domingo, 30 de novembro de 2025

Conto Especial de 20 anos: Essência Adormecida


Tudo parece tão escuro por aqui! Onde será que eu estou?
Lembro que antes era tudo tão brilhante, tão colorido e tão feliz!
Por que estou em meio a essa escuridão? Será que a minha luz acabou e é por isso que eu não enxergo nada?
A última coisa que me lembro é de que estava tudo normal e então eu acabei parando aqui.
Eu sou a Pequena Estrela e eu sempre carrego o meu próprio brilho… Ou pelo menos eu achava isso!
O que será que fez a minha luz apagar? O que a faz ficar acesa?
Nunca parei para refletir sobre tudo isso… Não até agora!
Nunca parei para pensar de onde vem todo o meu brilho. Qual o meu poder? Tem alguma magia envolvida?
Sempre estive tão acostumada com a presença dele, que nunca observei o que o fazia estar, não agora que ele se foi. 
Antes, era tudo tão mais simples, talvez por isso que fosse fácil manter essa luz. Porém, aconteceram tantas coisas e acabei ficando tão absorta que só fui notar quando já era tarde demais! 
Não me atentei aos momentos em que meu clarão oscilou, brilhando mais ou menos. Era tão sútil que eu imaginei que fosse uma coisa de humor e era completamente normal. 
Agora estou aqui perdida e sem saber o que fazer para poder me restaurar! Será que eu saio andando por aí? Será que eu grito por ajuda? Tantas perguntas, tantas dúvidas, tantos pensamentos. Nada com respostas e sequer conclusivo! 
Nada vai chegar até mim milagrosamente se eu ficar só aqui parada. Resolvo procurar alguma fonte de luz ou alguém que possa me ajudar, mesmo com a visão bem limitada. Vou caminhando passo a passo, bem devagar para não me machucar por esbarrar em algo ou com uma queda. 
Sigo andando e andando, tateando o chão com meus pés descalços, sem noção alguma do espaço em que estou. Porém, eu não sinto nada de anormal e nem de estranho, não esbarro em nada. Tudo isso é muito estranho! Não é possível que não tenha nada neste lugar. 
Todo esse vazio só serve para piorar ainda mais a minha sensação de estar perdida e solitária. Perco também a noção do tempo por ficar vagando sem rumo! 
Cansada de tanto andar e ficar em pé, em vão, finalmente desisto... Derrotada! Sento-me no chão e abraço as minhas pernas, cobrindo o meu rosto, permitindo que algumas lágrimas tímidas comecem a correr. 
Não sei por quanto fica ali, chorando em silêncio. De repente, sinto um leve toque no meu braço. Curiosa, levanto a cabeça para saber o que ou quem era. Quase que eu fico cega com a luz repentina que atingiu minha visão que havia se acostumado ao escuro. Fechei os olhos com força, tentando me acostumar e levando um pouco para tal. 
Quando finalmente o clarão deixou de ser tão forte e eu pude finalmente diferir o que estava diante de mim, fui observar com detalhes a figura à minha frente. 
Ela se parecia comigo! Uma versão mais velha minha! Que esquisito! 
Ficamos nos encarando por alguns segundos, até ela falou: 
- Perdida, Pequena Estrela? 
- Como você meu nome? - indaguei de pronto 
- Ora, eu sei sobre muitas coisas. Seu nome é uma delas! 
- Como que me achou? O que é esse lugar? Quem é você? 
- Vai com calma nas perguntas, mocinha. Uma coisa de cada vez! - pegou na minha mão - Primeiro: Este local é o subconsciente, onde as coisas acabam por ficar perdidas. 
- Por que eu vim parar aqui?  
- Muitas coisas podem fazer alguém cair no subconsciente. Teve uma vez que a inconsciência caiu bem aqui e lá fora tudo ficou um caos! Por isso que eu vim lhes resgatar! 
- Faltou dizer seu nome... 
- Sou a Adulta Saudável! 
- Que nome engraçado! - e ri – Por isso que você é grande? 
- Defina grande! - e riu – Mas sim, sou maior do que você!
- Vai me levar para casa?
- E você não para de fazer perguntas, não é? - ela não solta a minha mão em nenhum momento - Sim, vou te levar de volta ao Palácio dos Sonhos.
Palácio dos Sonhos é o próprio nome sugere, é onde habitam os diversos sonhos e desejos e eu sou a responsável por dar energia a todos eles. Mas, o que serão deles sem o meu poder?
Fico distraída no meu pequeno devaneio preocupado e logo a Adulta percebe a mudança no meu comportamento e logo me chama.
- Estrelinha, não precisa se preocupar! Eu vou te ajudar.
- Dá para restaurar o meu brilho? Não posso deixar os sonhos morrerem.
- Vamos fazer o possível para manter os sonhos e fazer sua luz voltar.
Não sei o motivo, mas ela me passou segurança quando disse aquilo. Parecia que ela sabia o que estava fazendo.
E seguimos assim o resto do caminho de volta…
A luz que emanava dela nos tirou logo do subconsciente. Confesso que o trajeto não é muito conhecido, pois saio pouco do Palácio. Logo chegamos a Terra dos Sentimentos e eu avistei a minha casa no horizonte. Comecei a ficar cansada pela longa caminhada para minhas pequenas pernas, mas eu não reclamei, sabia que estávamos perto.
Achei que ia encontrar tudo do jeito que sempre foi quando chegasse, porém eu tomei um susto. O Palácio dos Sonhos estava de uma cor diferente, como se estivesse apagado… Assim como eu!
A Adulta soltou minha mão e me deixou entrar. E piorou ainda mais! Pois estava tudo revirado, espalhado e destruído.
Como íamos restaurar tudo se estava daquele jeito? Os sonhos e eu estávamos perdidos!
Senti meus olhos marejarem e a mão dela tocou o meu ombro e ela me sorriu, como se dissesse que tudo ia ficar bem! E acho que era a rodada de perguntas dela agora!
- Pequena Estrela, já parou para pensar como que os sonhos funcionam?
- Nunca pensei. Eles sempre estiveram aqui e eu junto deles.
- Sonhos nascem e se vão, sempre. Alguns são temporários, enquanto outros perduram. Já percebeu que eles mudam de vez em quando?
- Sim! Alguns somem e outros aparecem. Nunca dei muita importância, na verdade! Mas, o que isso tem a ver com a minha luz? - retornei a pergunta
- Uma coisa de cada vez. Primeiro vamos arrumar essa bagunça e cuidamos dos outros detalhes.
- Mais ninguém vai nos ajudar?
- Os outros estão muito ocupados em suas tarefas.
Dei de ombros, pois eu raramente recebo visitas e sei como todos nós aqui nesta terra estão sempre bem atarefados.
Então, eu e a Adulta Saudável fomos arrumando aquela bagunça que nem faço ideia de como foi parar lá. O Palácio dos Sonhos parece muito com um museu, com diversos quadros e outras “obras de arte”; todas separadas por suas próprias categorias, coisas simples como “Coisas para ler ou assistir”; “Músicas inspiradoras”; “Desejos de doce”... São tantas que nem dá para listar! Só que eu tenho as minhas favoritas e que sempre estão lá comigo quando eu preciso.
Demorou, mas nós duas finalmente concluímos tudo. Aquele trabalho foi bem revigorante, mas não o suficiente para restaurar o meu poder.
- Ficou ótimo! - ela comentou por fim
Concordei e acrescentei:
- Só que isso não fez a minha luz voltar.
- Ainda não fez, mas é uma parte do processo.
Ela pegou novamente na minha mão e me levou justamente ao meu local favorito dali, que é justamente a das Histórias Imaginadas. Uma pena que nunca conheci os personagens delas, pois eu soube que uma vez eles chegaram ao Vale dos Sentimentos… Num outro momento de crise e foi daquelas grandes!
- Por que viemos aqui? - indaguei a ela
- Agora eu vou te explicar a outra parte do que eu estava lhe devendo.
- Sobre os sonhos?
- Não só sobre os sonhos, mas sim sobre muitas coisas. - sentou-se no chão e eu fiz o mesmo - Você sabe por que a sua luz apagou?
- Não! Nem sei o que a mantinha acesa.
- Nossa luzes, tanto a minha quanto a sua, estão ligadas a como nos sentimos. Temos dias bons e dias ruins, eles fazem nossa luz brilhar mais, menos ou até apagar.
- Quer dizer que eu estou triste?
- Não é necessariamente tristeza, pode ser apenas algo que te aflige, preocupa e isso já se torna motivo suficiente.
- Não entendo! Eu só acordei na subconsciente. Não senti nada diferente!
- Ai que está o problema, às vezes nem percebemos.
- Então, o que aconteceu exatamente para eu sumir?
- Uma nuvem imensa cobriu todo o palácio dos sonhos. Uma tempestade que aconteceu só aqui e um furacão acabou te arrastando lá para baixo. A Determinação e eu que decidimos resgatar você!
- Determinação?
- Ela é um outro sentimento. Ela quem cuidou da outra crise.
- Acho que eu fico muito tempo isolada neste castelo. Não conheço ninguém!
- Ainda pode conhecer a todos. Mas, primeiro precisamos cuidar de você, Estrelinha! - olhou séria para mim - Aliás, você sabe que não é primeira vez que isto acontece né?
- Da sua luz apagar!
- Foi a primeira vez sim! Nunca aconteceu!
- Você só não se lembra, pois era muito pequena e sua luz ainda estava se desenvolvendo. Este Palácio era só uma casa grande ainda. Daquela vez, você mesma encontrou o caminho para se recuperar, buscando refúgio em outras coisas, descobrindo a sua própria força. Porém, até a maior força pode se tornar uma fraqueza!
Após falar isso, ela pediu que eu ficasse de costas para ela e continuou enquanto fazia carinho em mim e mexia no meu cabelo. Continuou:
- Eu sei este é o seu lugar favorito daqui! Pode falar para mim o que você mais gosta?
- Tem tantas coisas… Difícil definir uma só! - e sorri
- Eu te entendo! - respondeu - Fale a primeira que vier na sua cabeça. Qualquer uma!
- Gosto das tantas histórias que surgiram aqui. Nenhuma é igual a outra e cada uma é tão especial. Sempre fico muito feliz quando surge algo novo!
- Sua parte favorita são as histórias então?
- Sim e tudo o que as envolve. Sonhar e imaginar as cenas, os acontecimentos, viver tudo com os personagens…Ver tudo isso tomando vida! É a sala mais mágica daqui!
- Tenho que concordar com você!
Ficamos em silêncio por algum tempo, apenas contemplando aquele espaço e eu não deixava de ter mil coisas passando pelos meus pensamentos, especialmente do que ela disse sobre esta não ser a primeira vez que acontecia. Até que lembrei de uma coisa:
- Você disse que não é a primeira vez e sabe… Muito tempo atrás, esta sala surgiu. Fiquei curiosa e fui olhar e eu fiquei encantada com a história das três amigas que salvavam o mundo.
- Eu conheço elas. São As Super Agentes! E depois veio…
- O Mago Belo! - a interrompi
E fomos apontando cada um dos itens presentes naquela sala. Como Jimmy Wayn; O Diário da Escrava Amada - que essa é bem para adulto igual a ela -; Super Gata. São tantos, mas tantos, e é por isso que esta sala não tem fim!
- Outra coisa que eu sei… - disse, por fim - É que primeiro estas histórias estavam dentro de mim e depois que elas foram paras as paredes. Poderia passar horas e mais horas falando sobre cada um deles!
Nesse momento, senti uma coisa quente no meu peito. Eu conhecia aquele calor e logo após ele, a luz que eu senti tanta falta retornou!
- Minha luz voltou! - exclamei, virando-me e dando um abraço apertado nela
- Sabia que ia conseguir!
Assim que a luz surgiu novamente, todo o ambiente e o resto do Palácio se reacendeu nas suas cores habituais, ficando do jeito que tinha que ser. Mesmo dando certo, ainda não entendia muitas coisa e esperava que a mais velha me desse as respostas que necessitava.
- Como isso foi possível?
- Outra coisa sobre os sonhos e desejos é que precisamos alimentá-los para que continuem vivos. Um sonho ou desejo não alimentado acaba sumindo. E para isto devemos sempre nos fiéis a nossa Essência, pois ela é nosso combustível.
- Essência? Vai me dizer que é outro sentimento?
- Não! - ela riu - Desta vez não! Quando digo essência é aquilo que faz você ser você! Só existe uma Pequena Estrela e o poder dela é criar sonhos e de contar histórias, com mundos e personagens diversos. Algumas vezes estamos tão absortos com outras coisas que nos esquecemos de algo que é tão simples e nos faz ser nós mesmos, uma coisa que nos completa.
- Gosto muito da minha essência. E qual é a sua, Adulta?
- A minha? É complicado de explicar! Basicamente, é entender os outros sentimentos, de onde surgem e acolhê-los, pois há horas em que vêm todos ao mesmo tempo. Para não ficar uma bagunça na sala de controle quando acontece algo intenso.
- Por isso que você foi me ajudar?
- Sim, é a minha essência. Buscar as bases e colocar tudo no seu lugar. Ah, e ser livre, espontânea… Assim como você também é! - sorriu
- Obrigada por sua ajuda!
- Não foi nada! Vamos lá para frente, logo a Determinação aparece.
Caminhamos pelo Palácio até a entrada e eu fiquei feliz de ver tudo restaurando e lindo como sempre foi.
E bem como a Adulta Saudável falou, lá estava a tal Determinação esperando por nós! O rosto das duas era igualzinho, mas a outra parecia uma maga, usando uma capa colorida e um cajado. Ela falou assim que nos viu:
- Vejo que resolveram tudo por aqui.
- A Estrelinha é muito poderosa, sabia que ela ia conseguir. - respondeu a adulta - Como estão as coisas na sala de controle?
- Estão se ajustando. A Consciência está em reunião com os outros. - e finalmente a Determinação se voltou para mim - E você é a Pequena Estrela?
- Sou eu mesma! É um prazer, Determinação!
- A Adulta Saudável cuidou bem de você?
- Sim! Ela foi muito legal e paciente comigo, mesmo comigo perguntando tudo.
As duas riram, alegres com o meu comentário. A Determinação falou com a outra:
- Bem, agora que tudo está resolvido por aqui, temos que retornar.
- Tudo bem! Posso só me despedir dela?
- Claro! Vou indo na frente, te encontro no trajeto.
Determinação se despediu de mim e partiu. A Adulta se abaixou na minha frente e foi dar seu tchau também.
- Preciso ir, Estrelinha. Você vai ficar bem?
- Vou sim, pode deixar!
Ela me deu um abraço e senti vontade de chorar. Conhecida há pouco tempo, mas se tornou especial. Antes que ela fosse mesmo, quis fazer uma última pergunta:
- Eu vou te ver de novo?
- Claro! Sempre que você quiser! Os outros vão querer te conhecer. - sorriu - Só nunca se esqueça da sua Essência, ela é a coisa importante e poderosa que você tem.
Assim, ela seguiu o seu caminho e eu voltei a ficar sozinha no meu Palácio dos Sonhos.

