quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Degustação: As Aventuras de Jimmy Wayn - Reviravolta na Família


 As Aventuras de Jimmy Wayn

Reviravolta na Família

 

Prólogo


Aqui é o Jimmy outra vez!
Passei por toda aquela preocupação por causa da Samira. Deu um rolo, uma confusão. Até briguei no colégio. Ganhei o prêmio de ficar em casa. Mas, agora está tudo bem, tudo voltou ao seu normal. Continuo estudando, zoando com a Manada, tocando na banda. E eu e minha namorada? Nunca estivemos melhor! Tão bem que até escrevi uma música para ela, num momento de inspiração: O Soldado e a Deusa. E esta se tornou a segunda música da Riot of Hell.
A banda, depois do show no colégio, está começando a crescer. Já fizemos alguns testes e em breve, quem sabe não lançamos nosso single? Fizemos alguns show em pequenos bares e casas de show. Quem assistiu, aplaudiu bastante. É tão bom quando o nosso trabalho é reconhecido!
Falando em trabalho…
Tiramos um lindo — e mais do que merecido — dez no trabalho de caracterização. Samira gostou tanto daquele vestido que disse que usaria na próxima festa à fantasia que aparecesse e Isabelle concordou com ela. Ela e Píter continuam bem, ainda mais depois do “mêsversário” caliente. Freire e Adriano estão na mesma: encalhados. E Ique nem quer saber de garotas por um tempo, a ex dele lhe deu muita dor de cabeça.
Mas tem duas pessoas da minha família que estão bobas de apaixonadas: Minha mãe e Jin. Meu irmão finalmente se declarou para a menina da sala dele e ela nem pensou duas vezes ao aceitar o pedido de namoro. Minha mãe, depois de anos, resolveu recomeçar a vida amorosa. Essa semana irá apresentar o namorado dela para a gente.
E nós, os filhos, esperamos que seja um cara legal e que ele goste de adolescentes.


Capítulo 1 – O namorado da mamãe

Hoje é sexta-feira. Tão feliz! Hoje também vamos conhecer o namorado da minha mãe. Eu e meus irmãos estamos ansiosos, afinal ele pode ser nosso futuro padrasto. Mamãe organizou um jantar especialmente para apresentá-lo. E o prato será o preferido dele, o que não muda nada, pois eu não sei qual é!
Tive aula normalmente hoje, os trabalhos de grupo deram uma parada. E, como sempre, após o colégio , ocorreu o ensaio da Riot of Hell. Estamos nos preparando para mais um teste e desta vez é tão importante que estamos com mais de um mês de antecedência. Começamos o ensaio puxando para o lado do rock, com Samira no vocal (e meus dedos sangrando). E ela quis começar logo com Trickster da Nana Mizuki. Não sei o que dá na Samira, mas quando ela canta essa música… Fica de um jeito que… Caramba! Eu enlouqueço (E tenho altas fantasias)! Só que eu sou muito bom em disfarçar, por isso, ninguém percebeu. O resto do ensaio foi normal e bem mais fácil para eu me controlar. As duas últimas músicas foram as de nossa autoria. A épica: Porque ele é virgem!; e a mais nova, escrita por mim: O Soldado e a Deusa.
Lembro de quando mostrei a letra para o pessoal… Foi aprovação unânime!
O refrão da música é esse:


“A Deusa que precisa de proteção
é defendida por um capitão
em meio a uma guerra entre os deuses
Ele se esforçará para cumprir
Sua missão
Seu destino
E sua paixão (2x)”


