sexta-feira, 26 de março de 2021

Capítulo 19 - Conhecendo os amigos

Helena passou o dia seguinte inteiro comigo, apenas sentada no meu escritório, organizando as coisas dela, enquanto eu ajustava as fotos dos ensaios. Por sorte, não precisei me preocupar com a comida, já que ela providenciou tudo. Então, pude ficar trabalhando e deu para adiantar muito. Assim que ela me chamou para comer, senti meu estômago roncar e como a a comida dela é deliciosa, aproveitei para tirar a barriga da miséria.

A tarde acabou passando relativamente rápido e ficamos fazendo companhia um ao outro. Eu editando as fotos, a Helena escrevendo coisas do livro dela e vendo mais detalhes sobre a nossa viagem. Até porque ela viu as fotos e teve a ideia brilhante e como sempre tive vontade de fazer um ensaio nu, acabei aceitando a proposta. Ela disse que vai escolher um local afastado e confesso que estou ansiosa para tudo isso. Tenho certeza que não vamos só aproveitar a viagem para tirar fotos.

Assim que escureceu, meu celular tocou e eu vi que era que meu amigo Mateus. A questão é o que ele queria. Helena percebeu e perguntou se não ia atender. Imediatamente, peguei e ao apertar o botão verde no display, falei:

- Oi, Mateus.

- Cara, tu tá em casa? Tô ai perto. Quero passar para falar contigo.

- Claro! Pode vir! Pode falar pro porteiro que eu autorizei você subir.

- Valeu!

E desligamos. No instante seguinte, H questionou:

- Quem era? Se não for incômodo perguntar.

- Um amigo meu. Ele vai passar aqui. Se quiser, pode ir para casa.

- Não, tudo bem. Vou continuar aqui escrevendo. - respondeu, retornando os olhos para a tela brilhante.

Alguns minutos, ele tocou a campanhia e eu fui lá abrir a porta.

- Fala, Gustavo. Tu anda sumido cara!

- Finalmente trabalhando bastante. Deu muita sorte por eu estar em casa hoje.

- Meu amigo ficou muito requisitado depois das fotos da Contemporânea Erótica. Ainda quero saber como conseguiu isso?

- Eu tenho meus outros contatos. - e ri, nem podia dar pista de nada sobre a H

- E aposto que tu ainda deu uns pegas nela. Ela é gostosa pra caralho!

- Não responderei essa pergunta.

- Você sempre muito certinho, né Gustavo? Por isso que não namora.

Só bufei. Tem horas que meu amigo é sem noção. E eu já tentei chamar atenção das merdas que ele fala, mas entra por um ouvido e sai por outro.

- Entra ai. - falei, por fim – Fique à vontade.

- Eu quero é ver no que você anda trabalhando tanto… - disse

- Vamos ao escritório!

Dirgimo-nos até lá e já pedi desculpas mentalmente para a Helena por levar esse trate do meu amigo para o lugar em que ela estava. Queria mesmo que ela fosse para casa, mas não podia obrigá-la a fazer isso.

E obviamente, porque eu conheço, que ele ia tecer um comentário assim que visse a H.

- Ora, se eu soubesse que já estava com visita, nem vinha Gustavo. Detesto ser empata, ainda mais seu, que não pega ninguém.

E sabe o que é pior? Ela nos olhou e fez cara de paisagem para o comentário dele. Um pequeno silêncio constrangedor e meu amigo falou enfim:

- Não vai me apresentar?

- Mateus, esta é a Helena, minha vizinha aqui no prédio. Helena, este é o Mateus, o amigo de quem lhe falei.

- É um prazer! - ela já respondeu, fechando o notebook e se levantando, apertando a mão dele – Gustavo, acho que já vou indo. Eu te incomodei o dia inteiro.

Um claro sinal de que ela não gostou nem um pouco da presença e eu entendo perfeitamente.

- Poxa, já vai? Eu acabei de chegar. - meu amigo protestou

- Desculpe, mas eu tenho coisas pessoais para fazer. E bem, vocês vão acabar conversando e eu preciso de silêncio para tal.

- Eu te levo até a porta! - declarei

Ainda bem que meu amigo ficou no escritório, assim poderia falar com a H.

- Perdoe-me por isso, H.

- Agora entendi porque perguntou se eu queria voltar pro meu apartamento. - sorriu, meio chateada – Depois nos falamos. - e me deu um beijo na bochecha

Respirei aliviado por ela ter ido para casa. Mateus me deu susto parado bem com cabeça para fora do escritório, espionando a mim e a Helena.

- Tá pegando é? - a pergunta mais óbvia que saiu da boca dele

- Não vai adiantar se eu disser que não.

- Ela é gostosa! Ainda mais com aquela roupa. Como você aguenta ficar com ela no mesmo ambiente e não fazer nada?

- Porque eu minimamente sei me comportar e me controlar.

Ah, se ele soubesse o controle que eu tive com ela vestida com lingerie da primeira vez e fazendo todas aquelas poses e dançando para mim. Assim, não vou dizer que sou perfeito e também fico olhando para as mulheres que vejo na rua, a Helena inclusa. Só que não vejo necessidade de colocar isso em forma de palavras, como meu amigo faz e que acaba sendo uma coisa até um pouco chata já para mim, imagina para as mulheres que acabam ouvindo.

Quis dar aquele assunto da H como encerrado, pois sei o quanto Mateus iria me encher a paciência e não estava a fim de ficar falando sobre outra pessoa. Fomos para o escritório e fui mostrando a ele os meus trabalhos dos últimos dias, que são aquela mistureba de tudo. Ele elogiou as fotos de aniversário, as fotos da aniversariante e debutante. Quando cheguei nas fotos das duas mulheres mais velhas no motel, eu já sabia exatamente o que esperar e foi o que fez. Disse que aquelas mulheres eram feias e não eram gostosas, eram só velhas e acabadas, e também ficou indignado de eu ter aceitado o trabalho, que eu só devia tirar fotos assim de mulheres mais novas. Sinceramente, ele tirou essa visita para torrar a minha paciência. Dessa vez, não deixei para lá. Ele estava passando dos limites do sem noção.

- Cara, sendo capitalista, elas me pagaram pelo ensaio. Se me pagarem, eu farei, indepedente de quem seja.

- Bom, eu não faria. - ele retrucou, meio puto já

Só para esclarecer, Mateus foi meu colega de faculdade e diferente de mim, ele se formou e já foi trabalhar numa agência e com emprego fixo – e contatos – fica fácil se manter. Ele realmente me ajuda muito para conseguir uns freelas. Durante o meu curso foi uma boa companhia, mas agora tem cada vez mais mostrado ser machista e tudo o mais.

