e dizer essas coisas? Ainda
mais de mim.
–Ora,
aonde está a educação com a qual me tratou até agora?
–Achei
que fosse digna, mas não é. A senhorita tem uma língua maior que a
boca e fica dizendo coisas sobre os outros.
–Eu
apenas disse a verdade, Majestade. E irritou-se com isso, é porque
realmente é.
–Não
me venha com essas suas asneiras e julgamentos. - O rei olhou fundo
nos olhos da fada - Retire-se do meu reino ou eu mandarei cortar sua
cabeça. O seu belo rosto me enganou!
–E
a fada? Ela se mostrou pra ele?
A
fada, sem nada dizer, apenas se transformou, não mudando de tamanho.
Suas asas se revelaram. O rei, gaguejando, falou:
–O...
O quê... é você?
–Sou
uma fada, Majestade. - respondeu, colocando a mão em seu queixo - E
vim aqui para fazer mudar. Não pode ficar tratando ninguém dessa
forma.
–E
o que fará comigo?
–Infelizmente...
Terei que te amaldiçoar. Transformar-te-ei em um ser imortal que se
alimenta de sangue.
O
rei sabia muito bem o que era, questionou apenas para sua certeza.
–Um
Vampiro? Serei um vampiro?
–Exatamente,
majestade. E só quando se tornar um homem melhor, que não maltrate
e nem rebaixe outrem, será liberto desta maldição.
–Mais
alguma coisa? - sentia-se o medo em sua voz
–Não!
Contudo, caso precise de algo, pode me chamar. Estarei ao seu dispor.
Afinal, quanto mais rápido mudar... Melhor para nós dois!
–Tudo
bem... Estou pronto!
–E...?
A
fada, então, sacudiu a sua varinha e saíram alguns brilhos dela.
Estes rodearam o rei e realizaram uma metamorfose. Ele mudara, mais
por dentro do que por fora.
–Acabou?
–Já!
Agora és um vampiro!
–Não
me sinto nem diferente e nem estranho.
–Sem
dúvidas começa a notar isso amanhã de manhã. Com sua licença,
preciso ir.
Respeitosamente,
curvou-se diante dele. Diminuiu de tamanho e saiu voando. O rei viu-a
afastar-se.
–Ai
amanheceu e ele morreu! Eee - jogou o elefante pra cima e o agarrou
quando ele caiu - Obrigada tia!
–Nada
disso! Faltam algumas páginas.
Então,
ele se deitou. O dia seguinte chegou. Espreguiçou-se na cama e
dirigiu-se para o lado de fora, a fim de aproveitar o sol da manhã.
Nada
aconteceria se fosse normal, porém sentiu o seu corpo queimar.
Correu para dentro, sentindo um alívio. Lembrou-se das restrições
dos vampiros e o Sol era uma delas.
–Vai
ser complicado viver assim.
A
comida do rei chegou em seguida. Ele comeu, contudo não se sentiu
satisfeito. Parecia que ele não havia se alimentado.
–Fada!
Fada!
–Diga,
Majestade. - disse aparecendo a sua frente.
–Estou
com fome, mesmo depois de ter comido.
–Mas
é muito bobo! Esqueceu que tem que beber sangue pra ficar
alimentado.
–Homens!
- gargalhou
–Ora,
esqueceu-se que se alimenta de sangue. Precisa apenas disso. Comida
normal entrará em seu corpo e não terá diferença.
–E
onde vou arrumar sangue?
–Que
tal em pessoas ou animais?-comentou a menina
–Tu
és o monarca, te vira, querido. Pode ser de gente, de animal. Só
não venha ficar de matança.
–Criadoooooo!
- chamou em um berro, o servo veio correndo
–”Te
vira, querido?” - disse rindo
–Esta
fada é engraçada!
–Servo,
quero que me traga carne, bastante e sangrando, pois estou com fome.
O
criado olhou-o estranho e nem podia questionar, apenas atendeu a
ordem.
E
assim vários dias se passaram e o rei se alimentava de sangue e
começaram a ter que matar os animais para isso. E mais um motivo
para os outros sentirem mais raiva dele.
O
rei começou a ver o seu reinado sucumbir. Houve uma revolução que
o retirou do poder. O antes rei ficou sem rumo, perdido em um lugar
próximo. Então, clamou pela fada novamente. Ela o atendeu.
