sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Capítulo 1 - Acontecimento na Festa do Trabalho

Ana Maria estava a caminho de seu trabalho e viu que chegara a sua estação para descer do transporte. Como estava lotado, ela teve uma certa dificuldade e quase que não conseguiu sair. Pelo menos, uma brisa correu e ela sentiu um certo alívio de ter saído. Saiu da estação pela roleta e caminhou até chegar no prédio da Lírio d'ouro, que é um empresa de cosméticos com sede localizada na zona sul do Rio de Janeiro.
Ana Maria se mudou de sua cidade natal em Minas Gerais para conseguir um emprego e uma perspectiva melhor de vida, porém a sua formação apenas permitiu que ela fosse auxiliar de contabilidade, realizando pequenas funções e quem sabe logo não fosse promovida. Tinha pouco mais de um ano que ela estava morando e trabalhando na cidade, mas já tinha vivido o suficiente para vinte e cinco anos.
Ana Maria era aquela pessoa que se era apenas mais uma entre tantas, ela passava imperceptível em meio a multidão. Ou seja, ela era comum, com um nome comum e uma vida comum. Tinha os dois sobrenomes mais usados no Brasil: Santos e Silva. Escondia seu rosto num cabelo comprido e óculos de grau forte. Vinha de uma cidade pequena onde todo mundo vivia apenas naquele espaço e a sua família a criticou quando ela resolveu tentar a sorte sozinha no Rio. Trabalhou alguns meses e foi juntando dinheiro e procurando trabalho na cidade. Quando conseguiu algumas entrevistas, ela pegou o primeiro ônibus disponível e por sorte logo passou na vaga da Lírio d'ouro.
Com alguns minutos de caminhada, ela chegou à construção imponente que tinha mais vinte andares. Era uma empresa grande e era impossível todos os funcionários se conhecerem, mal conhecia as pessoas do seu andar e estava tudo bem para ela.
O saguão de entrada era sempre bem decorado e o tema da vez era o aniversário de 67 anos da empresa, que havia sido aberta pelo avó, passada para o pai e agora estava sob a gestão do neto: Dimas. Porém, ele nunca estava na cidade, sempre viajando para a empresa. Diziam que ele era um excelente perfumista e responsável pela escalada da empresa nos últimos anos, assim que assumiu. E todos os anos ele fazia questão de dar uma enorme festança nesta data, sempre trazendo algo especial. Naquele ano, ele preparou uma festa no hotel mais famoso do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace, com direito a bebida e comida à vontade. Também tinha um a mais, um funcionário seria sorteado e ganharia uma hospedagem no hotel com direito a um acompanhante. E como a festa já era no final de semana seguinte, todos estavam empolgados e querendo ser o ganhador. O sorteio seria já naquele dia!
Ana Maria pegou o elevador e desceu em seu andar e se dirigiu até seu setor, sendo recebida pela amiga de trabalho: Larissa.
- Bom dia, Aninha. - sorriu - Animada para o grande sorteio?
- Na verdade, não. Segundo as probabilidades, a chance de ser uma de nós em meio a tantos funcionários é impossível. - foi realista
- Ora, não seja pessimista. Uma chance é uma chance!
O assunto acabou ali e logo começaram a trabalhar. O período da manhã passou rapidamente e, pouco antes do horário de almoço, o alto-falante da empresa resolveu dar um comunicado.
- Funcionários da Lírio d'ouro, antes de irem para o almoço, vamos realizar o sorteio para saber quem é o ganhador da hospedagem com direito a um acompanhante na nossa festa anual da empresa. Vou puxar o ganhador! - um breve silêncio se fez e logo voltou - A sorteada é a Ana Maria Silva Santos, do setor de contabilidade.
Larissa olhou para a amiga e abriu um sorriso enorme. Ela pulou e comemorou mais do que a real ganhadora. Ana Maria recebeu parabéns do resto dos colegas. O alvoroço foi interrompido pelo som novamente:
- Ana Maria, venha ao setor responsável para saber mais detalhes de como será no dia. Agora sim, todos liberados para o almoço!