Essa música é inspirada na Samira, mas principalmente (ou literalmente) nos meus sonhos em que sou soldado de Afrodite. E isso é óbvio de se perceber!
Lanchamos todos conversando e imaginando o futuro. Como seriam as capas de CD e os clipes dessas canções. Foi divertido! Após isso, todos partiram. Com exceção de Samira, porque ela ia dormir aqui hoje. A família toda foi se arrumar. Ficamos assistindo televisão esperando o namorado da mamãe chegar. De repente, a campainha tocou e mamãe mandou todos se levantarem. Ela atendeu a porta, do outro lado, estava um homem, parecia um pouco mais velho que ela, com uns fios já grisalhos no cabelo. Ele falou:
— Kimmy, querida!
Sim! Kimmy é o nome da minha mãe.
— Kauã! Que bom que chegou.
Então, olhou para nós.
— Se apresentem. — mamãe pediu
Cumprimos as ordens dela e Kauã respondeu com “muito prazer!” e disse a minha mãe que éramos lindos como ela. Sentamo-nos à mesa e Kimmy foi pegar a comida. Enquanto isso, ele puxou assunto conosco:
— Sua mãe só me falava de vocês, como são filhos maravilhosos!
— Obrigada! Faço o meu melhor. — disse Aya, se gabando — E você, de onde conhece a mamãe?
— Nós estudamos juntos no colégio e acabou que nos reencontramos no trabalho.
— Que legal, vocês trabalham juntos! — disse Jin
— Sim! E também tivemos os mesmos problemas na vida amorosa.
— Como assim? — perguntei eu
— Eu também sou separado. Mas diferente da sua mãe, não tenho filhos.
E ela chegou com a refeição. Era lasanha (Esse cara tem um bom apetite!)! Comemos e fomos fazendo o interrogatório reciprocamente. Fazendo serviço de investigação para o devido serviço de aprovação. Nós contamos sobre a infância e o colégio. Já ele ficou lembrando da época que estudava com a minha mãe. E nem preciso dizer que a lasanha estava uma delícia. Torno as palavras de Kauã as minhas:
— Nossa, Kimmy! Você sabe mesmo fazer lasanha.
Também contamos sobre nossa banda e sobre sermos otakus. Kauã parecia muito empolgado e animado ouvindo sobre nós. Após o jantar, todos foram jogar vídeo game. Durante as rodadas das partidas, eu e Kauã nos sentamos nos sofá. Ele resolveu ter um papo-cabeça comigo e elogiar minha namorada.
— Sua namorada é muito bonita!
— Obrigado!
— Sua mãe disse que vocês já…
— Não acredito que ela te contou isso!
— Não tem nada demais nisso. E posso te dar um conselho?
— Claro, pode falar.
— Tenha muito cuidado e sempre use camisinha, hein rapaz!
— Pode deixar, tomo muito cuidado.
— Assim espero.
E voltamos a prestar atenção no jogo. Depois descobri que ele disse a mesma coisa ao Jin.
Não demorou até que ele fosse embora. E quem partiu para o interrogatório foi a Sra. Kimmy, mas perguntando o que achamos dele. Aya disse que o achou muito simpático e bonito. Samira concordou com ela e acrescentou que ele era divertido. Já eu e Jin dissemos que ele parecia ser uma boa pessoa e realmente sentia algo por minha mãe. Só reclamamos dela ter contado sobre nossa intimidade a ele, o que levou ao “conselho”. Mamãe riu e falou que conversava bastante com ele e achava certo contar esse tipo de coisa.
Na boa, quase nós batemos nela (no sentido figurado). A sorte é que o Kauã agiu normalmente com a situação. Com outras pessoas, poderia haver a reprovação e o repreendimento. Após essa conversa, todos foram se arrumar para dormir.
Samira tomou banho na minha frente e ficou me esperando no quarto. Durante o banho, o “Trickster” veio à minha mente. Ainda bem que vou colocá-lo em ação! Cheguei no quarto tinindo e já fui para cima dela. Apesar do meu desespero (e fogosidade), não me esquecia da minha responsabilidade. Abri a gaveta da cômoda ao lado da cama, onde guardo as camisinhas. E tive uma surpresa: não tinha nenhuma. Vou ter que contentar apenas com a minha fantasia. Fiz uma careta triste e Samira perguntou:
— O que foi, amor?
— Não vamos poder fazer. Não tem camisinha.
Como eu conheço a minha namorada, sei que ela também ficou triste. Nós queríamos aquilo. Ela olhou para mim e disse:
— Não tem problema! Fazemos sem mesmo, eu tomo remédio.
— Tem certeza?
— Certeza!
Sendo assim, parti para o ataque. Quando acabamos falei para Samira:
— Eu compro o remédio para você amanhã. E vou ver você tomando.
— Por que você fica preocupado assim comigo?
— Samira, você sabe.
E beije-lhe a testa e dormimos. Afinal, tínhamos um ensaio puxado no dia seguinte.