O meu sangue já estava subindo a cabeça pelo combo de coisa que ele tinha falado desde que pisou no meu apartamento e eu não ia deixar passar em branco.

- Mateus, nós trabalhamos diferente. E sinceramente, não estou ainda na sua posição de poder escolher qual trabalho aceitar ou recusar. Também não me importo de fazer esse ensaio, em qualquer circunstância. E na boa, não estou com vontade de discutir contigo sobre isso, mas eu fico puto com umas coisas que você fala, ainda mais sobre os outros.

- O quê? Não posso falar que elas são velhas e feias? Elas são!

- Você pode não achar bonito, só não ficar externando isso. Cara, só pensa um pouco no que você fala. A minha amiga ficou incomodada com o que você falou por dois minutos, por que acha que ela foi embora?

- Tem hora que você exagera, hein Gustavo?

- Tá bom, se você acha que é exagero. Tô cansado de tentar te alertar.

E resolvemos mudar de assunto e eu quis logo trocar de álbum também. Ficamos conversando sobre como poderia melhorar minha divulgação nas redes sociais, agora que estava com bastantes fotos para atualizar meu feed. Mateus quem me ajuda nestas questões, porque como trabalha com isto, entende mais do que eu. E foi para isso que quis vir hoje. Não tardou muito e logo ele foi embora e eu dei graças, porque queria ficar um pouco sozinho.

A fome me bateu e aproveitei para comer as sobras da comida que a Helena fez. Assim que terminei, limpei tudo e peguei o telefone para mandar uma mensagem para ela:

Desculpa de novo pelo meu amigo sem noção. Eu sei que se sentiu incomodada com o pouco que ele falou. Acredite, já falei com ele sobre isso, mas ele não escuta.”

E ela me respondeu:

Eu acredito em você. Ele lembra e muito as pessoas da minha família, estou acostumada. Só não estava com saco para ficar no mesmo ambiente.”

Tudo bem. Nem deu para agradecer sua ajuda hoje. Só preciso encher minha despensa agora.”

Não é nada! É o mínimo que faço para retribuir. Podemos ir ao mercado juntos, preciso reabastecer a minha geladeira. Está ocupado amanhã?”

Só durante a manhã. Tenho outra sessão de fotos, de um casal.”

Iremos a tarde então. Alias, devo fazer algo para levar no almoço da sua família?”

Não precisa! Minha mãe detesta que as vizinhas cozinhem e tenham que levar coisas para contribuir.”

Ok! Devo confessar que estou ansiosa para este almoço.”

Pelo visto é só você, para mim é a coisa mais normal. Não quero mais te incomodar, H. Boa noite!”

Boa Noite, G!”

sexta-feira, 12 de março de 2021

Capítulo 18 – Sentindo algo

Gustavo tentou me animar bastante depois do ocorrido no hall. E conseguiu, na verdade!

Eu ainda não sei de que parte de mim saiu toda aquela força, enquanto por dentro eu estava gritando desesperadamente, de medo, de ansiedade. Pode ter sido a “eu do blog” como a minha terapeuta disse, mas creio que tenha sido um misto disso e do quanto eu amadureci nesse pouco tempo. Ainda consigo ver aquela Helena antiga, acuada e calada. Porém, a minha eu de agora, que conquistou independência de forma assustadora, está abraçando esta Helena do passado, que é a que aparece quando meu ex simplesmente surge, e lhe dá apoio. E foi essa Helena do passado que tomou coragem e falou. Foi essa Helena que chorou, porém junto com a outra que tinha orgulho.

E havia uma influência externa: Gustavo. Que pediu licença para aquela Helena insegura e chamou a outra, enquanto falava palavras de apoio e força. Segurando em minha mão e dizendo que o que eu tinha feito foi incrível. Disse isso dando de novo seu ombro e seu abraço para eu poder me segurar e desabafar. Ainda não deu tempo de pensar o que eu sinto por ele e tenho outras coisas a resolver e sei que ele vai esperar por isso. Agora, prefiro apenas aproveitar e agradecer por tudo o que ele tem feito.

E algo - um tanto esperado e inesperado ao mesmo tempo - aconteceu e nos beijamos. Só não da maneira selvagem e desesperada quando queremos transar. Ele encostou levemente os lábios nos meus e eu o trouxe para perto de mim. Ficamos alguns minutos ali, trocando carícias, meio embolados no sofá, mas curtindo o momento.

Eis que a barriga do Gustavo deu sinal de vida e eu tive que alimentá-lo. Meio que juntei as poucas coisas que ele tinha de comida – e dei o puxão de orelha devido – e fiz algo para jantarmos. E como sempre, o clima foi agradável e leve, onde descobri mais um pouco sobre ele.

Fui encarregada da louça e nem demorei muito, pois era apenas uma panela e alguns pratos, já que o resto nós lavamos durante o preparo da refeição.

Dirigi-me ao escritório e vi que o Gustavo estava olhando fotos dos ensaios e vi um que eram duas mulheres, vestidas em lingerie. Aquilo me deu uma ideia, junto com algumas sugestões que recebi de leitores e que era algo que sempre quis fazer: um ensaio nu.

Falei com Gustavo e ele ficou todo animado com a ideia, pois sempre quis fazer um ensaio assim, mas nunca encontrara alguém com coragem o suficiente para tal. E agora ele tinha a mim!

Combinamos de fazer num local mais afastado, ainda a decidir, para evitar suspeitas e olhares curiosos. E eu também queria uma desculpa para viajar, já que tem um tempão desde a última vez.

Eu já estava me sentindo melhor e decidi parar de perturbar o meu pobre vizinho e falei que ia para casa. Porém, ele me surpreendeu e pediu para que eu ficasse, mas o olhar que ele me lançou nunca tinha visto. Subiu-me um calafrio na espinha e eu o encarei por breves segundos e nos beijamos! Instintivamente pulei e enlacei as minhas pernas na sua cintura, sem dar pausa ao movimento de nossas bocas. E nos deixamos levar de novo! Pela primeira vez, eu fiquei nervosa, ansiosa e senti meu coração acelerado enquanto estou com o Gustavo. E ele percebeu:

- Helena, por que seu coração está acelerado assim?

- Eu não sei! – respondi, retomando o fôlego

- Você nunca ficou assim. – colocou a mão em meu peito

- Parece que vai sair pela boca.