Ao final do anúncio, todos os funcionários saíram de seus setores, fosse para comer do lado de fora, enquanto outros iam para os refeitórios esquentar suas marmitas para se alimentar. Este era o caso de Ana Maria e Larissa, que sempre levavam comida de casa para economizar. Não demorou e elas estavam sentadas uma de frente para a outra, conversando:
- Aninha, estou tão feliz que foi você a grande sortuda.
- Eu nem queria, na verdade. - confessou - Não gosto de festa, você sabe. Se pudesse nem iria nesta da empresa.
- É o grande evento do ano! É uma das poucas vezes que vemos o Sr. Dimas em pessoa. E claro, sabemos melhor sobre os lançamentos do próximo ano.
- Fico sabendo disso depois no saguão do prédio.
- Você nunca foi, vá pelo menos uma vez. Aliás, não sei se te falaram, mas o hotel fica bem na frente da orla. Ficando hospedada, pelo menos deve dar para tomar um banho de mar.
- Eu nunca vi o mar!
- Exatamente! - se animou - Vai ser a sua chance! Eu vou com você.
- Se intimou como minha acompanhante? - Ana riu
- Ora, Aninha, quem mais você iria levar? - fez careta
- Tudo bem! Você será minha acompanhante!
- Oba! - quase pulou derrubando a mesa e as comidas
Elas mudaram de assunto e terminaram a refeição.
Pouco depois, já na hora do retorno do almoço, foram ao setor para saber mais do que deveriam fazer para aproveitar o brinde que o sorteio deu.
***
Alguns dias se passaram, era um sábado, dia da grande festa anual da Lírio d'ouro.
Dimas, o CEO da empresa estava voltando de viagem só para poder participar do grande evento. Saiu do aeroporto, o motorista o pegou e eles rumaram para o local. Durante o trajeto, ele ficou pensando no ano que passara, mais um onde ele conseguiu trazer mais lucros e sucessos para a empresa. E ele estava pensando em trazer produtos de maior qualidade para as produções de sabonetes da empresa, usando essências de flores naturais, especificamente de uma cidade no interior de Minas Gerais. As negociações estavam complicadas, mas ele tinha certeza de que ia conseguir.
Porém, todo esse sucesso não era o suficiente para sua avó, que queria muito que o neto se casasse e tivesse a sua família. Só que o rapaz estava feliz apenas sendo o dono da empresa, ficando com quem ele quisesse de vez em quando.
Dimas era aquele tipo de pessoa que é sempre lembrada, é a pessoa de quem todos querem estar próximo, talvez por um interesse em seu dinheiro. Ele toca o negócio da família, mas tem a sua formação de perfumaria e antes de ser o CEO foi parte da equipe de produtos e ainda participa ativamente da confecção dos mesmos. Ele é conhecido como a pessoa com o melhor nariz quando se trata de cheiros.
- Senhor, estamos chegando! - o motorista falou, tirando-o de seus devaneios
Ele olhou pela janela e viu o céu aberto, unido a faixa de areia com diversos pontos coloridos das cores dos biquínis e guarda-sóis. Uma pena que ele não conseguia dar um mergulho sem transformar aquilo num evento noticiado.
Ana Maria já estava com Larissa no Copacabana Palace. Chegaram no horário combinado e já tinham pegado o quarto. Antes de aproveitarem o spa e a piscina do lugar, decidiram ir à praia. Mais por convencimento de Lari do que qualquer outra coisa.
Como Ana Maria não tinha biquíni, aproveitaram um dos intervalos de almoço do resto da semana para comprar nem que fosse um!
