sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Capítulo 14 - Apenas mais um acordo?

Eu transei de novo com o Gustavo ontem à noite, mesmo depois de tudo o que aconteceu com o aparecimento do meu ex lá na praça. Mesmo preenchida pelos medos e pela aflição do meu ex me encontrar de novo. Devo confessar que eu estava com saudade do Gustavo, mas não apenas da companhia dele, mas do sexo também. E eu estava tão louca por ele que quis sentí-lo por inteiro e plenamente dessa vez. A sensação quente que me preencheu quando atingimos o ápice foi maravilhosa.

Eu poderia ficar a noite toda ali, deitada sob o corpo dele enquanto ele fazia carinho em meus cabelos. Porém, diferente de mim, ele iria trabalhar e não podia tirar-lhe a noite de sono prendendo ele no meu apartamento. Levantei-me e o chamei para tomar banho comigo, que estranhou.

- Helena, você me chamando para tomar banho junto?

- Tem sempre a primeira vez. Alias, não vou te mandar para casa todo fedendo a sexo, mesmo que more do outro lado do corredor.

Ainda bem que ele aceitou. Joguei a minha cabeça debaixo do chuveiro, mesmo que tivesse bem pouco tempo que o cabelo estava úmido. Gustavo também entrou naquela água gelada. E o que era óbvio aconteceu, a gente acabou se atracando de novo no chuveiro. Mal nos secamos e me carregou no colo até a cama, me jogando nela. Ele claramente queria de novo e eu também. E dessa vez, deixei que ele assumisse a situação e me usasse do jeito que quisesse. Entreguei-me totalmente a ele. Sentindo meu corpo pulsar e se arrepiar com cada toque das mãos dele. Nossas bocas não se desgrudavam nem um segundo, enquanto ele investia dentro de mim e eu segurava meus gemidos porque a parede do vizinho era bem ali do lado e eu não queria que nos ouvissem pois já era tarde.

Não demorou para que eu tivesse o meu segundo orgasmo por causa do Gustavo. Meu corpo inteiro se contraiu e o senti me apertar em seus braços e sabia que ele tinha chegado lá também. No fim, nos olhamos e sorrimos um para o outro.

- Acho que vou dormir aqui. – disse ele – Eu não aguento andar depois disso.

- Não vai mesmo te atrapalhar pra amanhã?

- Eu vou só depois do almoço, de manhã estou livre.

Sorri com a resposta, peguei um cobertor e nos cobrimos. Dormimos abraçados um no outro, num silêncio que só aquela noite permitia.

***

Acordei só quando o sol me incomodou e Gustavo ainda dormia do meu lado, mas deitado de bruços. Eu percebi que ele se mexeu durante a noite e acabou se descobrindo, o que agora deixava que eu visse sua bunda num momento privilegiado. A vontade de dar um tapa era grande, mas quis deixar o anjinho dormindo. Coloquei a coberta nele, vesti uma roupa e rumei em direção a cozinha, para fazer o café da manhã.

Enquanto remexia as panelas, preparando os ovos mexidos e o café terminava de passar no coador de pano, ele acordou e parou na frente da porta da cozinha. Virei-me para dar bom dia, mas tomei um leve susto quando vi que ele estava pelado. (Não que fosse nada que já não tivesse visto. Só que meus olhos foram direto para o abdômen e “vocês sabem onde” dele.)

- Vai se vestir para podermos comer.

- Você está me mimando demais, assim vou ficar mal acostumado.

- É só um café da manhã, Gustavo.

- Depois de uma foda e de eu ter dormido aqui. O que você está tramando, Helena?

- Não estou tramando nada! – respondi

- Transamos sem camisinha ontem. Se quer me aplicar o golpe da barriga...

- Para de graça! Eu sou independente e tenho meu próprio dinheiro.

- Então, por que quis fazer sem logo agora?

- Gustavo, eu só quis. – fiz careta – Claro que tenho medo de engravidar...

- Eu estou brincando, você sabe. Não vou te julgar! Mas, está difícil colocar nossas transas numa lista de melhores, todas são!

- Também não é pra tanto, G. Só que tenho que concordar que a de ontem foram das melhores sim.

- E ainda não vi as calcinhas comestíveis que me prometeu. Ou esqueceu que a caixa existe? – ele foi incisivo

- Não esqueci! Se quiser, venha aqui a noite que estarei usando uma especialmente para você.

Depois disso, comemos a refeição que preparei em menos de dez minutos. Ele foi para casa e eu fiquei sentada no computador escrevendo mais um dos contos que só uma noite como aquelas é capaz de render. Já estava até pensando qual seria o dia daquela semana que a postagem ia ser lançada ao blog, que estava bem agitado desde a última semana por causa das fotos novas. Muitas visitas novas vieram por causa delas!

Então, enquanto escrevia mais uma das postagens no blog, ajeitando com as fotos e tudo mais, recebo uma mensagem na minha rede social pessoal. E no momento em que vi a foto daquele homem que fez um inferno na minha vida, eu fiquei nervosa e meu coração acelerou. Não pode ser! A mensagem era:

Olá, Helena querida. Lembra de mim? O seu tão amado namorado. Que pena que não conseguimos conversar ontem, já que aquele outro interrompeu a nossa conversa. Mas pode deixar que não vão se esconder de mim por tanto tempo. Vou achar o lugar que você mora e dar uma surra nele. E claro, ficar com quem nunca deveria ter me deixado.”