Capítulo 2 – Ensaio de sábado

Samira e eu acordamos, tomamos banho, fomos à farmácia e compramos o remédio (Sim, a pílula do dia seguinte). Voltamos para casa e a vi tomar o remédio, como prometi. Eu sinceramente espero que não aconteça nada, se é que me entendem.
Não demorou muito até o pessoal da banda chegar. Fomos à garagem e tivemos um excelente ensaio, já que aos sábados são os mais relax. Em seguida: o famoso lanche. O líder chamou a todos, precisávamos conversar e resolver algumas coisas sobre o nosso teste daqui um mês.
— Pessoal, temos que decidir a música que cantaremos no teste e também quem poderá nos levar até o lugar. É um pouco longe e temos que levar os instrumentos.
A maioria começou a concordar em cantar “Porque ele é virgem”. Mas, meu irmão levantou a mão, queria silêncio para ser ouvido.
— Acho que devemos cantar a nossa nova música: O Soldado e a Deusa. Ela é muito boa!
Começaram a reclamar e disseram que tinha que ser o nosso épico e porque sim! Eu não tinha opinado até o momento, fiquei pensando no que o meu irmão falou. Sabe, em todos os testes que fizemos, que não foram muitos, cantamos esta música. Temos que fazer diferente! Eu levantei a mão e o silêncio se fez:
— Eu concordo com o Jin. Acho que podemos tocar a nossa música nova…
Fui interrompido pela seguinte frase:
— Você está puxando pro seu lado. Escreveu a música e a outra é referência a você. Não está querendo ser zoado!
Soltei um suspiro e falei:
— Não é isso! Não me deixaram terminar. Em todos os testes até agora, nós cantamos “Porque ele é virgem!”. Dessa vez, façamos algo diferente.
— Tá ai, concordo com o Jimmy. - disse o líder, me dando uma moral
Nesse momento, todos colocaram a cabeça para funcionar e começaram a concordar com o que eu disse. No fim, decidimos que tocaremos “O Soldado e a Deusa”.
Quanto ao outro ponto, um pai de um dos membros da banda tem uma van que cabe tudo: nós e os instrumentos. Ele só veria se o pai estaria de folga no dia. Porém, era certo que nos levaria sem reclamar. É um fã da banda! Após isso, quem tinha que ir embora foi. Ficou só a família (Samira é família, tá?). Sentamo-nos na sala e ficamos jogando vídeo game. No sábado não havia muita coisa para fazer além de ficar à toa e zoando. Mais tarde, eu levei Samira para casa. Ao voltar, Jin veio falar comigo.
— Fez sem camisinha ontem?
— Sim. Tinha acabado.
— Era só ir me pedir, gênio. Tô com umas sobrando!
— Eu estava no auge do momento, não ia bater daquele jeito no seu quarto.
— Confira isso antes da próxima vez.
— Sim, sim!
— Samira tomou a pílula?
— Sim. Ela mesma disse que tomaria. E eu vi!
— Pelo menos você é responsável, irmão. Tem uma menina na minha sala que está grávida, não teve cuidado.
— Espero que isso não aconteça comigo e com a Samira.
— E se acontecer?
— Vou ter que me conformar e aceitar, né?
Jin riu e concordou, mas disse que esqueci a parte do amor. Retruquei e disse que isso seria o que sentiria com a possível descoberta. Meu irmão, assim como eu e Samira, esperava que não acontecesse nada.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Boletim de Anelândia: #28 - A eterna criança (Autores que têm contato com sua criança interior sempre)