A primeira coisa que eles fizeram depois de deixarem a pequena muda de roupas no quarto foi ir tomar um banho no mar. Ana Maria já tinha visto paisagens praianas em muitas fotos, mas ela se sentiu maravilhada quando viu aquilo tudo. Sentiu a areia entre seus dedos, já um pouco quente por causa do sol. Depois, foi acompanhada da amiga para se deliciar na água salgada que estava bem gelada, pois era o início da manhã.
Elas ficaram pouco mais de uma hora se divertindo entre a água e a areia. Pelo horário, a praia ainda estava vazia, mas logo mais pessoas chegariam e ficaria lotado, como todo final de semana que tinha algum Sol.
- Só por termos vindo à praia, já valeu a pena. - soltou Ana Maria, alegre
- Eu disse que você ia gostar! - respondeu a amiga
Voltaram, tomaram banho e foram comer alguma coisa, aproveitando que a hospedagem que ganharam dava direito a refeições no restaurante do hotel. Pediram o prato mais diferente que viram e comeram sentindo cada sabor daquilo. Não era todo dia que pessoas trabalhadoras como elas podiam aproveitar do bom e do melhor.
Depois, foram aproveitar mais a praia, mas desta vez na orla, bebendo mais alguma coisa. Como o Rio é uma cidade turística, tinham muitos gringos e pessoas de lugares diferentes do país. Lari começou a trocar olhares com um homem que também estava no quiosque e se ela investisse com certeza iria rolar algo.
- Aninha, aquele gato não para de me olhar um segundo.
- Mas ele é lindo! - riu - Vai lá falar com ele, uai.
Ela fez conforme a outra disse e ficou alguns minutos conversando com ele. Pelo jeito que se comportavam, dava para saber onde aquilo levaria. Até que os dois se aproximaram de Ana, Larissa pediu:
- Me empresta o quarto um pouco? - já com segunda intenção na voz
- Claro! - sorriu
- Obrigada, Aninha. - puxou o outro pelo pulso - Vamos!
Só restou Ana Maria rir da amiga, que adorava ter encontros e transas casuais. Enquanto isso, a jovem do interior pensava por quanto tempo mais ela ia ser virgem. Nunca tinha aparecido ninguém que a fizesse ter vontade daquilo, mesmo que consumisse essas coisas nos filmes e livros. Ela sempre fantasiava de como seria este momento!
Distraída em seus pensamentos, ela retornou ao hotel, ficando sentada na varanda externa, que dali algumas horas estaria lotada com os seus colegas de empresa. Ela observava a orla e a faixa de areia lotada de guarda-sóis, com o Sol lá embaixo, que logo iria embora. Estava tão relaxada, se sentindo tão bem, com a mesma sensação que tinha durante a sua infância despreocupada no interior.
Porém, alguns segundos depois, ela teve a sensação de alguém próximo e bem atrás dela. Se virou e viu que era um homem, muito bem vestido, só que ele estava com o seu rosto próximo ao dela, pois estava antes próximo ao seu cangote. No segundo seguinte, ela deu uma truncada nele, jogando-o para trás.
- Ei, o que você pensa que está fazendo?! - esbravejou
- Desculpe a minha indelicadeza. Eu sou Dimas Al’Beytar, sou CEO da Lírio d'ouro. É que eu senti o seu cheiro de longe... E fiquei inspirado! O que você usa normalmente de perfume?
- Ah, me desculpe, senhor. - ela baixou o tom quando percebeu que era seu chefe - Na verdade, eu usei uma loção corporal que a minha mãe fez. Nossa família e a cidade de onde vim trabalha com flores.
- Você é de Charmosinha? - ele soltou - Acabei de vir de lá!
- Sim. Tem mais de um ano que me mudei para cá e comecei a trabalhar na sua empresa! Não sinto tanta falta de lá assim.
- Ora, você é minha funcionária?! O que faz aqui tão cedo? A festa é só daqui algumas horas.
- Eu sou a ganhadora do grande prêmio do sorteio.
- É a Ana Maria então. - sorriu - É um prazer!
