sexta-feira, 12 de março de 2021

Capítulo 18 – Sentindo algo

Gustavo tentou me animar bastante depois do ocorrido no hall. E conseguiu, na verdade!

Eu ainda não sei de que parte de mim saiu toda aquela força, enquanto por dentro eu estava gritando desesperadamente, de medo, de ansiedade. Pode ter sido a “eu do blog” como a minha terapeuta disse, mas creio que tenha sido um misto disso e do quanto eu amadureci nesse pouco tempo. Ainda consigo ver aquela Helena antiga, acuada e calada. Porém, a minha eu de agora, que conquistou independência de forma assustadora, está abraçando esta Helena do passado, que é a que aparece quando meu ex simplesmente surge, e lhe dá apoio. E foi essa Helena do passado que tomou coragem e falou. Foi essa Helena que chorou, porém junto com a outra que tinha orgulho.

E havia uma influência externa: Gustavo. Que pediu licença para aquela Helena insegura e chamou a outra, enquanto falava palavras de apoio e força. Segurando em minha mão e dizendo que o que eu tinha feito foi incrível. Disse isso dando de novo seu ombro e seu abraço para eu poder me segurar e desabafar. Ainda não deu tempo de pensar o que eu sinto por ele e tenho outras coisas a resolver e sei que ele vai esperar por isso. Agora, prefiro apenas aproveitar e agradecer por tudo o que ele tem feito.

E algo - um tanto esperado e inesperado ao mesmo tempo - aconteceu e nos beijamos. Só não da maneira selvagem e desesperada quando queremos transar. Ele encostou levemente os lábios nos meus e eu o trouxe para perto de mim. Ficamos alguns minutos ali, trocando carícias, meio embolados no sofá, mas curtindo o momento.

Eis que a barriga do Gustavo deu sinal de vida e eu tive que alimentá-lo. Meio que juntei as poucas coisas que ele tinha de comida – e dei o puxão de orelha devido – e fiz algo para jantarmos. E como sempre, o clima foi agradável e leve, onde descobri mais um pouco sobre ele.

Fui encarregada da louça e nem demorei muito, pois era apenas uma panela e alguns pratos, já que o resto nós lavamos durante o preparo da refeição.

Dirigi-me ao escritório e vi que o Gustavo estava olhando fotos dos ensaios e vi um que eram duas mulheres, vestidas em lingerie. Aquilo me deu uma ideia, junto com algumas sugestões que recebi de leitores e que era algo que sempre quis fazer: um ensaio nu.

Falei com Gustavo e ele ficou todo animado com a ideia, pois sempre quis fazer um ensaio assim, mas nunca encontrara alguém com coragem o suficiente para tal. E agora ele tinha a mim!

Combinamos de fazer num local mais afastado, ainda a decidir, para evitar suspeitas e olhares curiosos. E eu também queria uma desculpa para viajar, já que tem um tempão desde a última vez.

Eu já estava me sentindo melhor e decidi parar de perturbar o meu pobre vizinho e falei que ia para casa. Porém, ele me surpreendeu e pediu para que eu ficasse, mas o olhar que ele me lançou nunca tinha visto. Subiu-me um calafrio na espinha e eu o encarei por breves segundos e nos beijamos! Instintivamente pulei e enlacei as minhas pernas na sua cintura, sem dar pausa ao movimento de nossas bocas. E nos deixamos levar de novo! Pela primeira vez, eu fiquei nervosa, ansiosa e senti meu coração acelerado enquanto estou com o Gustavo. E ele percebeu:

- Helena, por que seu coração está acelerado assim?

- Eu não sei! – respondi, retomando o fôlego

- Você nunca ficou assim. – colocou a mão em meu peito

- Parece que vai sair pela boca.

- Você quer parar? – indagou

- Não. – suspirei

Nesta altura já estávamos no quarto dele e atracados na cama. Gustavo começou brincando com os meus seios, apertando as minhas coxas, explorando cada parte do corpo. Depois, eu tomei a frente e fiz um oral nele, daquele jeito que eu sei que ele gosta. E não demorou muito para que estivéssemos completamente nus. Protegemo-nos devidamente e dessa vez eu fiquei por cima. Rebolei com vontade em cima dele, apoiando minhas mãos em seu peito. E nos não desgrudávamos nossos olhares um do outro. Não demorou muito até que atingíssemos o ápice.

Acabamos perdendo a noção da hora e eu dormi lá de novo. Despertei com os primeiros raios de sol que entraram pela janela. Eu ainda dormia abraçada ao Gustavo e adorei sentir o cheiro dele assim com tão cedo. Um pouco do próprio cheiro dele, misturado com o do pós-sexo. Eu poderia ficar ali observando ele dormir por muito tempo, mas no segundo seguinte, ele se mexeu e abriu os olhos e quando me viu, apenas sorriu.

- Bom dia, H. – ele disse – Quer tomar café?

- Bom dia, G. Será que a gente pode ficar aqui mais um pouco?

- Podemos!

E acabou que repetimos a dose da noite anterior, tendo uma maravilhosa transa matinal. Em seguida, nos vestimos – eu coloquei só o sutiã e calcinha e ele só a cueca - e fomos juntos pra cozinha e preparamos dois mistos-quentes e café com leite. Comemos sentados a mesa, num clima agradável e leve.

- Vai trabalhar hoje? – perguntei

- Sim, mas não vou sair para lugar nenhum. Por quê?

- Nada. Será que posso passar o dia aqui? Se não for incômodo.

- Claro que não, Helena. Já disse que gosto da sua companhia. Pode até me ajudar a escolher as fotos.

- Aproveitamos também para ver possíveis lugares para a sessão de fotos especial. E eu preciso adiantar alguns textos.

- E do livro? Nada ainda?

- Bem, o editor me sugeriu escrever alguns contos inéditos e botar no livro em vez de um Romance completo.

- É uma ótima ideia.

- Até porque eu tenho alguns contos engavetados. Bom, estão no meu caderno.

- Opa, será que posso ler? Ou vai me dizer que tem inspirada comigo lá também?

- Bem... Tem! Não preciso que todas as transas virem contos pro blog, mas algumas gosto de guardar para mim.

- Aquele dia que eu falei para não escrever sobre, você pôs nesse caderno?

- É! Desculpa por isso. Eu prometi que não ia.

- Não vou ficar com raiva se me deixar ler.

- Está bem!

Terminamos de tomar café e eu fui em casa para trocar de roupa, pegar meu notebook, o caderno secreto dos contos e trouxe comida para fazer o almoço – porque essa despensa está uma vergonha – e voltei para o apartamento do Gustavo. Ele se sentou no computador no escritório e eu fiquei sentada na poltrona que tem no mesmo cômodo, com uma almofada apoiada abaixo do notebook, organizando algumas coisas do blog e vendo sobre a viagem, enquanto ele ia editando as fotos que tirou ontem.

Fazendo companhia um para o outro apenas. E eu me distraí em alguns momentos pensando na conversa que tive com a terapeuta sobre ele. E eu fiquei tentando entender o meu coração acelerado de ontem. Agora eu estava normal, mesmo hoje quando acordei estava normal. Será que foi pelo calor do momento? Ou será que são meus sentimentos querendo transparecer?

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