sábado, 16 de abril de 2022

Capítulo 33 - Pedido de perdão

 

Eu apenas tentei dormir, mas não preguei o olho de jeito nenhum, o meu sangue continua quente e minha cabeça uma bela confusão.

Meu celular não parou um segundo sequer durante a noite, enquanto eu tentava distrair a minha mente vendo um filme de comédia. Até consegui dar algumas risadas, porém nada que apagasse o que foram esses dois últimos dias.

Então, já sabendo que o sono não viria de jeito nenhum, decidi fazer algo de útil e fui trabalhar. Continuar cuidando das edições dos ensaios que me ocuparam nas semanas anteriores, que parecem até um universo paralelo. Lembrei rapidamente de onde parei e prossegui com a separação das fotos e as leves correções de cores.

Eu fiquei tão distraído e compenetrado no meu trabalho - e também distante do celular - que só notei que horas eram quando amanheceu. O cansaço da noite recém-virada finalmente me abateu e o sono forçado me cobrou seu preço. Apenas salvei tudo para não perder, deixei o computador em modo de descanso e me joguei na cama, não levando nem cinco minutos para adormecer.

Fui despertado abruptamente pelo meu celular tocando na sala. Eu não tinha colocado para vibrar apenas? Levantei me arrastando e fui ver quem era. Não foi nenhuma surpresa ver que era meu irmão. Ele só queria saber porque eu sumi a manhã inteira, porque nossos pais ligaram e ele também ligou diversas vezes e eu não atendia. Ficaram preocupados pois não é costume que não atenda sem motivo. Expliquei sobre como foi a minha última noite. Meu irmão se mostrou compreensivo e dizendo que avisaria meus pais, desligou.

Olhei o horário no celular e já era 13h. Depois de um ronco longo do meu estômago, decidi que ia comer alguma coisa no restaurante perto do prédio. Troquei de roupa, arrumei o cabelo e sai. Depois de cinco minutos de caminhada, cheguei e escolhi uma mesa. Uma garçonete veio logo me atender e anotou meu pedido. Então, fiquei aguardando a comida.

Eu estava sentado numa mesa longe da porta, mas que dava visão para a entrada do restaurante. Distraí-me um pouco olhando o celular, as redes sociais ainda bombando de comentários. Fui ver o aplicativo de mensagens e o “grupo força-tarefa” informou que o vídeo e as fotos já estavam fora do ar naquele site, agora estavam na busca das cópias para apagar também. Vi o nome e a foto da Helena na listagem, ainda sem nenhuma resposta dela. Sabia que não ia me responder. Só penso o quanto ela deve me odiar agora e por algo que eu nem fiz!

Qual não foi a minha surpresa em ver quem atravessou a porta do restaurante: Helena. Sorri internamente, mas percebi o quanto ela estava abatida… Ainda! Nossos olhares se encontraram de imediato e ela não demonstrou nojo quando me viu. O que é um bom sinal! Na verdade, ela sorriu e veio em minha direção.

- Oi, G! Posso sentar aqui com você?

- Olá, H! - acho que tinha essa liberdade de volta - Claro que pode! Já almoçou?

- Na verdade, eu ia almoçar na minha mãe. Ela me chamou depois daquilo e foi querer me dar um sermão, porém eu acabei falando demais e sai de lá porque ficou um climão.

- Imagino do que ela deve ter te chamado.

- Não chegou a dar um nome, mas se mostrou mais preocupada com o que os outros iam achar dela do que comigo. Todas as coisas acumuladas me subiram e eu vomitei de uma vez só. Eu e Marina a deixamos reflexiva! Ela cobra uma perfeição que inalcançável, ou melhor, nem sei qual é o patamar que ela quer que atinjamos.

- Entendi. Bom, espero que ela entenda. 

A garçonete chegou para atendê-la, Helena fez seu pedido e eu continuei a conversa:

- Enfim, você… Ainda está com raiva de mim? - indaguei para tirar a dúvida

- Eu estava com raiva de você. - ela sorriu sem mostrar os dentes - Só que aí você me aparece com este olho roxo e me deixa preocupada… - falou passando a mão no meu rosto - Acredito que não foi você, ainda mais quando falou que foi o Matheus. Não tinha ido com a cara e com razão.

Sorri aliviado. Um dos meus medos não precisava mais existir.

- Fico um pouco mais tranquilo por saber disso, H! Mesmo assim, quero te pedir desculpas pelo que aconteceu. Indiretamente tenho culpa nisso! Deixei meu “amigo” encontrar nosso vídeo e espalhar para quem quisesse. Olha que eu escondi bem… Ele realmente fuçou!

- Tudo bem, G! Nós somos as vítimas dessa história. Uma pena que tenha estragado o nosso projeto das fotos…

- Pois é! Eu estava tão animado… - e questionei outra coisa - E quanto ao blog? Já tem uma ideia do que fazer?

- Ainda não sei! Fiz aquele texto só para não deixar meus fãs sem satisfação.

- Aquela mensagem me destruiu por dentro.

- Eu sei! Foi doloroso escrevê-la! Aliás, não consegui responder a sua mensagem… Ainda estou mal com tudo. Estou perturbando a minha terapeuta desde ontem.