- Igualmente! O pessoal fala bastante de você. - riu, sem graça
- Você vai para a festa assim? - perguntou se referindo as roupas dela
- Não! A minha amiga está ocupada no quarto. E pelo visto deve demorar. Mas não tenho uma roupa de festa e na verdade, eu nem queria estar aqui, ela quem insistiu. Vou bem simples mesmo!
- Ah, mas nada disso. Você é minha convidada de honra da noite!
- Como é? - ficou surpresa
- Não te falaram? A pessoa ganhadora tem direito também a um spa completo, cabelereiro, maquiagem e vestimenta para participar do evento.
- Certeza que a Lari ia gostar bem mais.
- Não seja tímida, por favor. - olhou para ela - Sei que tem uma beleza escondida atrás desses óculos!
Com medo de colocar o emprego em risco, pois era o seu chefe, ela aceitou.
Imediatamente, Dimas chamou um empregado do hotel e solicitou um cabeleireiro, manicure, pedicure, maquiador e estilista para Ana Maria. Primeiro, ambos foram para o spa, onde fizeram uma massagem relaxante e uma limpeza de pele. Logo em seguida, os dois se dirigiram para a suíte presidencial do Copacabana Palace, que era onde o CEO passaria aquela noite depois da festa.
- Nossa, é tão maior que o meu quarto!
- Ah, sim! É porque a sua é apenas uma acomodação simples, mas já dá para curtir os serviços do hotel só com ela.
- Eu não estou reclamando. - ela disse
- Não disse que estava... Desculpe se lhe entendi mal! - ele fungou o ar, sentindo algum cheiro diferente - Estranho!
- O que é estranho?
- Nada! É que é horrível ser perfumista e ter um nariz sensível, tem hora que tudo se mistura. - desconversou - Fique a vontade, logo sua parte 2 de dia de Rainha chega.
- Rainha? - ela riu - Não mereço isso tudo.
- Não diga isso. - pegou na mão dela - Ainda mais sendo tão bonita... E cheirosa!
Ana Maria gargalhou, o chefe da sua empresa era uma figura bastante engraçada e talvez bastante ligada aos perfumes.
Logo chegou o batalhão que arrumou a jovem funcionária para o grande evento anual. Recebeu tudo o de melhor que tinha, um belo penteado e maquiagem, unhas da mão e do pé pintadas, colocou um belo vestido preto com sapatos combinando, mas ainda faltava uma coisa. Levou um bocado de tempo e já estava praticamente escuro lá fora e era possível já ouvir a música e as vozes dos funcionários chegando para a grande festa. Como ela estava arrumada, todos os empregados foram embora, dando lugar a mais uma pessoa, que trazia uma maleta pequena.
- Quem é esse?
- Um amigo meu, que trabalha com lentes de contato.
- Eu estou bem assim, obrigada. Aliás, esse trem é muito caro!
- Boa noite! - disse a outra pessoa - Posso ver? - apontou para os óculos
Receosa, Ana entregou o objeto. O homem puxou um aparelho que fez uma medição do grau e com esses dados, abriu mais um pouco da maleta e puxou uma caixinha.
- Vou te ajudar a colocar por casa da maquiagem. - declarou - Já usou antes?
- Não, nunca!
- Bom, então, meu amigo vai te ajudar a tirar. Colocando neste porta-lentes, com o devido líquido lubrificante. - olhou para Ana Maria - Com licença, isso pode incomodar um pouco.
Com bastante cuidado, ele pegou cada uma das lentes e pôs no canto do olho dela, pedindo que fechasse os olhos e os mexesse em seguida. Assim, as lentes se encaixaram nas córneas e quando abriu os olhos, pela primeira vez em muito tempo, Ana Maria via o mundo sem ser com seus óculos. Ela abriu um sorriso!