***

É o período da regência da Insconciência, que é uma das duas rainhas daqui. Ou seja, agora é noite.
Estamos todos - os habitantes do Vale dos Sentimentos - reunidos em torno de uma fogueira para comemorar que toda a outra crise foi resolvida. É a primeira vez que eu participo!
A Adulta Saudável ainda me visita sempre que pode no Palácio e lá passeamos, comemos lanchinhos e fazemos outras atividades divertidas. Ela quem me convidou para a festividade.
Cada sentimento que tem vontade pode falar lá na frente e se apresentar. Bem quem eu queria ter escolhido se ia fazer isto ou não. Eu fui praticamente intimada pelas duas mais velhas para falar lá na frente.
Até aquela altura do evento, eu já estava saturada de ter conversado com tantos sentimentos, já que todos me conheceram naquele momento. E agora, eu tenho que falar na frente de todos… Nem sei o que vou inventar para entretê-los!
Estou novamente no meu devaneio, até que tomo um susto quando ouço a Insconciência falar:
- Agora é a vez da Pequena Estrela. Vamos ver o que de brilhante ela tem para nos trazer hoje!
Só fica um silêncio terrível e eu vou à frente. Respiro fundo e reflito por alguns segundos sobre o que falarei e começo:
- Boa noite a todos os habitantes do Vale dos Sentimentos presentes! Já falaram meu nome, mas eu sou a Pequena Estrela e eu moro no Palácio dos Sonhos, que guarda todos os sonhos, desejos, vontades e outras coisas imaginativas. Eu cuido de todas elas lá! São tantas coisas que tem que de vez em quando eu até me perco de vez em quando. - alguns deram uma risada leve achando engraçado, então continuei - A parte que eu mais gosto é justamente é a das Histórias e eu adoro contá-las. E quero contar uma para vocês hoje. Posso?
- Sim! - responderam em uníssono
- Ótimo! Esta é a história sobre como eu conheci a minha amiga Adulta Saudável e ela me ajudou a recuperar o brilho que eu perdi.
E fiquei alguns longos minutos contando sobre como foi aquele dia, sobre como eu recuperei meus poderes e as tantas outras coisas que aprendi. Enquanto contava, sentia meu coração aquecido e o fogo da fogueira ficou até fraco se comparada com a minha luz. Observei a minha amiga e ela me sorriu, ouvindo a história que já conhecia encantada!
Todos me escutavam atentamente, concentrados nas palavras que saíam da minha boca.
No final, falei sobre a moral que aprendi naquele dia:
- Eu aprendi sobre a minha essência, o meu poder, que é o que faz o meu brilho estar presente e é justamente por gostar contar histórias e sonhar. E não me esquecer da sua importância! Pois existem tempos difíceis e mesmo que eles queiram sugar a nossa energia, devemos lembrar que é ela que nos faz ser quem somos e que não existe nenhum igual a nós… Em lugar nenhum!
Agradeci e houve um alvoroço acompanhado de aplausos.
O resto do evento correu tranquilo e logo a Adulta me acompanhou de volta ao Palácio dos Sonhos.
Assim que entramos, uma luz forte vinha do cômodo das histórias. Eu sabia exatamente o que era aquilo!
Corri para lá, sendo seguida pela mais velha, que não entendia nada do que ocorria.
Parei diante do novo quadro que surgiu na parede e sorri, pois as cenas que acabara de contar diante da fogueira estavam estampadas ali, passando como um filme na televisão. Minha amiga fez uma pergunta:
- O que é isso, Estrelinha?
- Uma história nova acabou de nascer!