- Você quer parar? – indagou

- Não. – suspirei

Nesta altura já estávamos no quarto dele e atracados na cama. Gustavo começou brincando com os meus seios, apertando as minhas coxas, explorando cada parte do corpo. Depois, eu tomei a frente e fiz um oral nele, daquele jeito que eu sei que ele gosta. E não demorou muito para que estivéssemos completamente nus. Protegemo-nos devidamente e dessa vez eu fiquei por cima. Rebolei com vontade em cima dele, apoiando minhas mãos em seu peito. E nos não desgrudávamos nossos olhares um do outro. Não demorou muito até que atingíssemos o ápice.

Acabamos perdendo a noção da hora e eu dormi lá de novo. Despertei com os primeiros raios de sol que entraram pela janela. Eu ainda dormia abraçada ao Gustavo e adorei sentir o cheiro dele assim com tão cedo. Um pouco do próprio cheiro dele, misturado com o do pós-sexo. Eu poderia ficar ali observando ele dormir por muito tempo, mas no segundo seguinte, ele se mexeu e abriu os olhos e quando me viu, apenas sorriu.

- Bom dia, H. – ele disse – Quer tomar café?

- Bom dia, G. Será que a gente pode ficar aqui mais um pouco?

- Podemos!

E acabou que repetimos a dose da noite anterior, tendo uma maravilhosa transa matinal. Em seguida, nos vestimos – eu coloquei só o sutiã e calcinha e ele só a cueca - e fomos juntos pra cozinha e preparamos dois mistos-quentes e café com leite. Comemos sentados a mesa, num clima agradável e leve.

- Vai trabalhar hoje? – perguntei

- Sim, mas não vou sair para lugar nenhum. Por quê?

- Nada. Será que posso passar o dia aqui? Se não for incômodo.

- Claro que não, Helena. Já disse que gosto da sua companhia. Pode até me ajudar a escolher as fotos.

- Aproveitamos também para ver possíveis lugares para a sessão de fotos especial. E eu preciso adiantar alguns textos.

- E do livro? Nada ainda?

- Bem, o editor me sugeriu escrever alguns contos inéditos e botar no livro em vez de um Romance completo.

- É uma ótima ideia.

- Até porque eu tenho alguns contos engavetados. Bom, estão no meu caderno.

- Opa, será que posso ler? Ou vai me dizer que tem inspirada comigo lá também?

- Bem... Tem! Não preciso que todas as transas virem contos pro blog, mas algumas gosto de guardar para mim.

- Aquele dia que eu falei para não escrever sobre, você pôs nesse caderno?

- É! Desculpa por isso. Eu prometi que não ia.

- Não vou ficar com raiva se me deixar ler.

- Está bem!

Terminamos de tomar café e eu fui em casa para trocar de roupa, pegar meu notebook, o caderno secreto dos contos e trouxe comida para fazer o almoço – porque essa despensa está uma vergonha – e voltei para o apartamento do Gustavo. Ele se sentou no computador no escritório e eu fiquei sentada na poltrona que tem no mesmo cômodo, com uma almofada apoiada abaixo do notebook, organizando algumas coisas do blog e vendo sobre a viagem, enquanto ele ia editando as fotos que tirou ontem.

Fazendo companhia um para o outro apenas. E eu me distraí em alguns momentos pensando na conversa que tive com a terapeuta sobre ele. E eu fiquei tentando entender o meu coração acelerado de ontem. Agora eu estava normal, mesmo hoje quando acordei estava normal. Será que foi pelo calor do momento? Ou será que são meus sentimentos querendo transparecer?

sexta-feira, 5 de março de 2021

Capítulo 17 – Relacionamento

Acabei me deixando levar pelo sangue que ferveu e ajudei a Helena com o ex dela de novo. Eu sei que não deveria me meter, ela disse que resolve isso por ela mesma, mas eu não pude ver aquele cara tentando agarrá-la e beijá-la. Aliás, não consigo ver nenhum cara fazer isso e por muito menos, eu vou sim defender.

Chamei a Helena para vir aqui em casa, acho que não é bom que ela fique sozinha e eu ia me encontrar com ela de qualquer forma. Mesmo que seja só para ela ficar aqui assistindo alguma série.

Abri a porta, ela se sentou no sofá e eu fui pegar água. Entreguei-a e percebi que ela tremia bastante e estava chorando. Tenta confortá-la:

- Tá tudo bem, H. – sequei suas lágrimas

- Foi a primeira vez que eu o enfrentei depois desse tempo todo. Eu fiquei tão nervosa! – confessou – Por muito tempo eu só fugi.

- Se você estava mesmo nervosa, não notei até agora. Eu vi como foi firme com ele.

- Mas olha como eu estou agora... – disse cabisbaixa

- Importa é o que ele viu, que foi a Helena forte e empoderada. – levantei o queixo dela para que me olhasse

- Você tá falando igual minha psicóloga. – sorriu – Ela disse a mesma coisa hoje pra mim! Fico pensando se sou isso mesmo.

- É sim! – falei incisivo – É a dona de um blog incrível e que inspira muitas pessoas.

Ela não conseguiu dar uma resposta para isso. E eu, vendo aquela mulher que eu já admirava sem conhecer o rosto e que agora admiro por saber que ela não é perfeita igual eu imaginava, a beijei. Encontrando lentamente seus lábios meio molhados por causa do choro. E ela correspondeu, me abraçando e me puxando para mais perto.

Poucos minutos depois disso estávamos já agarrados no sofá, sem saber onde começava um e terminava o outro. Já tinha escurecido e eu até tinha comido em que festa que trabalhei, mas eu sou um saco sem fundo... Então, a fome me atingiu e se manifestou através de um som altíssimo da minha barriga, gritando por comida imediatamente. Helena riu de mim e perguntou:

- Quer comer alguma coisa?

- Bom, eu achei que você ia fazer o jantar.

- Não deu tempo, por causa daquele embuste. E você chegou mais cedo!

- Eu sei. Mas eu te ajudo a cozinhar, devo ter alguma coisa decente.

- Tipo macarrão?

- Exatamente!

- Isso serve!

Levantamos e fomos à cozinha preparar algo decente para comer. Ela abriu os meus armários e eu não fiz compras, porque tenho estado muito ocupado e estava tudo vazio. E eu tinha razão, só tinha macarrão e uns cremes de leite perdidos. Ela abriu a geladeira e viu que tinha um pedaço de bacon e leite. Além disso, tinham alguns ovos na bancada e que costumo comer de manhã.

- Mas isso aqui é uma vergonha viu, Gustavo.

- Você sabe que eu estava com grana curta e ainda não repus.

- Vou ter que pegar tomate e cebola lá em casa. Aqui não tem!

Ela saiu e logo depois, trazendo na mão o que disse que pegaria! Um de cada!