 

Olá, pessoal!
Sejam bem-vindos a mais uma edição do Boletim de Anelândia!
Cá estou hoje para falar sobre um tema relacionado um pouco com a edição anterior, sobre o processo de escrita, criatividade e estar em contato com a infância.
São sobre coisas que eu já ouvi falar nessas minhas andanças de internet e tem realmente algumas que eu acabo concordando e quero falar sobre ela hoje.
Então, bora lá!

Pessoas artistas têm uma criança interior que nunca abandonam

Não lembro exatamente onde vi, mas pessoas que trabalham com arte acabam por ter um contato um pouco maior com a sua criança anterior ou até com a sua infância.
É aquela criança sonhadora e que ajuda a manter a inspiração, a vontade, a disposição, o fluxo de ideias e diversas outras coisas.
Toda pessoa artista tem uma grande criança dentro de si mesmo, aquela que se empolga e ama fazer o que faz, seja cantar, dançar, desenhar, escrever… Independente da atividade.
Talvez seja porque é uma época em que temos muitas emoções e estamos aprendendo com todas elas e vamos apenas experimentar e vivenciando e sonhando e construindo… E trabalhar com arte é justamente isso: Vivenciar, testar, sonhar, construir.
Também é a fase em temos maior imaginação e essa também é uma parte integral da arte.
Em resumo, todos nós artistas somos crianças interiores realizando as próprias vontades sempre!
Claro que nem sempre isso acontece por se ter uma boa infância, mas para consolar aquela mesma criança que você foi um dia!

Eu sempre abraço a minha criança interior

Ironicamente, como vocês bem sabem - ou não - meu começo de escrita foi justamente por fuga. (Mas quero falar com mais detalhes sobre isso numa edição especial ainda neste ano!) Fuga de muitas coisas e a vontade de voltar para uma época mais fácil e onde eu era feliz. Realmente, tive uma transição bem complicada da infância para adolescência e sofri bastante e foi neste momento em que meu primeiro livro nasceu.
Como sempre falo, era só uma brincadeira e hobby de criança, mas que foi evoluindo e crescendo junto comigo, quando quis que isso fosse algo que queria fazer como profissão (não a minha principal, porque no Brasil isso é uma raridade).
Porém, toda vez eu me recordo daquela pequena Anelise, acuada e assustada, com tantas preocupações na cabeça e o meu eu adulta só tem vontade de abraçá-la e dizer que tudo vai ficar bem e que vai dar tudo certo!
E aqui entra uma versão minha que eu descobri há pouco mais de dois anos, se minhas contas não estiverem falhas!
Eis a “adulta saudável”!
Em muitos momentos durante o meu processo de escrita - e de ter que lidar com outras situações - eu preciso acessar esta versão, para poder me manter centrada e até controlar um pouco e também acolher a minha versão infantil. Enquanto uma fica super empolgada e animada com cada uma das histórias - a infantil - a outra tem que dar uma segurada e ser mais pé no chão e seguir com o ar profissional, mas sem esquecer o lado puro que o processo envolve.
A adulta abraça também em momentos mais tristes e até frustrantes, dando até um pouco de sentido e razões em tudo isso, nessa ideia maluca de querer contar e escrever as próprias histórias.
Eu sempre falo isso, mas eu realmente sou a primeira leitora do livro e a ela quem eu tenho que agradar, enquanto a adulta precisa cuidar do planejamento, já que a criança fica empolgada pensando em cenas de uns vinte capítulos na frente.
Sei que parece confuso, mas é um equilíbrio que eu aprendi e que funciona para mim!