FIM
 

sábado, 29 de novembro de 2025

Boletim de Anelândia: #41 - A autora de Maratona (sobre maratonas de escrita e NaNoWriMo)


 
 
Olá, pessoas! Boas-vindas a mais uma edição do Boletim de Anelândia. 
Aproveitando que estamos no mês de Novembro, resolvi que o assunto de hoje vai ser sobre as tantas vezes que eu invento nessa minha vida de autora.  Como se eu já não o fizesse o suficiente né? 
Como vocês leram no título, não é nada tão mirabolante... É só escrita né? 
Enfim, quero contar para vocês minhas experiências como autora de maratona de vez em quando. 
Segurem na minha mãozinha e vamos! 

Como eu descobri o NaNoWriMo e outras maratonas 

Uma coisa que eu nunca fui foi uma autora que escrevesse muito. Nos meus primórdios sempre tive um problema com a minha frequência e quantidade de escrita. Lá por 2013, quando comecei o DEA e a publicar outras histórias minhas por aí, acabava que eu sofria e muito com falta de atualização. Com certeza perdi muito leitores porque eu demorava alguns meses para postar capítulos novos. 
Como passei a ser mais cronicamente online e ficar mais inclusa nesse mundo de escritores e de postar as histórias na internet. Lá por 2017, quando eu estava para terminar a segunda faculdade e nas vésperas de ter que fazer um TCC – que foi sobre autores de fanfics – que eu descobri o NaNoWriMo. O que agora é só um finado mesmo! 
Em resumo, o NaNo era uma maratona de escrita que acontecia no mês de Novembro e a ideia era escrever 50 mil palavras de alguma história (geralmente nova) durante aquele mês. Eu achei que seria uma ótima oportunidade para poder finalmente escrever num ritmo mais rápido, como uma forma de me desafiar. E desde então, nos meses de Novembro e até fora dele, resolvi fazer essas pequenas maratonas de escrita para poder dar um gás que meus livros merecem! 
Desde 2017, pulando alguns poucos anos, sempre fiz questão de participar, mesmo que o evento “oficial” tenha morrido, a ideia permanece.
 

Muitas vezes já fiz maratona 

Só para constar, vou deixar uma lista de quais histórias eu resolvi escrever em cada um dos anos... Contando inclusive os que não participei. (De 2017 a 2025.) 

Segue a lista: 
  • 2017 – DEA e TCC (sim, eu sou louca!); 
  • 2018 – DEA e JV3; 
  • 2019 – ASA2 (antigo) e JV3; 
  • 2020 - ASA 1 (Novo) e Contemporânea Erótica; 
  • 2021 – Maratona em Maio: Contemporânea Erótica e  ASA 1 (Novo);  NaNo: ASA 1, Calliope, Conto 1 do 12 Meses com Minorin; 
  • 2022 - Não fiz, tava em projeto de ano inteiro haha; 
  • 2023 - Não teve e não aconteceu; 
  • 2024 - Crônica de Aniversário, Destinos Florescentes, JV4, ASA Zero; 
  • 2025 - Não fiz. 

Pois é, acho que dá para perceber que eu não sou mesmo uma autora que escreve uma coisa só. Todas as vezes que inventei de participar foi porque eu tinha mais de um projeto para poder adiantar. Minha ideia com as maratonas era poder realmente escrever um pouco mais e impor um ritmo de escrita, mesmo que por um curto período. 
Em todos os anos foi uma loucura, mas ainda assim foi muito gratificante. Sempre me sinto bastante desafiada e também adoro adotar compromissos comigo mesmo dessa maneira. 
Em alguns anos, cheguei até a colocar um mínimo de 500 ou 600 palavras diárias, para eu ter pelo menos uma meta mínima. Nos primeiros anos até que me ajudou bastante, porém depois fui percebendo que ele era um limitador terrível, porque eu me forçava a escrever para chegar nesse mínimo. No ano passado, por exemplo, não estipulei nenhuma meta diária, apenas escrevia o que achava que estava bom para aquele dia. O resultado: a meta diária foi bem maior! 
Nunca cheguei às 50 mil palavras do desafio, mas a cada ano a quantidade de palavras total foi aumentando. Uma pena que os registros do site oficial do NaNo sumiram, só tenho os que eu coloquei em redes sociais. Mas, fui evoluindo de pouco mais de 15 mil no primeiro ano para mais de 30 mil no último. (Se minhas contas não estiverem erradas!) 
Teve um mês por fora em 2021 – no meio da pandemia – em que resolvi fazer uma maratona independente e também deu super certo! 
Isso sem contar que o ano que não teve maratona em Novembro, mas que teve no ano todo, que foi em 2022. Cada mês era uma autora se descabelando e espremendo ideias, contudo saindo feliz no final de tudo. 
Alguns livros como o DEA e o JV3 e acabei terminando durante essa maluquice de escrever todos os dias um pouco! 
Uma pena que neste ano não consegui por falta de organização e outros planejamentos mesmo. Não estou triste de não conseguir, só sentindo falta mesmo! 
Eu era tão focada na meta que até no restaurante já escrevi. (Deve ser 2017 essa foto!)
 
Fotinha de 2019 do caderno do JV3!

A vantagem da maratona de escrita 

Agora que vem a parte mais reflexiva e em que eu coloco algumas dicas para autores que querem entrar numa maratona de escrita. 
Cheguei a comentar sobre isso em um dos “Dicas para Escrever” no meu blog, quando eu fiz a Maratona de Escrita num mês de Maio qualquer. Vou deixar o link para quem quiser conferir, pois ele realmente oferece um passo a passo e algumas dicas boas para quem está perdido. 
E para quem deve estar se perguntando: Será que vale a pena fazer uma Maratona de Escrita para eu poder escrever meus livros? 
E eu respondo: É sempre bom se desafiar como autor! 
Eu usei a maratona como um método para eu poder finalmente escrever histórias que estavam há muito paradas, precisando de um carinho e um talento. Porque o meu ritmo de escrita, mesmo que tenha melhorado muito de uns anos para cá, ainda é bem aquém do que eu acho que deveria ser. Ainda mais para uma pessoa que quer viver de vender livros né? 
Apesar do meu lema, na maior parte das vezes, ser “Devagar e Sempre”, existem momentos em que o devagar acaba por incomodar. Então, a gente tem que dar uma acelerada porque tem livro que funciona igual a carro. (Qualquer dia eu explico essa teoria maluca minha!) 
É como acabo sempre dizendo: Depende muito do que você quer fazer! 
Se seu ritmo de escrita é bom, talvez o desafio seja para você finalmente começar um novo projeto e quem sabe até conseguir terminá-lo.  
Se é um ritmo de escrita lento, talvez o desafio funcione para finalmente colocar em prática todos os planejamentos para a história. 
Pode ser um projeto só, dois ou três projetos. É um desafio pessoal seu! 
Todas as vezes em que eu inventei de fazer isso acabei ficando bem cansada, porém fiquei muito satisfeita com o resultado. Por alguns dias, acaba se tornando o foco numa produção em constância e em quantidade. Quanto mais melhor! 
Claro que, depois é necessário dar uma revisada e lapidar aquilo que foi escrito. Porque a qualidade também importa!
Um meme para descontrair!

Bem, pessoal, é isto! 
Espero que tenham gostado da edição do Boletim de Anelândia de hoje. 
Nos vemos na próxima!

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Mensagem - 12 Meses com Minorin - 13º Conto Especial


"Sua voz, antes um pequeno fragmento, 
se transforma em palavras e se transforma em uma canção.
Seus sentimentos são uma melodia. 
Dê-me isso, cada vez mais. Seja feliz. 
O presente que você deseja brilha com felicidade. 
Acredite que na luz está o caminho para o amanhã".