Então, começamos a cozinhar. Com Helena dando as instruções e tomando a frente, enquanto eu só ajudava. Não demorou muito e nosso macarrão a carbonara ficara pronto e nos sentamos a mesa para a refeição.

- Agora eu descobrir o porquê de você gostar de jantar comigo. Sua casa não tem comida!

Eu ri, sabia que ela estava brincando. Resolvi puxar assunto com ela:

- E a sua terapia? Como foi?

- Normal! Eu sempre falo um monte, ainda mais agora com tudo o que aconteceu.

- Eu já fiz quando adolescente, por causa do bullying, mas parei quando entrei na faculdade.

- Afetou a sua autoestima?

- Sim! Eu era magrelo, esquisito e isso era um prato cheio para valentões. Além da psicologia, eu fiz algumas aulas de luta, o que me ajudou bastante também.

- Por isso que conseguiu bater no Pedro e o derrubar tão facilmente?

- Sim! Sempre tive que brigar com quem era maior que eu! Então, eu sei o lugar certo para bater e com o mínimo de força dá resultado.

- Olha só! Mais uma faceta do Gustavo que eu conheço.

- E eu conheço muitas outras suas além da do blog.

- Sou muito diferente do que achava?

- Sim, mas no bom sentido. Eu não sei se falei, mas eu te tirei do pedestal de perfeição. Agora eu te enxergo de verdade.

- Vou encarar como um elogio.

- É um elogio! – sorri – Você é uma pessoa incrível e que conquistou tanta coisa sozinha. Eu te admito por isso!

- Eu te via só como uma pessoa aproveitadora e tive medo que você espalhasse meu segredo mesmo depois do acordo. Ainda bem que me enganei!

Ficou um pequeno silêncio em seguida. Um pouco constrangedor! Então, resolvi quebrar antes que piorasse:

- Se não for incômodo, pode lavar a louça? É que eu tenho que descarregar as fotos e editar também. Logo tenho que enviar pros clientes.

- Tudo bem! Vai lá!

Dirigi-me a meu escritório, que fica onde seria o outro quarto do apartamento. Liguei meu computador, peguei a câmera na sala, tirei o cartão de memória e encaixei no leitor. Passei as fotos para as pastas dos arquivos, onde mantenho tudo organizado. Depois de todas colocadas em seus devidos lugares, eu olho todas as fotos e vou separando as que quero ou não e vendo quais receberão alguma edição, que são coisas mínimas, como a mudança das cores, do brilho, essas coisas. Porém, nunca mexo muito em que está fotografado. Como disse antes, gosto das nuances das diferenças das pessoas, então, eu não edito para que os corpos pareçam perfeitos, deixo-os do jeito que são.

Eu estava tão distraído que nem percebi que Helena entrar e sentar no puff que tem ali. Eu dei um pulo da cadeira e ela gargalhou. E perguntou:

- Onde tirou essas fotos? Ficaram tão lindas!

Ela se referia as fotos da manhã, das duas mulheres lá no motel.

- Foi num motel lá para o outro lado da cidade.

- Adorei tudo! Elas, o cenário. Fico pensando se não podemos fazer um ensaio assim.

- Como é? – tive que virar para ela – Vai me explorar de novo?

- Não exagera. – comentou – Mas alguns leitores comentaram que seria bem legal ter um álbum de fotos minhas a venda. Pensei que a ideia pode ser boa!

- É sim! Podemos fazer de maneira digital e com o físico também. Sempre quis publicar um livro com as fotos que tirei. Mas, como faríamos isso?

- Esse ensaio que me deu a ideia. Podemos viajar para um lugar bem bonito e fazer umas fotos mais ousadas que essas.

- Quer dizer fotos nuas?

- Exatamente!

Acho que meus olhos brilharam, pois a Helena riu de mim.

- Sempre quis fazer um ensaio nu, mas nunca achei uma modelo que quisesse.

- Agora você tem! Organizamos tudo com calma para fazer ok?

- Ok!

- Bom, G, vou para casa. Obrigada de novo pela ajuda! – disse, se despedindo

Eu não queria que ela fosse, segurei em seu punho e falei:

- Fica aqui hoje!

- Você precisa trabalhar, não quero atrapalhar.

- Não vai. – disse me levantando – Eu posso fazer amanhã.

Pedi como uma súplica a ela. Ela sorriu e abruptamente acabamos nos agarrando. Seria mais uma noite daquelas!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Capítulo 16 - O ex ataca novamente

Ontem, eu e Gustavo tivemos uma conversa um pouco séria e até tensa, talvez mais do meu ponto de vista do que do dele. Eu não sei se o que ele está sentindo por mim é mais do que eu sinto por ele. Na verdade, eu ainda não tinha parado para pensar direito sobre minha relação e muito menos meus sentimentos por ele. Só estou levando isso como uma amizade colorida e uma companhia de foda mesmo. Não me vejo namorando alguém ainda, não ao pensar racionalmente no assunto.

Logo de manhã, acordo, tomo meu café, me arrumo e vou para a minha terapia. Eu vou uma vez a cada quinze dias! Tem já alguns anos, quase dois para ser exata. E o foco do dia eram sobre meus complexos com o blog, com o reaparecimento do meu ex e também da conversa com o Gustavo.

Tinha acontecido muita coisa nesses poucos 15 dias, mas do meu amigo de foda ela já sabia. Mas, as outras coisas eu vou ter que atualizá-la. Não sei se uma hora de sessão vai ser suficiente para tal. Cheguei, nos cumprimentamos e me sentei numa das poltronas e ela ficou na outra. Logo ela perguntou como eu estava e o que tinha acontecido no intervalo de tempo entre uma sessão e outra. E logo fui despejando tudo, contando com mais detalhes sobre o reaparecimento do meu ex, o almoço de família e sobre o Gustavo. E ela, pontualmente, comentou sobre os assuntos.

- Não acha que está na hora de dar um ponto final nessa história com seu ex? Entendo que já falou com ele diversas vezes e há a medida restritiva, antes que aconteça algo mais grave, diga que você realmente não quer mais nada, em alto e bom som.

- Isso vai ser difícil. Tanto para ele entender, já que não respeita a distância, quanto eu conseguir falar sobre.

- Não vale a pena tentar? Transfira a força que aquela Helena do blog tem para a Helena da vida real. Aquela está em algum lugar ai!

- Eu estava pensando nisso. Estou cansada de fugir.

E falou sobre meu anonimato com o blog...

- E também precisa criar coragem para contar a sua família sobre o blog. Eles precisam saber!

- Seria muito criticada por eles.

- Mas e sua irmã e prima? Comece por elas!