–Diga,
ex-majestade? O que te atormentas?
–Não
seja irônica. Eu não sei o que fazer e estou com fome e... Logo vai
amanhecer.
–Hum...
- olhou ao redor e avistou um casebre – Por que não pede ajuda
ali?
Ele
seguiu o conselho da fada, que o seguiu até a porta. Bateu e um
velho senhor o atendeu e o recebeu muito bem. Deu-lhe comida e
abrigo.
–Está
melhor, meu filho? -perguntou o senhor
–Sim.
Obrigado!
–Quer
comer mais alguma coisa?
–Na
verdade... Comida não me satisfaz.... Serei sincero com você, eu
sou um vampiro! Bem, fui transformado em um.
O
velho fez uma expressão de surpresa e logo comentou:
–Ora...
Não sei o que dizer. Posso te arrumar um pouco de sangue dos meus
animais apenas amanhã.
O
ex-rei sorriu.
–Eu
posso esperar. Obrigado de novo!
A
fada observara toda a cena e se encheu de alegria ao ver como ele
conversava com o outro homem.
Assim,
passou-se mais um tempo. Ele morava com o velho e lhe ajudava em
algumas coisas, pelo menos dentro do casebre. E pouco depois, o velho
adoeceu e faleceu. Deixou seu casebre e sua fazenda a aquele que se
tornara seu amigo e se alimentava de sangue. A ex-majestade ficou
triste com a morte dele e decidiu que continuaria a cuidar do lugar,
em honra a ele, que acolheu um completo estranho. A fada agora fazia
companhia ao antigo rei, auxiliando nos serviços do lado de fora.
Havia
um vilarejo próximo daquela fazenda e a noite, o antigo rei saia
para tomar um ar e se divertia muito com as pessoas da cidade e as
ajudava em qualquer coisa. A fada via tudo isso!
Percebeu
que ele mudara e de verdade... Aquilo custou-lhe a sua posição.
Além de ser bondoso, aprendeu a ser humilde. Ela teria que reverter
a maldição dele. Uma tarde, chamou-o:
–Diga,
fada! - Ele falou sentando-se
–Bem...
Eu vi a mudança em você. Significa que a sua maldição... Bem, eu
tenho que acabar com ela.
–Quer
dizer que serei normal?
–É
e voltará a ser mortal também.
–Mas...
Eu não quero isso!
–Como
é?
–É...
Quero passar a eternidade do lado daquela que mudou a minha vida com
um passe de mágica.
O
homem se apaixonou secretamente pela fada depois que perdeu o reino e
decidiu que viveria com ela. A fada... Bem... Ao ver o que ele se
tronara, também passou a amá-lo.
–Comigo?
- falou meio desacreditada
–Sim!
Você, DONA FADA!
–Mas...
Vai querer continuar vampiro?
–Se
assim puder ficar ao seu lado... Sim!
A
fada não evitou das lágrimas se formarem em seus olhos. Isso não
costuma acontecer, só quando a situação é sentimental demais.
Porém, a ex-majestade não precisaria ficar bebendo sangue para
sempre.
–Você
pode se tornar uma fada que nem eu!
–Achei
que só existissem fadas mulheres.
–Existem
as machos também. - respondeu sorrindo
–E
o que eu preciso fazer?
–Um
treinamento e um teste, aí receberá seus poderes.
–Então,
passarei por tudo isso. Por você, por nós.
Sorrisos
se formaram no rosto de ambos e aconteceu o primeiro beijo deles.
No
dia seguinte, a fada chamou um superior do mundo das fadas e explicou
a situação. O ex-rei começou seus treinamentos e em alguns meses
estava preparado para o teste. E ao fazê-lo, passou. Ganhou suas
asas e seus poderes. Deixou de ser um vampiro e virou uma fada.
A
primeira coisa que fez como fada? COMER!
–Aí...
É tão bom sentir-se satisfeito com comida.
–Sei
que estava com saudade disso. - disse sua amada rindo
Alguns
dias depois, a fada e “o fado” se casaram.
E
viveram a eternidade juntos, ajudando alguns a se tornarem melhores,
assim como aconteceu quando se conheceram.
Ao
terminar a leitura, a menina já estava quase dormindo. Apenas
agradeceu a tia pela história.
A
tia deu-lhe um beijo de boa noite, guardou o livro e saiu do quarto.
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