(Contact 13th - Minori Chihara)

***

Imagino que todas as pessoas tenham algum cantor ou artista favorito e eu tenho também.
Ainda me lembro quando a conheci! Porque naquele ano tinha descoberto muitas coisas naquele ano e ela estava dentre elas.
Num primeiro momento, acabou por ficar num cantinho, apenas fazendo parte de tantas outras coisas que preenchiam meus dias como qualquer adolescente que gostava de ouvir música.
Não me recordo em que momento a chave virou e sua voz e suas letras se tornaram tão presentes na minha vida! Acredito que foi em algum momento do meu começo de vida adulta.
O nome dela? Minori Chihara ou só Minorin, para os íntimos!
É difícil mensurar como ela é realmente é uma inspiração para mim, não só pelas músicas, mas até como pessoa. Já são tantos anos na companhia dela que realmente fica bastante complicado de explicar.
Para pessoas mais pragmáticas, talvez isso não faça o mínimo de sentido. Como assim você gosta e admira uma pessoa que praticamente vive do outro lado do mundo, alguém que nunca vai sequer saber quem é você é? E ainda por cima, canta músicas num idioma totalmente diferente do seu? (Juro que ouvi até coisas muito piores sobre isso!)
Acho que só quem é fã realmente é capaz de entender esse sentimento! E como somos julgados por ser assim né?
Só consigo sentir pena de quem não vive isso, não se abre para essa sensação. Ser fã das coisas é tão gostoso, tão legal!
A Minorin esteve realmente presente em diversos momentos da minha vida, desde o finalzinho na minha adolescência até agora. Suas músicas foram o pano de fundo de diversos acontecimentos e cada um dos lançamentos que eu acompanhei e que tenho como lembranças que fazem parte da minha vida também. Principalmente nos momentos em que escrevia as tantas histórias que minha cabeça inventa!
A quantidade de coisas que nós temos em comum, como a altura, o tipo sanguíneo, o mês de Novembro, o ano de 2004, o girassol e até a personalidade meio introspectiva.
Nossa altura é quase igual, eu tenho 1,58m e ela 1,57m; Fazemos aniversário com dias de diferença: Ela dia 18 e eu no dia 30; Nosso tipo sanguíneo é o mesmo: B; O ano que começamos a carreira foi o mesmo: 2004, ela com a música e eu com a escrita; A flor da minha editora é a mesma dela: o girassol. Isso só para ter uma ideia mesmo!
O quanto eu a admiro como pessoa, principalmente após um boato envolvendo seu nome e quando ela foi se retratar poucas horas depois sobre.
Seu trabalho como dubladora e principalmente como cantora. A Minorin é realmente um Raio de Sol (porque em inglês é “sunshine”)!
Tantos anos acompanhando, até que no ano de 2021 veio um baque: O anúncio que ela ia entrar de hiato musical por tempo indeterminado. Com um último álbum - mini-álbum na verdade - e um último show, que deixou a mim e outros fãs devastados!
(Brazil, i’m devasted!)
Eu não conseguia pensar em um mundo sem músicas novas da Minori Chihara, mas eu tinha que lidar com isso, né?
Este foi o pontapé que eu precisava para finalmente colocar uma ideia que já fazia mais um ano que eu amadureci na minha cabeça. Um projeto de contos, inspirados nas diversas músicas dela, durante um ano inteiro. Foi assim que nasceu o 12 Meses com Minorin. Ainda naquele ano, justamente no mês de Novembro, comecei a escrever o primeiro conto do projeto.
O projeto ocorreu durante todo o ano de 2022, com apenas caos e uma autora louca que passava os dias escrevendo inspiradas em músicas e referências da Minorin. Foi algo que me fez muito feliz como fã dela e também como escritora. Senti-me muito desafiada tendo que escrever um conto em cada mês daquele ano.
Encerei o projeto no comecinho de 2023 e poucos meses depois acabei tendo um burnout daqueles e que me fez repensar diversas coisas na minha vida… Afetando e muito o meu processo de escrita! Passei praticamente o ano inteiro de 2023 sem escrever direito!
O pior é que isso acabou me recordando justamente das razões da Minorin ter parado de cantar… Ela não via mais sentido naquilo! Precisou parar para poder se reencontrar!
Ironicamente, foi exatamente o que eu fiz nesse período que citei acima.
Às vezes, é preciso se perder para poder se reencontrar. E nós duas tivemos que fazer isso!
Parar e observar o que vale a pena e o que faz sentido para nós, para as nossas vidas, entender quais são os nossos objetivos, vontades e propósitos.
Naquela época, eu senti que uma parte de mim foi tirada. Porque eu sou escritora e sem ela, minhas histórias e meus personagens… Parece que eu não sou eu!
As palavras que eu escrevo são a minha voz e eu acabei por perdê-la, perdendo todo o sentido que muitas coisas têm para mim!
Imagino que com a Minori - não posso afirmar, pois não vivo na cabeça dela - foi uma coisa bastante parecida. Tanto que, lá na metade de 2023, ela disse que ia voltar a cantar, mas sem músicas novas. O que já era um começo!
Eu fui me reencontrar com a escrita só no final de 2023 e no começo de 2024. Uma pena que algumas histórias minhas acabaram por sofrer com tudo isso!
Sempre um dia de cada vez, um capítulo de cada vez. Porém, acabei por encontrar novamente o meu lado escritora e me sinto completa outra vez!
Anelise não é a Anelise se não estiver escrevendo ou pensando em algum livro; se não estiver pensando em algo relacionado às filhas mais velhas: As Super Agentes.
Assim como, a Minorin não se via sem ser cantora, tanto que houve novamente a vontade de continuar cantando…
E qual não foi a minha supresa quando em Março deste ano elas simplesmente lançou uma música do absoluto nada. O nome dela? O mesmo nome deste conto (só que eu escrevi em português): Message.
Eu vivia novamente em um mundo em que se havia uma música nova da Minori Chihara. Ainda lembro que eu chorei ao ouvir a música nova, mesmo sem entender muito da letra ainda, mas existem horas em que a música realmente transcende a barreira do idioma.
A letra de Message foi capaz de traduzir tudo o que senti quando não conseguia escrever; tudo o que eu sinto quando quero compartilhar o que está dentro de mim com o mundo quando conto minhas histórias. De querer falar, de usar essa voz, mas ter tanto medo e mesmo assim, respirar fundo, acreditar em si mesmo e sempre seguir em frente.
Uma busca pela perfeição e uma aprovação que acaba por corroer e nos destruir por dentro… Quando tudo o que eu mais quero é ser fiel e autêntica a pessoa que mais importa: eu mesma!
Ironicamente, essa é a mensagem do conto que eu escrevi em Dezembro de 2022 e tanto a minha inspiração quanto eu mesma acabamos por passar por uma situação assim.
É difícil reencontrar o sentido e ainda mais a magia em algo que nós gostamos tanto de fazer, seja cantar ou escrever!
Manter a nossa própria essência sobre nós mesmos! E que essa nossa essência acabe por alcançar a de outras pessoas e ela se conectar conosco.
Foram muitas reflexões que essa música me despertou e sempre que eu a escuto, o trecho “Be Free, Be the Only one” me toca de uma forma que nem sei descrever!
A ideia para este texto, um 13º Conto, uma homenagem, está comigo desde quando eu terminei o 12 Meses com Minorin lá em 2023. Só que acabou que eu nunca levei muito para frente, por todas as razões que expliquei acima, acabei por nunca escrevê-lo… Até o momento em que a voz da Minorin em Message passou pelos meus ouvidos e pela minha alma e eu notei que era finalmente a hora.
Não a hora de encerrar o projeto, porque ainda quero fazer algumas coisas relacionadas a ela, como os contos que existem; e nem sei se devo inventar de escrever mais 12 contos inspirados nas músicas da Minorin.
Contudo, era a hora em que devia escrever essa Mensagem, essa homenagem a Minorin e até a mim mesma.
Em muitos trechos daqueles 12 contos, prestei homenagens e honras a ela, na maioria das vezes sendo até referências mesmo (e são tantas que eu tenho que voltar para relembrar todas!). Só que teve uma outra pessoa a quem eu honrei em todo este projeto: a Anelise autora.
Em alguns momentos durante os contos, eu me perguntei se eu deveria continuar, pois eu tinha a sensação que não tinha ninguém me olhando ou sequer lendo todas aquelas palavras carregadas de tanto amor que eu escrevi.
Só continuei por mim mesma, porque era o que eu queria!
Pode até soar um pouco egoísta da minha parte, só que existem momentos em que só isso mesmo importa! Ainda mais quando você passa anos sem lançar coisa nova e o imediatismo e consumismo acaba te atropelando e te deixando para trás.
Essa Mensagem é também para aquelas poucas pessoas que, mesmo com todas as dificuldades, nunca deixaram de acreditar em mim. Nunca deixaram de ler as coisas que escrevo, que estão aqui sempre me incentivando e escutando as minhas palavras.
Todas as pessoas que em algum momento se interessaram nas tantas histórias que eu tenho para contar; com quem recebeu um autógrafo meu; tirou uma foto comigo.
Obrigada por acreditarem nessa escritora que é muito sonhadora!
Nessa escritora que é um pouco surtada de vez em quando, mas que carrega um enorme amor por tudo o que ela criou!
Espero que tenham sempre ao meu lado, assim como uma das minhas grandes inspirações - a Minorin - também está sempre comigo!