- É uma boa ideia! – sorri

E sobre o Gustavo...

- Ele te perguntou isso?

- Sim. Eu fiquei tão nervosa! Talvez seja porque não me sinto pronta pra outro relacionamento.

- Não, você sente medo de se machucar igual antes. Porque, por mais entranha que seja, você já tem uma relação com ele. Sabe o que sente por ele?

- Eu nunca tinha parado para pensar...

- Você gosta dele. Do jeito que fala, dá para perceber! Agora se é por amizade ou por romance, só você pode dizer. Reflita sobre isso! Mas, da mesma maneira que ele falou, não se pressione, faça no seu tempo.

E assim, conversamos sobre mais algumas coisas da minha autoconfiança e sobre o resultado dos exercícios que tenho feito nos últimos tempos. E por incrível que parível, a sessão acabou no horário.

Sai de lá e parei para almoçar no caminho, aproveitando para ir a um dos restaurantes que mais gosto e que tem perto da minha casa, o mesmo em que encontrei o Pedro naquele domingo à noite e fugi dele de novo. Minha terapeuta tem razão: tenho que dar um ponto final nisso, de uma vez. Eu já tentei outras vezes, mas mais fugindo do que enfrentando.

Depois de comer, voltei para casa, tomei um banho e fiquei de bobeira assistindo algo na TV, sem perceber a hora passar.

Então, enquanto relaxava tomando uma xícara de chá, já no meio da tarde, meu interfone toca. O que indica uma visita! Não, a única pessoa que estou esperando é o Gustavo e mais tarde. Quem será? Atendo e o porteiro diz:

- Sra. Helena , tem um homem aqui chamado Pedro, ele quer saber se tem permissão para subir.

Não acredito que ele me encontrou de novo. Que inferno! E o porteiro deu a minha localização dentro do condomínio de mão beijada para ele. Tudo bem que ele não sabe do histórico, não o culpo, ela só está fazendo o trabalho dele. A questão é: como ele me achou? Será que alguém o indicou?

Bom, não era muita hora para pensar nisso. Queria ter mais calma e preparo para lidar com a tarefa que recebi da psicóloga, mas a vida quis pregar mais uma de suas peças. Eu queria escolher esse momento, mas tudo bem. Então, me motivei mentalmente para conseguir. Imediatamente respondi:

- Não! Eu desço ai! Obrigada!

Com a roupa que estava, peguei o elevador e desci. Assim que porta se abriu, sai e lá estava ele, de braços cruzados na entrada e assim que me viu, sorriu maliciosamente. Aproximei-me dele, que disse:

- Helena, querida. Descobri que você morava aqui e vim te ver.

- E quem te disse que morava aqui?

- Ora, seu irmão.

- Ah, ele. – sorri, sem graça – E o que você quer?

Ele ficou uns segundos em silêncio, sem entender se aquilo era de verdade, eu não tinha fugido ainda.

- Vim lhe falar para voltar a namorar comigo.

- Olha, Pedro, eu já te disse que não.

- E por que não? A gente se dava tão bem. Por favor, eu te amo.

- Eu já te disse meus motivos todas às outras vezes. E infelizmente, não é só amor que sustenta uma relação.

- Helena, por favor, eu preciso de você.

- Não, você não precisa. – soltei, já sentindo a raiva subir a minha espinha – Você precisa é de uma mulher para inflar seu ego e ser o seu capacho.

- Não diga isso, Helena. Eu nunca te tratei mal!

- Ah, Pedro, faça-me o favor. Isso é mentira! Nunca vou esquecer quantos vezes você mandou-me trocar de roupa, me proibiu de sair, e claro, quando pegou todos os meus rascunhos e jogou fora. Você fazia eu me sentir péssima todos os dias! Eu sentia que não valia nada! Eu posso ficar horas e mais horas aqui listando todos os traumas que você me deu e até hoje eu tento curar.

- Eu posso te ajudar com isso.

- Entenda! Eu não quero mais nada com você! - gritei

- Mas, a sua mãe disse...

- Como é que é? – bufei – O que ela disse?

- Disse que você ainda gostava de mim e fugia por medo.

- Eu não acredito nisso! – cruzei os braços – Saiba que ela mentiu para você.

- Helena... – ele ainda insistia e pegou no meu braço

- Não encosta em mim! – esbravejei

E então, me agarrou a força, segurando meus pulsos. Eu sabia que ia me forçar de novo a beijá-lo. Tentei inutilmente me soltar e vi que foi uma péssima decisão ter descido. Eis que escuto o portão do condomínio abrir e fechar logo em seguida e rapidamente olho para a direção do som e lá vem Gustavo, com a bolsa dos seus equipamentos transpassada no peito, se aproximar. Então, tirou a mão de Pedro de cima de mim e falou:

- Ela já não foi o suficientemente clara que não quer mais nada com você?!

- Ei, cara, a gente só estava conversando.

- Conversando? Sei!

- Agora ela precisa de você para se defender?

- Se necessário for, sim! Mas, sei bem que ela se vira sozinha.

- Vai ficar mesmo com esse merda, Helena? Vai me trocar por esse cara?

- E se for, o que pode fazer? Nada! – respondi – E, por favor, quero que respeite a minha decisão!

- Eu vou falar sobre isso com sua família e a sua mãe.

- Acredite, me ameaçar com isso não funciona mais. Não sou mais a mesma pessoa que conheceu.

- É isso o que vamos ver!

- Ah, Pedro, faça o que você quiser. Eu não quero mais nada com você e quero que respeite a distância.

- Você ainda vai perceber que sou o melhor para você.

E simplesmente saiu. Eu me mantive com o olhar firme sobre ele, até que ele se virou e me observou uma última vez. E eu fiquei séria e imponente. Eu precisava encarar isso. Não foi da forma que eu esperava e sei que isso ainda não teve um “ponto final”. Eu só quero ter paz!

Assim que ele sumiu de vista, eu baixei meu olhar e senti o fundo dos olhos arderem e as lágrimas querendo sair. Gustavo perguntou:

- Você está bem? Desculpa, eu não queria me meter nesse seu assunto de novo.

- Não, tudo bem. Obrigada! – sorri, olhando para ele – Eu preciso é resolver isso de uma vez! Eu não aguento mais! Só quero viver em paz!

- Quer ir lá para casa? – ele indagou

- Sim, eu preciso de companhia agora.

Entramos, subimos de elevador e fomos para o apartamento dele.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Capítulo 15 – Trabalho sem fim

Foi meio difícil trabalhar depois daquela noite maravilhosa com a Helena. Não sei se tudo o que aconteceu foi por causa do ex dela ter reaparecido. Junto com meu cansaço e preocupação por causa dela, foi complicado manter a concentração durante a sessão de fotos. Fui a um parque que tem aqui na cidade fazer um ensaio de 15 anos. Os pais da aniversariante se interessaram pelo meu trabalho porque eu faço coisas variadas.