Meu sangue ferveu e eu tive que responder:

Não o envolva nisso! E eu já fui clara com você, nas diversas vezes que me encontrou que não quero mais nada com você. Entenda isso de uma vez!”

Vai me trocar por aquele bosta? Eu sou muito melhor do que ele.”

Que bom para você. Pois eu discordo! E sabia que nem é preciso de muito para ser melhor do que você, só ser decente.”

Ai, eu perdi a paciência e já o bloqueei logo. Não era a primeira vez que ele vinha via rede social para me abordar. Não sei se ele está desesperado ou só quer me perturbar de novo. Eu sei bem o quanto ele se dá bem com minha família e por isso ainda insistem que voltemos, mas nem sabem de toda a história que aconteceu e se eu contar pode ter certeza que vão dizer que foi por minha culpa, porque não cuidei dele direito ou vão só inventar uma desculpa. Eu convivo com uma família claramente machista e isso é muito triste!

Até fui fazer o meu almoço depois daquilo, deixando o computador de lado durante a tarde todo e me prendendo em uma pequena maratona de série. Quando vi a hora quase tomei um susto com o tempo que eu gastei naquilo, mas eu me perdoei porque a série é realmente boa e algumas vezes podemos nos dar o luxo de ficar uma tarde de bobeira. Olhei o meu telefone e tinha uma mensagem do Gustavo:

Que horas quer eu vá ai, H? Vai ter jantar?”

Venha lá pelas 20h, se não for tarde. Vou preparar algo para nós, mas menos elaborado.”

Está ótimo. Assim que chegar, tomo um banho e vou ai!”

Então fui à cozinha e preparei uma comida não tão complexa e que, confesso, gosto bastante: estrogonofe. Fiz um arroz, preparei o frango e coloquei o creme de leite depois, jogando temperos que ajudassem a dar uma cor alaranjada a meu molho. O cheiro que subiu foi maravilhoso e meu estômago roncou! Ainda bem que faltava pouco para Gustavo chegar.

Fui tomar um banho e deixei a calcinha comestível separada para vestir depois, as outras que usara antes tinham me incomodado muito, então achei melhor coloca-la só para cumprir sua função. Lavei o cabelo, passei um creme hidratante na pele. E nem me arrumei, só botei uma outra roupa de casa.

Logo a minha campainha tocou e pelo olho mágico confirmei ser o meu vizinho gostosão – que já virou um amigo gostosão e meu amigo de sexo – e abri. Cumprimentamo-nos e eu pedi para que ele se sentasse a mesa enquanto trazia as panelas da cozinha. Coloquei a panela de arroz e a do estrogonofe na mesa e claro, sem esquecer da batata palha para completar. E só para não deixar passar, havia uma salada simples de alface e tomate.

- Oba! – exclamou Gustavo – Eu estava doido para comer estrogonofe. Como adivinhou?

- Não adivinhei, é que eu queria comer também. – sorri – Vamos ver se aprova a minha receita.

- Bom, é meio difícil superar o da minha mãe, mas veremos.

- Alias, - mudei brevemente de assunto – quando vou no seu almoço de família?

- Já ia comentar sobre isso. Vai ter um nesse final de semana, mas no domingo.

- Ótimo! – e involuntariamente eu lembrei daquele embuste do meu ex

- O que houve, Helena? – Gustavo indagou – Seu ex apareceu de novo?

- Sim e não. Ele veio me perturbar por mensagem.

- No celular? – ele se desesperou – Ele não tem seu número né?

- Não. Ainda bem, senão não ia ter paz. Foi pela rede social. Ele acaba criando perfis novos e até fakes para falar comigo, mas eu já estou calejada de tudo o que ele fez comigo e tudo o que faz para se reaproximar de mim. Eu já bloqueei esse perfil novo!

- Se precisar de alguma coisa com relação a esse assunto, já sabe.

- Na verdade, eu queria sim. Se não for abusar da sua boa vontade. Podemos fazer um outro acordo?

- E claro seria? – perguntou curioso

- Eu quero afastar meu ex de vez, então pensei que você podia fingir ser meu namorado. – olhei encabulada para ele

- Sem problemas, H. Eu só espero que isso o afaste de vez.

- E em troca... Bom... – mexi a comida pensando

- Não precisa de nada em troca. Faço pela nossa amizade!

- Pensarei em algo para te recompensar.

- Não é necessário!

- Mesmo assim, vou descobrir como retribuir. Mudando de assunto... Escrevi outro conto sobre a gente. Acabei me empolgando e escrevi logo depois que você saiu de manhã e nem perguntei se tinha problema.

- Nenhum problema. Eu fico matutando se não poderia compilar esses contos num livro. E por falar em livro...

- Ainda não saiu! Está horrível me inspirar e com meu ex surgindo de novo, só piora. Ainda bem que tenho terapia amanhã.

- Eu queria continuar com a minha, mas nem deu pela falta de grana.

- Por que fazia? – questionou curiosa

- Eu tenho alguns problemas pois sofri bullying quando mais novo e isso afetou a minha confiança.

- Sinto muito por isso. – falei

Continuamos a comer num clima agradável e Gustavo elogiou muito o meu estrogonofe, mas disse que só ficou atrás do que a mãe dele faz, que é o melhor de todos.

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