***

"Mas a verdade é que eu sei. 
Só eu posso me mover. 
A resposta está bem aqui. 
Vamos lá, preciso seguir em frente. 
Ser livre, ser a única. 
(...)
Não importa quanta dor você esteja sentindo,
espero que você finalmente possa descansar.
Não quero me perder, não quero cometer erros.
Há dias em que penso assim.
Cada vez que me perco, cada vez que cometo um erro,
encontro uma nova perspectiva".

(Message - Minori Chihara)

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Boletim de Anelândia: #40 - A autora “sem playlist” (O livro é uma coisa, a autora é outra)

 
 
Olá, pessoas! Boas-vindas a mais uma edição do Boletim de Anelândia. 
Hoje falarei sobre um tema que é muito presente para mim: Música! Nunca cheguei a comentar sobre meus gostos musicais por aqui na newsletter, mas nos meus outros, digamos, canais acabo por falar muito sobre. 
E quero explicar a relação do meu ouvir música com a minha escrita, que é - como já se deve esperar – daquele meio jeitinho bem Anelise de ser. 
Segurem na minha mão e vamos! 
 
 

As playlists caóticas já por natureza

Dentre os meus gostos musicais estão os seguintes estilos: J-pop, K-pop, Folk, Metal, alguns pop perdidos, música de desenho, enfim… Vários estilos em uma pessoa só! Costumo brincar que meu gosto musical vale por de umas três pessoas diferentes.
A brincadeira é ainda pior porque não é uma playlist/estilo para cada humor meu, como se fossem até personalidades diferentes. Mas, sim, vai muito do que eu quero ouvir naquela hora e essa vontade pode ir para músicas de estilos completamente diferentes. Obviamente, existem os dias em que vai do meu humor também, mas costumo ser menos comum.
Inclusive, eu sou o tipo de pessoa que coloca música para fazer qualquer atividade. De verdade!
Vou arrumar a casa ou cozinhar? Coloco música! Vou fazer algum dos meus hobbies? Coloco música! Vou escrever? Coloco música!
Ou seja, minhas playlists acabam por ser um caos já por sua própria natureza, só por essa mistura de estilos e artistas bem nada a ver!
Eu amando as minhas playlist aleatórias!
 

A habilidade de escrever uma coisa ouvindo outra completamente diferente 

Por ter gostos muito variados, acaba que até as minhas histórias acabam sofrendo com isso.
Como minhas playlists são bem aleatórias, acaba que as músicas que uso para o meu momento de escrita acabam sendo bem aleatórias. E normalmente, não precisa ter nada a ver com o gênero ou tipo de história/cena que estou escrevendo.
Ainda me lembro quando escrevi a única coisa de terror/suspense que já tentei - que é o conto Noite das Damas, que foi para uma antologia originalmente - e estava linda e plena ouvindo Asami Imai enquanto escrevia sobre duas amigas e a noite estranha delas num hotel assombrado.
Ou as diversas vezes em que eu estou escrevendo alguma cena de romance e estou ouvindo algum metal em específico.
Até quando eu fiz o projeto inspirado na Minori Chihara, não obrigatoriamente eu estava ouvindo alguma música dela. E se fosse ela, nem era uma das músicas que inspirou o conto de cada mês.
Como disse acima, minhas playlists são um caos e nos meus momentos de escrita, a minha cabeça está fervilhando e eu preciso de um fundo que acabe por me estimular e me deixar animada durante esse processo, assim como quando faço minhas outras atividades ouvindo música.
É o meu jeitinho, num adianta!
Eu mesma ouvindo Shouta Aoi ao escrever Destinos Florescentes, ironicamente essa música faz parte da playlist do livro.
 

Alguns livros têm playlist, mas... 

Isso não significa que meus livros não tenham suas próprias playlists. De vez em quando, eu vou escutando minhas músicas e vendo como elas se encaixam ou como me lembram os meus livros.
Pode até parecer que, com tudo o que comentei acima, que eu seja uma autora que acaba “abolindo” isso de ter playlist pro livro… Só que não! Alguns dos meus livros têm suas próprias playlists e que eu monto realmente pensando nas vibes que aquela história passa.
Tenho duas relacionadas a As Aventuras de Jimmy Wayn; a do DEA; uma para a Contemporânea Erótica; outra para Destinos Florescentes; e a do 12 Meses com Minorin! Viu? São até bastantes!
Eu gosto de montar coisas temáticas relacionadas a meus livros e uma lista de músicas faz parte disto também. 
Nesse quesito, eu sou bem parecida com outros autores! Porque é bem legal de se ter algo assim para ajudar na divulgação do nosso livro, ainda mais nas redes sociais né?


Faz parte do meu processo criativo e tá tudo bem 

Claro que sempre bate aquela maldita comparação, ainda mais com outros autores: será que eu que sou errada e que eles estão certos?
Só que, com o meu tempo e a experiência, fui aprendendo que certas coisas só fazem parte do nosso processo criativo e tá tudo certo.
Alguns autores precisam estar mais imersos que outros para poder escrever e usar música é um bom artifício para tal. Ajuda a ter mais inspiração, pensar naquele enredo e nos personagens e em como fazer a história seguir.
Não existe jeito certo ou jeito errado, realmente é só a forma que cada um de nós faz para ficar melhor na hora de escrever. Conheço autores que precisam e outros que não! E é assim mesmo!
Só para não deixar passar em branco algo que eu sempre falo: odeio quem ficar querendo cagar regra na escrita dos outros.
Quantas vezes já não vi dicas de escrita na internet em que a pessoa que falava acaba por impor algumas regrinhas para a pessoa estar dentro da caixinha de “escritor”. Tipo quantos capítulos tem que ter, quantas palavras que são, e claro, se pode ou não criar e usar uma lista de músicas para ajudar a escrever.
Ainda devo fazer uma edição sobre este assunto, que é meio polêmico… Só que eu amo cutucar em vespeiro aqui!


Terminando mais uma edição do Boletim de Anelândia!
Espero que tenham gostado e nos vemos na próxima!

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Boletim de Anelândia: #39 - A autora com letra feia (Lidando com insegurança da não-caligrafia)

 
Olá, pessoas! Sejam bem-vindos a mais uma edição do Boletim de Anelândia.
Hoje quero falar sobre uma coisa que me incomoda e muito, não só na carreira de autora, mas até no meu trabalho. É tanto que até teve vídeo em um dos meus canais já faz uns bons anos!
A maioria de vocês só me vê usando palavras digitadas… Ou melhor, não é o tipo de informação que saio espalhando por aí. Mas, sim, hoje falaremos sobre eu ser uma autora que tem letra feia.
Se preparem que essa é uma edição reflexiva e bem aleatória. Então, segurem na minha mão e simbora!

Eu juro que eu tentei e muito

Como toda criança que está na fase de alfabetização, eu tinha a letra feia. Só que isso ocorre por conta da ainda ainda falta de coordenação motora fina e que se desenvolvendo ainda na infância.
Então o que fazem com a pobre da criança? Colocam ela para fazer caligrafia! Geralmente num caderno com mais linhas do que o normal, onde as letras devem ficar dentro daquele espaço e seguindo os desenhos de cada uma dessas letras. Para que se tenha o desenvolvimento tanto a coordenação motora necessária, quanto tornar a letra mais legível e agradável aos olhos. (Até porque o prefixo cali significa bonito!)
Sei que usei algumas palavras meio pesadas, mas é porque eu tenho um belo de trauma de ter que fazer caligrafia e meio que ser obrigada a isso. Pois é!
Por convenções sociais, não é aceitável que uma menina tenha uma letra feia. Afinal, as meninas têm que sempre ser bonitas, todas delicadas, arrumadinhas e com uma letra bonitinha.
Uma vez até ouvi uma conversa de duas senhoras e uma delas estava comentando justamente sobre esse assunto e de que ia botar a neta para fazer caligrafia para não ficar com a letra feia. Confesso que me coloquei no lugar da menina por uns instantes!
Eu juro que eu tentei e muito me encaixar nisso, fazendo vários cadernos de caligrafia durante a infância e na maior parte das vezes, era porque outros parentes acabavam por esse pensamento (especificamente uma tia que era professora de 1º segmento) de “menina não pode ter letra feia”.
Só que o quê aconteceu? A letra continuou feia e a pessoa ficou com trauma e sempre se sente insegura por causa da “letra feia”.

Análise!
 