Foi um ensaio leve e divertido! A menina ficou com vergonha no início, mas eu fui brincando com ela e a deixando mais à vontade. As fotos ficaram lindas e tanto a menina e os pais adoraram o resultado.

Durante o trajeto de volta, recebi mensagem da Helena me chamando para jantar. Dessa vez não foi uma refeição tão elaborada e que eu gosto muito, porém ela não superou a receita da minha mãe.

Ela me surpreendeu contando o ocorrido com ela mais cedo e também fez um pedido, justamente por causa do ex. Agora, para casos eventuais, vou fingir ser o namorado dela. Eu espero que o plano funcione!

Depois que arrumamos toda a bagunça do jantar, não resistimos muito tempo e começamos a nos agarrar ali mesmo e fomos para o quarto. Ela tinha me prometido a calcinha comestível e logo levantei o vestido dela para ver e lá estava, minúscula e bem vermelha. Não pensei duas vezes e mordi uma das bordas e comi um pedaço e senti o gosto de morango. Comi um pouco daquele lado e deixei a mostra o que eu queria da Helena. Mordi o outro lado e puxei, levando a peça pendurada na boca e jogando em cima da Helena.

- Você nem comeu tudo. – ela protestou

- Deixei um pedaço para você. É de morango! – sorri faceiro

Ela comeu uma parte e sorriu.

- Realmente é bem gostoso! Lembra sorvete e acabei de lembrar que o meu acabou. – riu

Dei um beijo nela, com vontade. Senti um calafrio subir no meu corpo e um calor dentro da minha bermuda, mas eu podia esperar por isso um pouco mais.

Fui em direção a parte livre de Helena, onde antes estava a calcinha que comi parte e comecei a lamber, morder de leve, enquanto ela se abria cada vez mais para mim, gemendo baixo.

- Gustavo, por favor. – ela pediu

- Por favor, o quê?

- Só vem logo. Eu quero você!

- O que anda acontecendo com você esses dias?

- Não esquece a camisinha, tem daquelas na gaveta.

- Pode deixar!

Tirei a bermuda e a cueca e coloquei a proteção. Até eu estava assustado no quão duro eu estava, nunca achei ser possível ficar daquele tamanho. Não que eu tenha dos maiores, mas ele estava além do normal.

Penetrei e comecei os movimentos que sempre faço de vai e vem. Helena estava relaxada e estirada na cama, o que é uma bela visão. Mas, não queria ela ali, a queria mais perto.

- Ei, H, chega mais perto.

Não reclamou, apenas a ajudei a levantar e ela ficou sentada da minha frente, abraçada a mim e começou a se mexer. Ela descabelava meus cabelos e olhava diretamente nos meus olhos enquanto rebolava em cima de mim. Não resisti e a beijei com vontade de novo, depois apertei levemente seus seios. Seu corpo se contorcia com os estímulos!

Nenhum de nós dois estava com pressa para acabar. Ficamos ainda mais um tempo naquela posição e fomos trocando, o que gerava gemidos diferentes, vindo tanto de mim quanto dela. Por fim, ela ficou de quatro e só me implorou para ir com mais força. E acabou me apertando inteira antes que nós gozássemos.

Ela ficou caída de bruços na cama e eu sentei ao lado dela. O cabelo escondendo o rosto. Revelei seu rosto e sorri para ela, que respondeu da mesma forma.

- Vai dormir aqui hoje? Ou vai trabalhar amanhã?

- Amanhã vai ser cedo, mas bem que eu queria fica aqui.

- Melhor ir descansar. – disse e se sentou a minha frente

- Eu ainda nem sei como agradecer por tudo.

- Não precisa, já falei. Somos amigos.

- Amigos, H? – não sei porquê disse isso, mas saiu

- Amigos coloridos! – sorriu

- E se eu quisesse algo mais com você?

- Tipo?

- Se o nosso namoro não fosse mentira para espantar o seu ex.

- Por que veio com essa pergunta do nada? – ela parecia na defensiva

- Eu só quero saber! – peguei em sua mão – Seja sincera!

- Eu aceitaria! Eu gosto muito de você, G!

- Eu também gosto muito de você, H.

- Só que eu ainda não me sinto 100% pronta para entrar num relacionamento de novo, mesmo depois de tanto tempo do meu ex.

- Não se sinta pressionada. – resolvi me explicar – Sabe que não faria nada que você não quisesse. Podemos ir com calma. – coloquei uma mecha de cabelo dela atrás da orelha

- Obrigada por entender. Por favor, não ache que estou sendo evasiva.

- É o mínimo que posso fazer. E fosse evasiva, H, eu não estaria nem aqui.

- Eu só tenho medo por um lado sabe. – suspirou – Eu vou precisar falar disso na terapia amanhã.

- Eu entendo perfeitamente.

Apenas nos abraçamos depois disso. Eu não sei que impulso tive de perguntar tudo isso para a Helena. Acho que nós estamos começando a ficar confusos com essa nossa relação.

Voltei para casa e logo fui dormir. Eu tenho uma sessão de fotos logo agora de manhã. E ainda haverá outra sessão à tarde. Ambas vão ser longas!

Por enquanto, estou num quarto de motel esperando que as minhas clientes, que são duas amigas terminem de se arrumar. Elas querem fazer um ensaio sensual, bem do estilo do que fiz com a Helena, para ter as fotos para si. Talvez até façam umas nudes mais sofisticadas! Obviamente elas são leitoras assíduas do Contemporânea Erótica. E este quarto, é um dos mais caros ouso dizer, foi escolhido como o nosso cenário. Não acho tão esquisito, é até aceitável porque está bem decorado e dá muito para aproveitar todos os espaços para as fotos.

As duas amigas que serão minhas modelos estão bem longe de ter estar dentro do ideal de beleza que se vê por ai. Ambas já são mães e estão longe de serem o símbolo da magreza. E eu acho que é essa é a beleza de todas as pessoas, é ser diferente entre si. Existem vários tipos de corpos, em altura, no formato de corpo, cor dos cabelos, cor da pele. E foram essas nuances que me fizeram virar fotógrafo, para poder mostrar isso, da forma como vejo essa beleza. Foi isso o que eu pensei quando fiz a proposta das fotos para a Helena. Eu sabia que as fotos que ela postava no blog tinham potencial para serem maravilhosas, mas eu sei o quanto as próprias pessoas veem o corpo delas de forma diferente. É por isso que eu amo fotografar pessoas e não lugares, porque gosto de ver a reação delas quando percebem que podem ficar bonitas em fotos. Muitas pessoas acreditam que não são bonitas, mas eu discordo. Cada pessoa é bonita a sua maneira!