A versão minha que sempre abraça a mais nova!


E tem algo errado em ser “tão infantil”?

Talvez, na visão de alguns, esse aspecto que comentei na edição de hoje seja apenas uma grande maluquice e que não tem sinceramente nada a ver com nada.
Mas, ser sonhador, imaginativo, é sim lidar com uma parte mais infantil, com coisas mais simples. É de tudo o que eu falei até agora!
O que sempre complica é que existem algumas regras ou alguns limites que outros - sejam artistas também ou só “pessoas normais” - acabam impondo com base em seus próprios conceitos e valores e acabamos por seguir só para… Sei lá… Ser aceito por eles? Ser aceito e entendido? Mas por quê? E por quem?
Não existem nada de errado nisso! Não tem problema abraçar a criança interior, atendendo a vontades que não pudemos durante a infância, fazendo com que ela finalmente se sinta realizada e feliz… E nós fiquemos também! Afinal, aquela mesma criança somos nós!

As lembranças de tempos mais simples (e de puro caos)!


Meus pequenos aspectos “infantis”

Só para comentar mesmo, vou dizer algumas coisas que eu faço - não diretamente relacionadas com a escrita - mas que são consideradas “infantis”.

Moda Personagem

Essa aqui já foi até motivo, mais de uma vez, para que me mandassem buscar tratamento psicológico!
Tem uma edição exclusiva falando sobre o MP aqui no Boletim de Anelândia, mas resumindo: ele nasceu como mais uma das minhas ideias malucas e simplesmente foi evoluindo para uma versão de cosplay dos meus personagens. Meu eu infantil adora ficar inventando roupa e representando personagem.

Fazer personagem em Dollmaker

Isso aqui só de ler já dá para ter uma ideia.
Como eu nunca tive boas habilidades de desenho e por muito tempo tive a grana curtinha para pagar ilustração, acaba por usar esses dollmakers - especialmente o da Rinmaru (RIP para a lenda) e do Azalleas Dolls - para fazer meus personagens. Ter uma simples ilustração com a aparência deles, até para ajudar na divulgação.

Adoro fazer até eu mesma nestes tipos de "jogos"!

Assistir animação

Até hoje, em pleno 2024, tem gente que diz que animação é só para criança!
Uma das coisas que eu mais amo fazer é ver desenho, especialmente os animes. Já perdi as contas de quantas vezes já sofri um bullying de leves por causa da minha otakice fedida.

Eis a gata surtando por causa de casal de anime since 1992. haha


Bem, pessoal, encerramos por aqui mais um Boletim de Anelândia.
Até a próxima!

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Boletim de Anelândia: Bônus #10 - Capítulo de Mãe de Aluguel (História Inacabada)

 
 
Olá, pessoal!
Bem-vindos a mais uma edição bônus do Boletim de Anelândia!
Trago hoje a vocês o capítulo de uma história perdido, que deve ser de 2018, que eu dei o nome provisório de Mãe de Aluguel. Mas, é basicamente sobre uma mulher que é barriga de aluguel numa época medieval.
A ideia era para ser uma história curta, de poucos capítulos, mas eu escrevi o prólogo e o uma parte do primeiro capítulo…
Quem sabe numa outra edição bônus não traga o outro capítulo incompleto!

Deixando, de curiosidade, a capa bem simples que eu fiz na época!
 