Isso sempre foi uma questão 

Como falei acima, eu ser uma pessoa com letra feia sempre foi uma questão que me permeou e ainda permeia a minha vida!
Por sorte, minha letra nunca foi uma questão de bullying. (Como se todo o outro bullying que eu sofri fosse menos né?) Mas, ao ponto de alguns professores questionarem e até reclamarem da minha letra e sofrerem para entender.
Ainda lembro um caso específico, de um professor da faculdade de letras que disse que a minha letra era bem de criança - ele usou o termo pueril - e aquilo foi bastante ofensivo para mim!
Eu até hoje tenho pena de usar qualquer coisa de papelaria, principalmente folhas que sejam fofinhas ou que eu achei lindas. Acho que minha letra vai acabar “estragando” elas! Até hoje tenho um item da Hello Kitty que nunca usei por pura pena!
Como eu ainda recebo reclamações no meu trabalho - e que lá no começo quase me fez não passar da experiência - de que a professora não tem uma letra que dê para ler, que ela tem a letra feia. Eu já chego nas primeiras aulas e já aviso de que minha letra não é lá essas coisas, só para evitar a fadiga!
Como eu tenho até vergonha de dar autógrafos porque eu tenho a letra feia. Eu penso que vou estragar o papel com a minha letra.
Claro que minha letra melhorou bastante com o passar dos anos, seja no caderno ou até quando estou escrevendo no quadro durante as minhas aulas. Só que ainda sim, eu sinto que estou sendo observada por causa disso.
 

Só que, na real, é traço de personalidade 

Apesar de tudo o que eu falei acima, eu de alguma forma tento lidar com essa questão o máximo que passo. Tento até me blindar já dando desculpas antecipadas para ver se os julgamentos não cheguem. Usando o tal do humor autodepreciativo, sabe?
Só que por outro lado, eu já entendi que, na verdade, a minha ser assim é só um traço de personalidade! Não me lembro onde que eu vi, mas se procurar rápido deve dar para achar, mas pessoas com letra feia costumam ter o pensamento mais rápido e outras coisas. 
Eu já percebi que quanto mais rápido estou escrevendo mais rápido são que meus pensamentos estão fluindo. Quando eu escrevia meus livros de forma manuscrita, eu sentia muito isso.
Minha letra tem momentos e momentos. Posso até começar escrevendo devagar, mas pode ter certeza que eu perder a paciência e vou começar a escrever rápido!
É comum, inclusive, eu acabar comendo algumas palavras enquanto escrevo, porque minha cabeça chega a ser mais rápida que minha mão… Até digitando acontece!

Então, eu costumo falar que a beleza das minhas palavras está justamente em outro lugar e que não é aquele que percebemos à primeira vista, é preciso ler para poder perceber! (Já que a gata é escritora!)
E posso dizer com orgulho que eu já dei umas canetadas dentro dos livros, bem daquele meme da caneta pegando fogo!
 

A ironia é que: eu gosto de Lettering

E vejam como são as coisas né? Ainda vou fazer uma edição sobre meus hobbies por aqui. Só que um deles envolve exatamente a caligrafia, que é o Lettering.
Eu sempre gostei de desenhar, mas nunca fui boa; só que na pandemia acabei por encontrar justamente essa arte de desenhar as letras. Na verdade, eu inventava de desenhar letras desde o ensino médio. Só que eu enxergo mais como um desenho do que algo a ver com escrita ou com caligrafia em si.
Tudo bem que não acho meus letterings as coisas mais bonitas do mundo, porém é hobby que eu realmente faço por ser hobby mesmo.
Cheguei até a desenhar alguns relacionados aos meus livros e quero fazer de todos, se for possível!




 
Bem, pessoal, é isto!
Peço desculpas por toda essa reflexão e que a edição de hoje fosse fora dos padrões.
Até o próximo Boletim de Anelândia!

sábado, 30 de agosto de 2025

Boletim de Anelândia: #38 - Primeiro você começa, depois você melhora (Sobre observar a própria evolução)


 
Olá, pessoal! Boas-vindas a mais uma edição do Boletim de Anelândia. 
Hoje trago mais uma edição que faz parte da minicoleção (que eu inventei) sobre os meus 20 anos como escritora. 
Hoje falarei um pouco sobre a minha própria evolução como autora, da forma que eu observo como minhas histórias, meu modo de escrita, vocabulário e todos os outros detalhes foram mudando conforme eu crescia, tanto como pessoa quanto escritora.  
Um dia, eu fui uma menina que escrevia em um caderno antigo, rabiscando as folhas com histórias que hoje em dia dá até vergonha de mostrar (e algumas mostrei mesmo assim). Atualmente, sou uma mulher adulta - sempre esquisito falar isso – e com isso escrever e crio histórias mais maduras e com mais responsabilidade. 
Claro que, como sempre, farei algumas das minhas observações e reflexões. 
Oficialmente, vamos lá! 
 

Claro que o início de tudo não foi a melhor coisa 

No meu começo, no longínquo ano de 2004, quando a escrita era só um mero passatempo e eu o fazia bem esporadicamente, não escrevi as melhores coisas do mundo. 
A primeira versão de As Super Agentes não é a melhor coisa do mundo. É repleto de buracos, de referências que permeiam ao plágio e toda uma carga mais infantil; bem condizente com a época da vida que eu escrevi. 
Todas as minhas histórias iniciais, apesar de eu gostar muito, sei com plena consciência de que não são incríveis ou o próximo best-seller ou até que vai revolucionar o mundo. 
São criações de uma criança/adolescente que tinha uma grande imaginação e resolveu colocar para fora de alguma forma, mesmo que não fizesse sentido na maior parte das vezes. 
 

Sempre na tentativa, erro e experimentação 

Outra característica muito clara que eu percebo durante todos esses anos escrevendo é que eu gosto muito de experimentar com a escrita. Ainda mais com essas mais iniciais, pois acabam cada uma sendo de um gênero diferente. Tem fantasia, young adult, medieval com ação, sci-fi. Claro que eu não fazia ideia de nenhum desses gêneros, só escrevia o que me dava na telha ou o que eu tinha vontade.
Por muito tempo mesmo, poucas pessoas sabiam que eu escrevia. Não era algo que eu saía compartilhando por aí, ainda mais porque eram outros tempos, principalmente na internet.
Não tinha medo de arriscar e explorar inventando histórias e personagens, de diversos jeitos. Eu estava me descobrindo e desenvolvendo na escrita, enquanto dava vida a tudo dentro daquilo, cada uma em seu próprio universo.
Não tinha realmente uma técnica e nenhum grande estudo, na minha humilde cabeça de adolescente, eu já fazia isso na escola; ali, inclusive, era o meu refúgio de muitas coisas. Era o local onde eu podia me expressar livremente e deixar fluir tudo o que tinha dentro de mim, que sempre fui muito tímida na adolescência.
Foi experimentando, errando em alguns momentos e acertando em outros que eu fui desenvolvendo parte da minha escrita. Montando melhor as ideias, os acontecimentos, os jeitos dos personagens, a própria construção do texto. Apelando um pouco para o meu eu “formada em letras”: a coesão e a coerência de tudo.
Até hoje meio que faço assim na experimentação, mas junto com alguns momentos de estudos, pois eles são sim necessários.
Uma coisa que meus cadernos (agora velhos) me ensinaram foi que não há limites para a escrita!

Pelo menos, alguns detalhes não precisava me preocupar

Inclusive, uma coisa muito engraçada do meu eu escritora e até pela minha área de formação ouso dizer, é que alguns detalhes da minha escrita acabo por não precisar tanto me preocupar. Vou explicar! (Meio que dando uma carteirada também, me perdoem!)
Primeiro que eu vou ser justa de que só entrei no curso de letras no auge dos meus 17 para 18 anos mais porque eu já era escritora e não porque eu queria lecionar; mesmo que atualmente seja isso que eu faça. E na faculdade de jornalismo acabei por entrar por recomendação de um professor do curso anterior.
Imagino, inclusive, que muitas pessoas devam entrar em certos cursos para finalmente aprender alguma coisa de algum assunto e digo isso mais especificamente ao curso de letras… Só que assim… Não adianta você ter todo o conhecimento técnico se não souber isso na prática! Eu fiz dois cursos diferentes (e que até se relacionam em certo ponto), mas acreditem não é isso que é capaz de fazer uma pessoa escrever bem.
E por que estou falando tudo isso? (Olha meu tipo de MBTI atacando novamente, porque eu entrei em devaneio… De novo!)
Justamente pelo motivo que desde sempre - ou pelo meu próprio desenvolvimento - não me preocupam na escrita. Um deles é justamente a minha questão com a gramática, mais a ortografia em específico. Uma coisa é verdade: a minha formação me ajudou muito com a minha escrita, contudo eu só evolui uma aptidão que eu já tinha.
E confesso que é muito mais fácil ser uma autora que já tem conhecimento de gramática normativa e já consegue ir aplicando isso enquanto isso.
Meu marido/digníssimo, que é o revisor das minhas obras, agradece!
 