As mulheres saíram vestindo roupões e ainda com um pouco de vergonha de mim. Estavam com cabelos arrumados e com a maquiagem bem forte. Ainda lembro o que elas disseram que queriam com este ensaio. Apenas se sentirem mais confiantes e terem essas fotos de lembrança para si!

- Querem começar por onde? – perguntei do jeito mais natural possível

- Na cama? Pode ser? – uma delas disse confusa

- Comecemos por lá então. Querem colocar uma música para ficarem mais à vontade?

- Sim, por favor!

E assim o fizemos. Ironicamente, esse ensaio me lembrou um bocado o que eu fiz com a Helena. Toda a vergonha e a parte da música – que é até bem normal de pedir para colocarem – e depois elas se soltaram. Iam cantando e dançando e rindo uma da outra. Elas estavam leves e eu também! Tiramos fotos no jardim e até na banheira do quarto. Foi uma manhã muito divertida!

Depois que terminamos as fotos, elas se trocaram, me pagaram e nos despedimos na entrada do motel. Os atendentes até acharam engraçado toda a situação, mas aceitaram de boas. Até porque provavelmente devem ter visto coisa mais estranhas!

Peguei um ônibus em direção ao meu destino da tarde, que era fotografar mais uma festa de aniversário, dessa vez num daqueles salões infantis. A minha barriga já estava roncando e eu estava rezando para que tivesse almoço na festa. E minhas expectativas estomacais e digestivas foram atendidas, teve almoço e tudo mais que tinha direto na festa.

Esse trabalho durou até mais menos umas quatro da tarde, então, após receber, agradeci e peguei outro ônibus de volta para casa. Eu me arrependo e muito de não ter feito autoescola e não sabe dirigir, tem dia é que é horrível andar com esses equipamentos no transporte. Diversas vezes eles já quase caíram e quebraram, ainda bem que tenho bons reflexos.

Desci no ponto que é um pouco antes do prédio e caminhei pela calçada até ver a entrada. Não leva cinco minutos e me surpreendo com a cena que vejo. Helena está conversando com alguém ali no hall da frente, ou melhor, gritando com alguém. Não demora muito para eu distinguir quem é quando ele simplesmente se acha no direito de agarrá-la. O meu sangue ferve e eu não penso duas vezes antes de fazer alguma coisa!

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Capítulo 14 - Apenas mais um acordo?

Eu transei de novo com o Gustavo ontem à noite, mesmo depois de tudo o que aconteceu com o aparecimento do meu ex lá na praça. Mesmo preenchida pelos medos e pela aflição do meu ex me encontrar de novo. Devo confessar que eu estava com saudade do Gustavo, mas não apenas da companhia dele, mas do sexo também. E eu estava tão louca por ele que quis sentí-lo por inteiro e plenamente dessa vez. A sensação quente que me preencheu quando atingimos o ápice foi maravilhosa.

Eu poderia ficar a noite toda ali, deitada sob o corpo dele enquanto ele fazia carinho em meus cabelos. Porém, diferente de mim, ele iria trabalhar e não podia tirar-lhe a noite de sono prendendo ele no meu apartamento. Levantei-me e o chamei para tomar banho comigo, que estranhou.

- Helena, você me chamando para tomar banho junto?

- Tem sempre a primeira vez. Alias, não vou te mandar para casa todo fedendo a sexo, mesmo que more do outro lado do corredor.

Ainda bem que ele aceitou. Joguei a minha cabeça debaixo do chuveiro, mesmo que tivesse bem pouco tempo que o cabelo estava úmido. Gustavo também entrou naquela água gelada. E o que era óbvio aconteceu, a gente acabou se atracando de novo no chuveiro. Mal nos secamos e me carregou no colo até a cama, me jogando nela. Ele claramente queria de novo e eu também. E dessa vez, deixei que ele assumisse a situação e me usasse do jeito que quisesse. Entreguei-me totalmente a ele. Sentindo meu corpo pulsar e se arrepiar com cada toque das mãos dele. Nossas bocas não se desgrudavam nem um segundo, enquanto ele investia dentro de mim e eu segurava meus gemidos porque a parede do vizinho era bem ali do lado e eu não queria que nos ouvissem pois já era tarde.

Não demorou para que eu tivesse o meu segundo orgasmo por causa do Gustavo. Meu corpo inteiro se contraiu e o senti me apertar em seus braços e sabia que ele tinha chegado lá também. No fim, nos olhamos e sorrimos um para o outro.

- Acho que vou dormir aqui. – disse ele – Eu não aguento andar depois disso.

- Não vai mesmo te atrapalhar pra amanhã?

- Eu vou só depois do almoço, de manhã estou livre.

Sorri com a resposta, peguei um cobertor e nos cobrimos. Dormimos abraçados um no outro, num silêncio que só aquela noite permitia.

***

Acordei só quando o sol me incomodou e Gustavo ainda dormia do meu lado, mas deitado de bruços. Eu percebi que ele se mexeu durante a noite e acabou se descobrindo, o que agora deixava que eu visse sua bunda num momento privilegiado. A vontade de dar um tapa era grande, mas quis deixar o anjinho dormindo. Coloquei a coberta nele, vesti uma roupa e rumei em direção a cozinha, para fazer o café da manhã.

Enquanto remexia as panelas, preparando os ovos mexidos e o café terminava de passar no coador de pano, ele acordou e parou na frente da porta da cozinha. Virei-me para dar bom dia, mas tomei um leve susto quando vi que ele estava pelado. (Não que fosse nada que já não tivesse visto. Só que meus olhos foram direto para o abdômen e “vocês sabem onde” dele.)

- Vai se vestir para podermos comer.

- Você está me mimando demais, assim vou ficar mal acostumado.

- É só um café da manhã, Gustavo.

- Depois de uma foda e de eu ter dormido aqui. O que você está tramando, Helena?

- Não estou tramando nada! – respondi

- Transamos sem camisinha ontem. Se quer me aplicar o golpe da barriga...

- Para de graça! Eu sou independente e tenho meu próprio dinheiro.

- Então, por que quis fazer sem logo agora?

- Gustavo, eu só quis. – fiz careta – Claro que tenho medo de engravidar...

- Eu estou brincando, você sabe. Não vou te julgar! Mas, está difícil colocar nossas transas numa lista de melhores, todas são!