- Agora vá se olhar no espelho! - disse Dimas
Ela se levantou da cadeira onde ficou sentada por horas a fio e se viu no espelho de corpo inteiro que tinha ali perto. O vestido destacava seu corpo de maneira modesta, assim como a maquiagem própria para a festa, mas sem ser exagerada e o penteado era um coque de lado, com uma mecha solta e encaracolada do outro. Ela nunca tinha se sentido tão linda!
O nariz de Dimas fez um som de fungado de novo. O amigo deu um cutucão nele, repreendendo e falando para ele ir se vestir.
- Só vou trocar de terno e descemos. Ao que parece, já está todo mundo ai!
Ele se arrumou e os dois pegaram o elevador. O trajeto seguiu parte em silêncio, até que ele indagou:
- Nervosa?
- Um pouco, uai.
- Todos os olhos estarão em você, já que vai aparecer comigo.
- Obrigada, isso me deixa tão mais calma.
- Vai dar tudo certo!
O bipe do elevador indicou que eles chegaram ao andar de destino. Dimas estendeu o braço, curvando-o ao lado do corpo.
- Vamos? - perguntou
Ana Maria apenas assentiu, cruzando seu braço com o dele para fazer a grande entrada da noite. Ao passar pela porta, encontraram a área externa lotada, com todos os funcionários, independente do cargo, usando suas melhores roupas. Não levou muito tempo para que o reconhecessem, sendo bastante aplaudido e ovacionado. Ele abriu um sorriso e acenou cumprimentando todos a distância. Mesmo com o holofote em cima dela, o seu chefe era bem mais brilhante do que ela, tanto que até pela mesma não conseguia tirar os olhos dele por muito tempo. Ela não notou nenhum olhar em cima dela, contrariando o que ele dissera. Ficou tranquila, pois ela estava invisível, como sempre foi, até que Dimas finalmente virou o rosto e olhou para Ana Maria, sorrindo, fazendo assim com que todos finalmente a vissem. E pequenos comentários surgiram nos sussurros que ela ouvira:
- Bonita ela! Quem é?
- Amei o vestido dela.
Foram poucos segundos, mas a caminhada até o pequeno palco montado pareceu uma eternidade para a jovem Ana Maria. Era estranho estar com todas as atenções voltadas à ela. O secretário Antônio, que não tinha aparecido até então naquele dia, cumprimentou o patrão e disse que já estava tudo certo e lhe entregou o resumo do discurso da noite. Ele agradeceu e antes de subir as escadas falou com Ana Maria:
- Espere aqui em baixo. - sorriu - Pode ficar com sua amiga.
- Claro! Boa sorte no seu discurso!
- Obrigado! - ele respirou fundo, inebriando-se com o cheiro dela
E já dava para ver Larissa correndo animada até ela, que a arrastou para longe dali só para começar a fofoca, então todos estavam atentos ao discurso do CEO. Ele começou assim:
- Boa noite a todos! Comemoramos 67 anos da Lírio d'ouro, que foi fundada pelo meu avô, passada para meu pai e agora está sob minha gestão. É uma honra poder continuar este legado, carregando a herança de minha família, trazendo também os melhores produtos para os nossos clientes. E para deixar tudo isso ainda mais especial, junto com a equipe de projetos, elaboramos novos sabonetes, seguindo as primeiras receitas do meu avô, usando essenciais florais e naturais. Dando um ar mais artesanal aos produtos desta coleção, que chamados de: Charme das Flores. - uma salva de palmas surgiu e dispersou para eu ele continuasse falando - E este é só o começo do que planejamos para o ano, teremos fragrâncias inéditas nesta coleção, usando outros florais e frutais. No mais, quero agradecer a todos os nossos funcionários pela dedicação e trabalho duro por mais um ano, sem vocês muitas coisas nessa empresa não estariam como estão hoje. A empresa pode ter começado com meu avô, na minha família, mas agora, essa família somos todos nós! E esta noite é em comemoração a tudo isso! Então, aproveitem! Obrigado!