Mesmo assim, é bom revisar 

Apesar de ter toda a parte teórica na minha cabeça e também um vocabulário desenvolvido por conta de ser leitora também, eu não sou perfeita! Confesso, inclusive, que eu cometo muitos erros de digitação, por que meu dedinho é nervoso!
Alias, nenhum autor consegue escrever a história perfeita no primeiro rascunho. A história sempre precisa ser lapidada, arrumada e claro, revisada. Não só na questão da ortografia, pontuação e etcs. Também com relação ao seu próprio desenvolvimento!
Toda história precisa de revisão! Sempre! Por isso que eu sempre recomendo a quem eu conheço que tenha ou uma outra pessoa para revisar ou que deixe o que foi escrito descansar um pouco antes de uma revisão.
Falei sobre minha questão de escrita “dentro das regras” ainda agora, pois foi digníssimo quem fez este apontamento! (Só para vocês não acharem que eu tirei da minha cabeça!) Contudo, ele comentou que não se preocupa com isso, mas observa outros detalhes que também fazem parte da história e de seu desenvolvimento.
Então, gente, é muito bom sempre revisar o que se escreve! 
Um meme antigo só para dar uma descontraída!

Não existe um “final da evolução”, ela continua sempre 

Estou aqui falando sobre a minha evolução, só que não significa que ela chegou ao fim. Isso nem inclusive tem um final! Estamos sempre em evolução na escrita!
Eu mesma observei as minhas ideias e meu modo de escrita evoluírem como o tempo e de vez em quando até penso ter alcançado o auge disso tudo. Só que aí vem alguma nova e que faz explorar alguma coisa que nunca tinha feito antes.
Aprendi que a escrita para mim é além de um local seguro e de conforto, é um local onde eu posso explorar em inventar sem pudor e sem limites. Continuando a me desenvolver em algo que eu (acho) que tenho alguma aptidão.
Olho para trás, com todas as coisas que escrevi nessa minha longa trajetória. Por um lado, sinto até vergonha porque existem coisas realmente muito toscas ou realmente ruins; por outro, eu entendo que era o meu eu daquela época e era o que ela podia fazer com o que tinha, aí eu sinto orgulho de mim. Vendo todas as histórias e personagens que eu criei e que eu tenho um grande carinho, todos eles se desenvolveram enquanto a autora estava se descobrindo em diversas fases da vida.
E acredito que a escrita vá além de algo mecânico para mim. Não é só colocar palavras num papel, de forma fria e artificial. É realmente o momento que coloco muita coisa de mim para fora.
E é interessante observar também não só a evolução das histórias, mas a evolução da própria escritora que me tornei e que eu sou hoje!
É aquele ditado: FOGUETE NÃO DÁ RÉ! (E eu colocando meme do Drag Race Brasil aqui!)

Vídeos que fiz relendo algumas coisa antigas

Vou compartilhar com vocês alguns vídeos que gravei no meu canal de autora, onde acabo por ler algumas das versões antigas das minhas primeiras histórias.
Tenho certeza que vocês vão dar muitas risadas, porque foi uma criança quem escreveu a maioria delas.








Com isso, encerramos a edição do Boletim de Anelândia de hoje!
Nos vemos na próxima!

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Boletim de Anelândia: #37 - Eu devo escrever só para mim? (Como lidar com processos de escrita)


 
Olá, pessoal! E boas-vindas a mais uma edição do Boletim de Anelândia. 
Cá estou eu hoje para falar sobre mais um pouquinho do meu processo de escrita, misturando com coisas que já ouvi algumas vezes nessa minha trajetória. 
Espero que eu consiga me explicar, porque tem hora que só parece maluquice da minha cabeça. 
Bora lá!
 

Lidando com o processo de escrita 

Com certeza, eu devo ter comentado por aqui – ou até em algum dos meus blogs – mas o processo de escrita é diferente para cada autor.
A forma como criamos e escrevemos nossas histórias acaba por ser semelhante e muito diferente ao mesmo tempo.
Alguns autores tratam a história só como uma coisa que eles escrevem, tendo uma carga mais leve, sendo uma coisa mais mecânica e tudo o mais. (Concepções que tirei da minha cabeça.) Já, para mim, a escrita é uma coisa muito pessoal, então acabo por viver cada momento daquela história e com aqueles personagens, colocando praticamente a minha alma inteira em cada livro que eu escrevo. 
E é complicado lidar com esse processo de viver uma história ao mesmo tempo que a conta, porque a escrita sempre foi um local de fuga e um refúgio para mim. 
Então, quando eu escrevo, acabo me colocando de corpo de alma em cada uma das palavras que saem. 
Desde o momento em que eu penso nas histórias, até o momento em que as escrevo e, ouso dizer, até depois que as termino, vivo com cada uma delas dentro de mim sempre. Comigo é desta maneira, não sei para outros autores.
Eu lidando com meu processo de escrita, não ironicamente!
 

A primeira leitora sou eu mesma 

Como eu sou a primeira pessoa que acaba por ter contato com todos os elementos da história, a primeira leitora de cada uma delas termina por ser eu mesma. 
Sempre com este pensamento na cabeça, sempre acabei escrevendo histórias que eu gostaria de ler e não encontrava em lugar nenhum. “Coçando as minhas próprias coceiras”, como comentei uma vez por aqui.
E acredito que eu continue assim até hoje, pois eu realmente preciso gostar do que estou escrevendo para poder continuar. 
Acaba acontecendo, com tudo isso, algo bem engraçado: a primeira fangirl das minhas histórias. Que fica surtando por causa de cenas, de casais e com trechos... Tem horas que parece que nem fui eu mesma quem escreveu. 
 

Pensando no outro leitor 

Com os anos, o avançar da experiência pessoal e também por começar a postar minhas histórias nessa internet afora, foi que eu passei a pensar um pouco nesse outro lado da equação… Que é o leitor! (Por que eu faço analogias com matemática né?)
Ao compartilhar minhas histórias com o mundo que eu fui finalmente recebendo opiniões de pessoas que não me conheciam e vendo quais caminhos eu poderia seguir na história ou não; se o que escrevia estava bom ou estava agradando ao público. Soando bem escrota, mas a decisão final, no final das contas (e com o perdão do pleonasmo) é minha!
Claro que devemos levar em conta algumas opiniões de leitores, mas como já devo ter comentado aqui, sabendo filtrar o que realmente vale ou não. O aprendizado que o tempo me trouxe é que nem sempre o leitor tem 100% de razão, tem coisas que são apenas opinião e a gente não deve ficar surtando ou pisando em ovos para agradar cada alecrim dourado com uma opinião diferente.
A sua história acaba virando um frankenstein, com um monte de elementos “nada a ver” misturados e que, provavelmente, não farão sentido entre si. Se formos agir dessa forma, vai acabar acontecendo de querer agradar todo mundo e acabar não agradando ninguém.
O peso pesado demais de carregar e para surtar à toa!
 

Realmente é um problema escrever para si? 

E aqui se recaí na pergunta que dá título a esta edição e que por um bom tempo - e até hoje, confesso - foi motivo de muitas reflexões minhas acerca da minha carreira de escritora. Já conversei na terapia sobre isso e até uma crítica que recebi falava exatamente com essas palavras.
E bem, como vocês já devem saber (ou não), meu tipo de personalidade acaba me levando justamente por esses caminhos de pensar demais e buscar algum sentido ou alguma lógica em coisas da vida, por mais simples que sejam. (MBTI = Lógico. Para quem é mais curioso!)
E na minha humilde opinião não é um problema um autor escrever para si mesmo em certos momentos. Nossos livros começam como coisas “só nossas”, seja um arquivo em branco no computador ou uma folha em branco de um caderno. Os nascimentos das histórias se dão por nossas mãos e por nossas palavras. A história se constrói em um ambiente íntimo e seguro. Com o tempo e o avançar dele é que vai conquistando o mundo e aí sim, deixando de ser “só nosso”!
É tudo sobre o que eu comentei acima: precisa que o autor goste de contar aquela história ou que tenha realmente alguma coisa maior por trás. Senão vira algo mecânica e tudo o mais.
Eu sei que eu costumo romantizar (e gourmetizar) tudo o que envolve o processo de escrita - e a carreira também -, mas para mim isso faz todo o sentido, sabe? Porque, como sempre falo (e falei hoje), a escrita representa muitas coisas e é algo que é bem pessoal e que sempre foi um sonho. Agora é um sonho mais realista, um pessoal mais pé no chão, porém ainda representa muito.
E falo isso com conhecimento de causa de que eu sou assim. Já embarquei em projetos de escrita que não deram resultado algum externo - sim, estou falando do 12 Meses do Minorin -, só internamente foi uma grande realização. E tudo bem com isso, sabe? Era algo que eu mesma queria fazer e eu cumpri com o compromisso que eu fiz! Ninguém me obrigou e ninguém leu também, mas faz parte! (E eu posso usar ainda esse material, que eu gostei muito do resultado.)
Posso ser muito julgada por este pensamento, mas é a verdade! Até porque se formos escrever pensando só no pós - como publicar e compartilhar com os leitores - vai sobrar só é muita pressão na cabeça e nada mais!