- Também não é pra tanto, G. Só que tenho que concordar que a de ontem foram das melhores sim.

- E ainda não vi as calcinhas comestíveis que me prometeu. Ou esqueceu que a caixa existe? – ele foi incisivo

- Não esqueci! Se quiser, venha aqui a noite que estarei usando uma especialmente para você.

Depois disso, comemos a refeição que preparei em menos de dez minutos. Ele foi para casa e eu fiquei sentada no computador escrevendo mais um dos contos que só uma noite como aquelas é capaz de render. Já estava até pensando qual seria o dia daquela semana que a postagem ia ser lançada ao blog, que estava bem agitado desde a última semana por causa das fotos novas. Muitas visitas novas vieram por causa delas!

Então, enquanto escrevia mais uma das postagens no blog, ajeitando com as fotos e tudo mais, recebo uma mensagem na minha rede social pessoal. E no momento em que vi a foto daquele homem que fez um inferno na minha vida, eu fiquei nervosa e meu coração acelerou. Não pode ser! A mensagem era:

Olá, Helena querida. Lembra de mim? O seu tão amado namorado. Que pena que não conseguimos conversar ontem, já que aquele outro interrompeu a nossa conversa. Mas pode deixar que não vão se esconder de mim por tanto tempo. Vou achar o lugar que você mora e dar uma surra nele. E claro, ficar com quem nunca deveria ter me deixado.”

Meu sangue ferveu e eu tive que responder:

Não o envolva nisso! E eu já fui clara com você, nas diversas vezes que me encontrou que não quero mais nada com você. Entenda isso de uma vez!”

Vai me trocar por aquele bosta? Eu sou muito melhor do que ele.”

Que bom para você. Pois eu discordo! E sabia que nem é preciso de muito para ser melhor do que você, só ser decente.”

Ai, eu perdi a paciência e já o bloqueei logo. Não era a primeira vez que ele vinha via rede social para me abordar. Não sei se ele está desesperado ou só quer me perturbar de novo. Eu sei bem o quanto ele se dá bem com minha família e por isso ainda insistem que voltemos, mas nem sabem de toda a história que aconteceu e se eu contar pode ter certeza que vão dizer que foi por minha culpa, porque não cuidei dele direito ou vão só inventar uma desculpa. Eu convivo com uma família claramente machista e isso é muito triste!

Até fui fazer o meu almoço depois daquilo, deixando o computador de lado durante a tarde todo e me prendendo em uma pequena maratona de série. Quando vi a hora quase tomei um susto com o tempo que eu gastei naquilo, mas eu me perdoei porque a série é realmente boa e algumas vezes podemos nos dar o luxo de ficar uma tarde de bobeira. Olhei o meu telefone e tinha uma mensagem do Gustavo:

Que horas quer eu vá ai, H? Vai ter jantar?”

Venha lá pelas 20h, se não for tarde. Vou preparar algo para nós, mas menos elaborado.”

Está ótimo. Assim que chegar, tomo um banho e vou ai!”

Então fui à cozinha e preparei uma comida não tão complexa e que, confesso, gosto bastante: estrogonofe. Fiz um arroz, preparei o frango e coloquei o creme de leite depois, jogando temperos que ajudassem a dar uma cor alaranjada a meu molho. O cheiro que subiu foi maravilhoso e meu estômago roncou! Ainda bem que faltava pouco para Gustavo chegar.

Fui tomar um banho e deixei a calcinha comestível separada para vestir depois, as outras que usara antes tinham me incomodado muito, então achei melhor coloca-la só para cumprir sua função. Lavei o cabelo, passei um creme hidratante na pele. E nem me arrumei, só botei uma outra roupa de casa.

Logo a minha campainha tocou e pelo olho mágico confirmei ser o meu vizinho gostosão – que já virou um amigo gostosão e meu amigo de sexo – e abri. Cumprimentamo-nos e eu pedi para que ele se sentasse a mesa enquanto trazia as panelas da cozinha. Coloquei a panela de arroz e a do estrogonofe na mesa e claro, sem esquecer da batata palha para completar. E só para não deixar passar, havia uma salada simples de alface e tomate.

- Oba! – exclamou Gustavo – Eu estava doido para comer estrogonofe. Como adivinhou?

- Não adivinhei, é que eu queria comer também. – sorri – Vamos ver se aprova a minha receita.

- Bom, é meio difícil superar o da minha mãe, mas veremos.

- Alias, - mudei brevemente de assunto – quando vou no seu almoço de família?

- Já ia comentar sobre isso. Vai ter um nesse final de semana, mas no domingo.

- Ótimo! – e involuntariamente eu lembrei daquele embuste do meu ex

- O que houve, Helena? – Gustavo indagou – Seu ex apareceu de novo?

- Sim e não. Ele veio me perturbar por mensagem.

- No celular? – ele se desesperou – Ele não tem seu número né?

- Não. Ainda bem, senão não ia ter paz. Foi pela rede social. Ele acaba criando perfis novos e até fakes para falar comigo, mas eu já estou calejada de tudo o que ele fez comigo e tudo o que faz para se reaproximar de mim. Eu já bloqueei esse perfil novo!

- Se precisar de alguma coisa com relação a esse assunto, já sabe.

- Na verdade, eu queria sim. Se não for abusar da sua boa vontade. Podemos fazer um outro acordo?

- E claro seria? – perguntou curioso

- Eu quero afastar meu ex de vez, então pensei que você podia fingir ser meu namorado. – olhei encabulada para ele

- Sem problemas, H. Eu só espero que isso o afaste de vez.

- E em troca... Bom... – mexi a comida pensando

- Não precisa de nada em troca. Faço pela nossa amizade!

- Pensarei em algo para te recompensar.

- Não é necessário!

- Mesmo assim, vou descobrir como retribuir. Mudando de assunto... Escrevi outro conto sobre a gente. Acabei me empolgando e escrevi logo depois que você saiu de manhã e nem perguntei se tinha problema.

- Nenhum problema. Eu fico matutando se não poderia compilar esses contos num livro. E por falar em livro...

- Ainda não saiu! Está horrível me inspirar e com meu ex surgindo de novo, só piora. Ainda bem que tenho terapia amanhã.

- Eu queria continuar com a minha, mas nem deu pela falta de grana.

- Por que fazia? – questionou curiosa

- Eu tenho alguns problemas pois sofri bullying quando mais novo e isso afetou a minha confiança.

- Sinto muito por isso. – falei

Continuamos a comer num clima agradável e Gustavo elogiou muito o meu estrogonofe, mas disse que só ficou atrás do que a mãe dele faz, que é o melhor de todos.

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