 

Prólogo - Um herdeiro para o trono

Aqui estou eu, numa carruagem rumo ao castelo. Fui convocada por suas majestades, recomendada por uma outra nobre que gostou dos meus serviços.
E tem menos de três meses que eu tive o último bebê. É sempre assim! Todos os anos estou grávida, estou carregando uma criança que no final de tudo não será minha, mas sim de quem está me pagando para tê-la. Sou uma Ama de barriga, se é que se pode chamar assim. Eu tenho filhos de mulheres que não podem, carrego filhos de mulheres que não foram abençoadas com graça de prover uma vida dentro de si.
Eu sigo os passos da minha mãe. Na minha infância, sempre a via grávida e pensava que teria um irmãozinho como as outras crianças, mas não. Sempre vinha uma pessoa para buscar meu “irmãozinho” e uns meses depois, lá estava ela novamente com o estômago alto por conta de outro bebê a caminho. Era um ciclo sem fim! Era assim desde que papai morreu e isso é uma lembrança muito remota na minha mente. Ela precisava nos sustentar e foi dessa forma que conseguiu. E claro, ela me ensinou o seu ofício, assim que me tornei mulher. E quando ela já não mais podia, quem nos sustentava era eu. Tenho muitos irmãos e filhos perdidos por este reino.
E foi pelo mesmo motivo que o Rei e a Rainha me chamaram. Há anos, eles tentam ter um herdeiro para o trono, mas a Rainha é infértil, então, resolveram me chamar. Tudo em segredo! Fui recebida por um dos empregados do Rei:
-Bom dia, senhorita Mary Bash. As majestades já a esperam. Eu sou Emil Madani, sou guarda-costas real. Acompanhe-me.
Agradeci e o segui. O Castelo era bem maior do que parecia quando visto da cidade. Grandes colunas com o estandarte da família real estendido, nas cores vermelha e dourada. Eles me aguardavam no gabinete do Rei, o mesmo lugar onde ele provavelmente traça suas estratégias de guerra, pois vi uma quantidade enorme de mapas quando adentrei a sala.
- Majestades, aqui está a moça. – me introduziu – Com licença.
- Obrigado, Emil. – agradeceu o Rei
Na sala havia, além do Rei e da Rainha, outro homem que não faço ideia de quem seja.
- Sente-se, querida. – disse a Rainha, que trajava um belo vestido e a sua coroa – Eu sou a Rainha Gorana Lakhdar e este é meu marido, Rei Igor Lakhdar. E aquele é o conselheiro real: Mirko Bacri.
Fiz o que ela me pediu e o Rei começou a falar:
- Temos um assunto importante para tratar. Eu e minha esposa desejamos um herdeiro para o trono real, mas o médico real já disse que ela não é capaz de gerar uma criança. Porém, os súditos não sabem disso. Então, a Lady Rebecca lhe recomendou, pois recentemente teve um filho que proveio de seu ventre.
- Sim, tem poucos meses que tive o herdeiro de Lady Rebecca. Meu corpo já está mais do que pronto para receber o herdeiro real. Minhas regras já retornaram. – apesar de ser algo até íntimo demais para outras mulheres, eu já estava acostumada a falar sobre isso, era um detalhe importante para meus clientes
- Excelente. Mas, temos um pequeno plano. – disse o conselheiro – Sua gravidez passará despercebida, pois fingiremos que a Rainha está grávida.
- Entendi. Não será a primeira vez que farei isso. Só preciso saber quem serão as pessoas de confiança para tudo, especialmente o parto.
- Resolveremos isto tudo no decorrer dos meses. E não se preocupe que terá tudo do bom e do melhor e receberá uma boa recompensa pelo que está fazendo por nós. – completou o Rei
- Já preparamos seus aposentos num canto mais afastado do palácio. Emil lhe levará. Contudo, você já passará esta noite com o Rei, queremos esse bebê o mais breve possível. – a Rainha, dessa vez
- Obrigada! – levantei-me e a Rainha me guiou até a saída
Emil aguardava na porta, com minhas bagagens.
Em outra situação, eu levaria uns dias para aceitar ou até conversaria mais, mas eram os governantes do meu reino, esse trabalho é quase como uma ordem. Eu estou me sentindo estranha pois logo estarei com o herdeiro do reino em meu ventre.

Bem, pessoal, é isto! Espero que tenham gostado!
Quem sabe não aproveito essa ideia para alguma outra história?!
Até a próxima edição!

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