Bem, pessoal, é isto para esta edição!
Peço perdão por divagar demais, como costuma acontecer. Espero que tenham gostado!
Até o próximo Boletim de Anelândia!

domingo, 29 de junho de 2025

Boletim de Anelândia: #36 – Uma autora de Bienal (Minhas participações em Bienal e outros eventos)

 
Olá, pessoal! Sejam bem-vindos a mais uma edição do Boletim de Anelândia. 
Aproveitando esse clima de bienal, ainda mais que a do Rio ocorreu nas últimas semanas, vamos falar um pouco sobre eventos literários e minhas participações neles. Como me sinto com tudo isso e se realmente vale a pena participar! 
Vai ser quase como uma linha do tempo... Então bora! 
 

Bienais da infância/adolescência (e um pouco da vida adulta) - até 2015 

Durante a minha infância e adolescência, fui a bienal algumas vezes com meus pais e meu irmão. Mas, são poucas as lembranças que eu tenho delas. E tem uma coisa desta época que eu ainda tenho, que são os livros que eu comprei. A maioria acaba por ser livros de infância e alguns são de 2015, onde conheci algumas das minhas autoras favoritas, como a Luciane Rangel e a Juliana Leite. 


Bienal 2017 - aquela que todo mundo já sabe 

Mesmo que a minha primeira publicação seja de 2014, foi só em 2017 que eu fui à bienal como autora. 
E esta é uma das mais marcantes, que foi quando aconteceu toda aquela história do avental e que eu viralizei e tudo mais. 
Não vou me estender muito por aqui, pois temos uma edição exclusiva sobre essa história inteirinha. 
 



Bienal 2019 – a melhor para mim até hoje 

Já em 2019, já muito mais calejada (por ter passado uns perrengues e saber de histórias de outros autores) e aproveitando que eu comecei a trabalhar, resolvi que uma das metas era fazer a publicação dos meus livros. 
Com bastante organização, paciência e muita pesquisa, consegui fazer todas as etapas da publicação - tirando a parte gráfica do DEA que eu ganhei num sorteio – da revisão até a impressão, que eu custeei com os primeiros salários que eu guardei. 
E com este mesmo dinheiro guardado que eu também, com bastante tempo de sobra, fui buscar estandes onde pudesse sublocar o espaço e poder exibir meus livros por lá. Peguei o mais em conta (e que tirava a porcentagem menor das vendas dos livros) e compareci ao evento o máximo de dias que me foram possíveis. Neste ano, também fiz duas sessões de autógrafos e conheci pessoas com quem tenho contato até hoje. 
Esta foi de longe a melhor bienal que eu tive até então! Pois foi a primeira onde eu fiz um lançamento e uma sessão de autógrafos digna; onde também várias pessoas me alcançaram através daquele evento. (Tipo a pessoa estar passando pelo estande e se apaixonar pelo livro e comprar e assim, conhecer seu trabalho.) 
Apesar de ter sido muito cansativo, ainda sim foi maravilhoso! Confesso que queria que toda a bienal (para mim) fosse como essa. Porém, não controlamos tudo né? Ficaram só as lembranças e o carinho por uma edição que me marcou muito.


 

Bienal 2021, 2023 e 2025 – muitas vontades e nenhuma realização 

Terminei 2019 com a energia lá em cima e já estava até pensando em ir na edição de São Paulo em 2020; comparecer a mais eventos neste ano posterior... Só que... Aconteceu o que aconteceu!  
Tudo parou e acabou que eu fui obrigada a me divulgar nessa internet. E eu já falei por aqui como é trezentas vezes mais complicado de se fazer isso. Mas, apesar de difícil, prossegui; pois eu ainda estava com aquele gás de 2019. 
Na Bienal de 2021, acabou que eu não fui, por vários motivos. Já na de 2023, eu já estava com expectativas de conseguir publicar o JV3, mas num geral foi um ano mega complicado para mim e não rolou ir em nenhum estande. Aproveitei para fazer compras para o evento do trabalho (onde acabo revendendo alguns livros), pegar autógrafos de autoras que eu gosto e também para distribuir alguns marcadores, numa tentativa de divulgar meu trabalho um pouco. Foi muito mais cansativo e só me frustrei – outra pá de cal naquele ano catastrófico. 
E neste ano, com tantas mudanças - da própria Bienal e minhas – acabou que só fui para passear mesmo, aproveitando para comprar umas coisas para mim, fazendo um pequeno reestoque para o evento do trabalho (que também será mais cedo neste ano) e pegar alguns autógrafos também. 
Isso porque eu tentei pelo menos uma sessão de autógrafos que fosse, mas não deu mesmo! 
Espero que em 2027 (ou até 2026, se rolar a de São Paulo) seja melhor! 






  

Outros eventos literários (e pensamentos quanto a eventos menores) 

Porém, nem só de bienal vive esta autora, já participei de alguns eventos menores pela minha região: zona oeste do Rio. 
Já participei – entre 2019 e 2025 - do ELIZO (Evento Literário da Zona Oeste); Primavera Literária; Feira Literária de Campo Grande (se é que esse era o nome mesmo); e os mais recentes foram a FLIPR (Feira Literária do Parque Realengo) e PLIPO (Feira Literária do Parque Oeste). Isso porque eu nem estou contanto o Feirão Empreendedor do meu trabalho CLT como evento literário (porque não é). 
Os eventos menores acabam sendo mais de autor para autor do que para leitores mesmo. O público acaba por ser muito pequeno, entre a falta de interesse mesmo e uma falta de melhor divulgação; ou até de um melhor trabalho na organização lá no dia. No dia do evento, acaba ficando lotado de autores e passando uma meia dúzia de gatos pingados, que só olha porque o evento é em um ambiente frequentado por muitas pessoas e é só mais uma coisa para ver. 
Alias, boa parte desses eventos tem problemas terríveis de organização. Ainda lembro de um que participei que colocaram todos os painéis/palestras/roda de conversa no mesmo ambiente da feira... Pensando em concentrar melhor todo mundo, só que acabou que, na hora em que estava acontecendo alguma apresentação lá na frente, as pessoas não conseguiam passar. Coisa esta que prejudicou muito às nossas vendas! 
Outro evento foi uma falta de organização tão grande que ficamos no ar livre, embaixo de uma tenda enorme, mas que não protegia a todos... Um dos dias acabou chovendo e o ambiente onde estávamos virou uma lama pura. Isso sem contar que paguei a participação e ninguém no momento que cheguei foi conferir numa lista o meu nome. Eu podia ter sido bem da safada e só metido a cara no evento e botar mesa sem pagar nada, porque eles nem iam saber! (O que levanta a teoria de que tem gente que faz este evento para embolsar dinheiro de autor independente.) 
Até quero participar de mais eventos na minha região, só que estas pequenas coisas – que acabam por nem ser até muitas no final das contas – acaba me incomodando e me fazendo ter receio de participar. 
Só que, por outro lado, se eu ficar só tentando divulgar na internet também não dá certo... Estar em eventos é ser visto e conhecido e lembrando. 
Acho que eu preciso mesmo é escolher melhor quais eventos eu participarei! 




  

Realmente vale a pena participar de eventos? 

Com tudo isso que eu falei, fica a questão do título deste tópico. E minha resposta é - apesar de tantas coisas que eu falei contra – que vale a pena sim!
Mesmo com tantos problemas, que costumam ser mais culpa de organização do que qualquer coisa, num geral o saldo depende da ideia ou objetivo que se tem com a participação.
Claro que é sempre bom participar de algum evento, expor nossos livros e conversar e conhecer outros autores e até leitores. Por este lado, o saldo acaba por ser positivo! Muitas pessoas maravilhosas que eu conheci fazem parte disso. 
Porém, se formos levar em conta o lado financeiro, não costuma compensar tanto. Tirando o valor da impressão dos livros da conta... Porém, ainda tem alguma taxa de participação (para alugar mesa, por exemplo), combustível ou transporte para ir ao local (seja ir em carro próprio, de uber ou de transporte público). Além disso, toda a logística também soma nesta equação! Quando você vai avaliar tudo, acaba por não compensa, pois os gastos costumam ser maiores do que a venda.
Então, tem que saber realmente avaliar o que vai pesar mais. Eu acho que vale a pena por ser vista e mais pessoas conhecerem meu trabalho, até porque saio distribuindo marcadores e eles vão embora igual vendaval e podem chegar em lugares que eu não alcançaria. Tenho contato com outras pessoas do mercado, então acabo conhecendo outros autores também.
Vendo um livro aqui ou ali, mas acho que se eu fizesse só pelo dinheiro, não continuaria na minha carreira de autora de um modo geral.
Como disse acima, preciso saber escolher melhor minhas participações, pois estes eventos menores têm me frustrado bastante.

 
Bem, pessoal, é isto!
Termino a newsletter de hoje com muitas reflexões, como sempre. Saber pesar o que vale a pena ou não, até neste tipo de coisa. Como tudo na carreira de escritor!
Nos vemos no próximo Boletim de Anelândia! 
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