As palmas vieram bem mais altas com o final do discurso, quando alguns executivos vieram conversar com Dimas.
Ana Maria explicou para a amiga em resumo como ela tinha se encontrado com o CEO e como ela recebeu uma quase transformação e virou a acompanhante dele naquela noite! No fim, a amiga apenas falou:
- Que babado, Ana! E quem diria que logo você estaria com o patrão hoje.
- Eu não fiz nada demais, a gente só se esbarrou por aqui. Só isso, uai.
- Ora, não seja ingênua... Eu vi o jeito que te olhou quando entraram. Acho que ele está a fim de você.
- Cê jura? - meio incrédula - Achei que estava apenas sendo legal.
- Aninha, sempre tem uma segunda intenção. Ainda mais se for o Dimas.
- Acredito em você! - ela sorriu para amiga
- Pode pegar um pouco mal ou até ser um escândalo se você ficar com ele.
Ana Maria arregalou os olhos, sua amiga estava certa. Talvez fosse algo a mais que ele queria e viu chance na ingenuidade dela. E por ela ser subordinada, aquilo colocava seu emprego em risco. Bem que ela tinha razão de querer ficar em casa e não ir nesta bendita festa... Agora estava enfiada num vestido chique, sendo o troféu de um cara rico - e que era seu chefe - pelo resto da noite e ela não queria descobrir como aquilo iria terminar.
Lá de longe, dentre a equipe de garçons, duas figuras observavam com afinco as cenas do CEO e de Ana Maria. Eles viajaram por horas para estar ali, pois não queriam que o acordo comercial com Charmosinha que Dimas pretendia fosse fechado e para que o plano desse certo, eles precisavam acabar com a reputação do CEO.
- Que bonitinho os dois pombinhos. Vai ser ótimo dopá-los, fazê-los ir para o quarto e pegá-los no ato. - quase gargalhou um deles
- E ai a reputação impecável de Dimas vai por água abaixo, pois ele passou a noite com uma funcionária. - riu de leve - Prepare as duas taças de champanhe, quando eles se reencontrarem, é a nossa hora de atacar.
- Preparando e colocando nosso ativadorzinho de virilidade. - disse entornando dois frascos de líquido em cada uma das taças.
Agora era só eles esperaram para realizar o movimento.
***
Não tardou muito e Dimas conseguiu despistar o resto dos executivos e também acionistas, se encontrando com Ana Maria e a amiga encostadas na sacada observando a praia à noite.
- Com licença, senhoritas. Você deve ser a amiga da Ana né?
- Isso! Também sou sua funcionária! - sorriu, tentando não transparecer tensão por conta da amiga
- Está gostando do evento?
- Sim! A comida e bebida estão excelentes. Estou doida para que abram a pista de dança!
- Tem pista de dança? - Ana Maria questionou
- Sim, lá do lado de dentro. - respondeu Dimas
- Bom, vou deixar vocês a sós. Afinal, ela é sua convidada da noite. - e piscou para a amiga, saindo
- Desculpe se lhe assustei. - ele soltou
- Com o quê?
- O jeito que te abordei e te arrastei pelo salão com todo mundo olhando. Dá para ver que é bastante tímida!
- Uai, que isso! Não tem problema.
- Aceitam uma champanhe? - o garçom disfarçado apareceu
- Claro! - respondeu Dimas, pegando as duas taças - Obrigado!
Assim que o outro se afastou, o chefe disse:
- Vamos fazer um brinde! - deu uma das taças para Ana Maria
- A quê?
- A mais um ano de sucesso para a Lírio d'ouro e que a minha proposta de comércio com os produtores de Charmosinha dê certo.
- Um ano de sucesso a mim também! - sorriu, concordando
Então, os dois beberam um bom gole da bebida, o que eles não sabiam era que logo tudo o aquilo teria um efeito e traria consequências que nem eles podiam calcular.
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