- Sem problemas, eu mandei por mandar, não precisava de resposta.

- Aquilo que disse no final dela… É verdade?

- Que eu te amo? - perguntei retoricamente - É sim! 

Ela permitiu que uma lágrima caísse de seu olho direito e pegou na minha mão. Não sei bem o que isso queria dizer, mas creio que seja um “Eu também”.

Mudamos levemente de assunto, comigo contando sobre as ações do grupo de ajuda, colocando ela a par do processo que o marido de sua amiga abriu.

Logo a comida chegou e continuamos conversando. Nem parece que a gente tinha brigado pouco antes desse momento. Não era nem um almoço romântico, mas mesmo assim fazíamos ser especial da nossa forma.

Ainda dava para sentir um pouco de receio e até ansiedade nas palavras da Helena. Ainda estávamos baqueados por todo o ocorrido e nem havia sombra das consequências. Eu já tinha plena ciência que eu estava fodido judicialmente falando, já que devo ter recebido mais uma denúncia por agressão para somar com a do Pedro. Confesso que não me arrependo de ter batido nos dois.

Eu estava tão no calor do momento quando fui na casa do Matheus que nem peguei meu equipamento de volta. Como farei isso agora?

- Pior que o equipamento que emprestei pra ele ficou lá. Acho que nem devo conseguir recuperar!

- Quer que vá para você? - H indagou

- Seria de grande ajuda. Não quero olhar pra cara dele de novo. Ou melhor, a mãe dele não me quer lá.

- Não gosto dele, mas posso fazer este esforço.

- Obrigado! - falei, por fim

Terminamos a refeição e pagamos. Helena pegou seu carro, fui de carona com ela e voltamos ao prédio. Fizemos o resto do trajeto até antes de nos separarmos no corredor, quando eu decidi lhe dar um beijo de despedida. Se é que eu podia fazer isso! Foi só um selinho. Ela tentou sorrir e ainda abatida falou:

- Eu não quero ficar sozinha agora. Será que posso ir pro seu apê?

- Pode! Claro!

Peguei em seu pulso e a trouxe comigo. Assim que abri a porta, entramos e começamos a nos agarrar. Tinha sido só um dia e meio de distância, mas a paixão é tanta que até parece uma eternidade.

Mal fechei a porta atrás de mim e ela se enlaçou no meu pescoço, beijando-me com vontade. A gente sabia bem no que aquilo ia dar e fomos logo para o quarto. E logo as peças de roupas foram saindo de nossos corpos e se espalhando pelo chão, enquanto eu e Helena exploramos um ao outro, revisitando cada cantinho, fosse com beijos, carícias, chupões, mordiscadas ou arranhões. De vez em quando, as coisas eram meio selvagens entre nós. A primeira transa mostrou que seria assim!

E nem tem tanto tempo assim que a conheci, mas aparenta já ser uma vida inteira, ou talvez mais tempo do que realmente os poucos meses. A admiração que dava a uma pessoa anônima e passou para a de verdade. Esperava que todo este ocorrido terminasse da melhor forma possível para ela, ou seja, que ela não perca o trabalho e o público que conquistou. E se depender de mim, colaborarei para isto.

Minha cabeça flutuava nos meus pensamentos e dando atenção a ela, que gemia baixinho ao meus estímulos. Sentia o meu membro doer por baixo da cueca, pedindo por Helena, como sempre. Decidi pegar a camisinha para ir finalmente ao que interessava.

Ela abriu as pernas para mim assim que estávamos prontos. Ela me queria e eu a queria, era o que bastava. Entrei com uma facilidade bem escorregadia e fizemos naquela posição bem tradicional, mas de formas diferenciadas. A posição das pernas de Helena que faziam o trabalho sujo, enquanto eu fazia só o costume. Nós dois ali, suados, enrolados um no outro, completamente entregues e juntos naquilo. Não demorou muito até que eu gozei, satisfeito. Pouco depois, ela relaxou e soltou um gemido mais profundo, tinha chegado a seu ápice também.

Joguei-me na parte vazia da cama, soltando o que eu queria ter falado desde que a encontrei no restaurante mais cedo:

- H, o que eu puder fazer para te ajudar a resolver esta situação, especialmente com os fãs do blog. Estou à disposição!

- Obrigada, G! Na verdade, acho que tenho uma ideia sim e você pode me ajudar. Mas, eu preciso maturar essa pequena grande decisão na minha cabeça antes de prosseguir.

- E o que seria?

- Bom, pensei em gravar um vídeo e finalmente revelar a identidade oficialmente. - sorriu amarelo - Ainda tenho medo e receio, mas era algo que estava pensando bem antes de te conhecer inclusive. Só que desisti!

- E por que voltou com isso?

- É uma gestão de crise, acho eu. Como pedi uma sessão extra com minha terapeuta amanhã, conversarei com ela sobre. O que acha da ideia?

- É uma boa! Vai calar o que usaram para te prejudicar. Quando quiser gravar, só avisar.

Ela sorriu. Agora sim, finalmente, depois daquela enorme tempestade, a calmaria retornava.

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