quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Boletim de Anelândia: #28 - A eterna criança (Autores que têm contato com sua criança interior sempre)

 

Olá, pessoal!
Sejam bem-vindos a mais uma edição do Boletim de Anelândia!
Cá estou hoje para falar sobre um tema relacionado um pouco com a edição anterior, sobre o processo de escrita, criatividade e estar em contato com a infância.
São sobre coisas que eu já ouvi falar nessas minhas andanças de internet e tem realmente algumas que eu acabo concordando e quero falar sobre ela hoje.
Então, bora lá!

Pessoas artistas têm uma criança interior que nunca abandonam

Não lembro exatamente onde vi, mas pessoas que trabalham com arte acabam por ter um contato um pouco maior com a sua criança anterior ou até com a sua infância.
É aquela criança sonhadora e que ajuda a manter a inspiração, a vontade, a disposição, o fluxo de ideias e diversas outras coisas.
Toda pessoa artista tem uma grande criança dentro de si mesmo, aquela que se empolga e ama fazer o que faz, seja cantar, dançar, desenhar, escrever… Independente da atividade.
Talvez seja porque é uma época em que temos muitas emoções e estamos aprendendo com todas elas e vamos apenas experimentar e vivenciando e sonhando e construindo… E trabalhar com arte é justamente isso: Vivenciar, testar, sonhar, construir.
Também é a fase em temos maior imaginação e essa também é uma parte integral da arte.
Em resumo, todos nós artistas somos crianças interiores realizando as próprias vontades sempre!
Claro que nem sempre isso acontece por se ter uma boa infância, mas para consolar aquela mesma criança que você foi um dia!

Eu sempre abraço a minha criança interior

Ironicamente, como vocês bem sabem - ou não - meu começo de escrita foi justamente por fuga. (Mas quero falar com mais detalhes sobre isso numa edição especial ainda neste ano!) Fuga de muitas coisas e a vontade de voltar para uma época mais fácil e onde eu era feliz. Realmente, tive uma transição bem complicada da infância para adolescência e sofri bastante e foi neste momento em que meu primeiro livro nasceu.
Como sempre falo, era só uma brincadeira e hobby de criança, mas que foi evoluindo e crescendo junto comigo, quando quis que isso fosse algo que queria fazer como profissão (não a minha principal, porque no Brasil isso é uma raridade).
Porém, toda vez eu me recordo daquela pequena Anelise, acuada e assustada, com tantas preocupações na cabeça e o meu eu adulta só tem vontade de abraçá-la e dizer que tudo vai ficar bem e que vai dar tudo certo!
E aqui entra uma versão minha que eu descobri há pouco mais de dois anos, se minhas contas não estiverem falhas!
Eis a “adulta saudável”!
Em muitos momentos durante o meu processo de escrita - e de ter que lidar com outras situações - eu preciso acessar esta versão, para poder me manter centrada e até controlar um pouco e também acolher a minha versão infantil. Enquanto uma fica super empolgada e animada com cada uma das histórias - a infantil - a outra tem que dar uma segurada e ser mais pé no chão e seguir com o ar profissional, mas sem esquecer o lado puro que o processo envolve.
A adulta abraça também em momentos mais tristes e até frustrantes, dando até um pouco de sentido e razões em tudo isso, nessa ideia maluca de querer contar e escrever as próprias histórias.
Eu sempre falo isso, mas eu realmente sou a primeira leitora do livro e a ela quem eu tenho que agradar, enquanto a adulta precisa cuidar do planejamento, já que a criança fica empolgada pensando em cenas de uns vinte capítulos na frente.
Sei que parece confuso, mas é um equilíbrio que eu aprendi e que funciona para mim!

A versão minha que sempre abraça a mais nova!


E tem algo errado em ser “tão infantil”?

Talvez, na visão de alguns, esse aspecto que comentei na edição de hoje seja apenas uma grande maluquice e que não tem sinceramente nada a ver com nada.
Mas, ser sonhador, imaginativo, é sim lidar com uma parte mais infantil, com coisas mais simples. É de tudo o que eu falei até agora!
O que sempre complica é que existem algumas regras ou alguns limites que outros - sejam artistas também ou só “pessoas normais” - acabam impondo com base em seus próprios conceitos e valores e acabamos por seguir só para… Sei lá… Ser aceito por eles? Ser aceito e entendido? Mas por quê? E por quem?
Não existem nada de errado nisso! Não tem problema abraçar a criança interior, atendendo a vontades que não pudemos durante a infância, fazendo com que ela finalmente se sinta realizada e feliz… E nós fiquemos também! Afinal, aquela mesma criança somos nós!

As lembranças de tempos mais simples (e de puro caos)!


Meus pequenos aspectos “infantis”

Só para comentar mesmo, vou dizer algumas coisas que eu faço - não diretamente relacionadas com a escrita - mas que são consideradas “infantis”.

Moda Personagem

Essa aqui já foi até motivo, mais de uma vez, para que me mandassem buscar tratamento psicológico!
Tem uma edição exclusiva falando sobre o MP aqui no Boletim de Anelândia, mas resumindo: ele nasceu como mais uma das minhas ideias malucas e simplesmente foi evoluindo para uma versão de cosplay dos meus personagens. Meu eu infantil adora ficar inventando roupa e representando personagem.

Fazer personagem em Dollmaker

Isso aqui só de ler já dá para ter uma ideia.
Como eu nunca tive boas habilidades de desenho e por muito tempo tive a grana curtinha para pagar ilustração, acaba por usar esses dollmakers - especialmente o da Rinmaru (RIP para a lenda) e do Azalleas Dolls - para fazer meus personagens. Ter uma simples ilustração com a aparência deles, até para ajudar na divulgação.

Adoro fazer até eu mesma nestes tipos de "jogos"!

Assistir animação

Até hoje, em pleno 2024, tem gente que diz que animação é só para criança!
Uma das coisas que eu mais amo fazer é ver desenho, especialmente os animes. Já perdi as contas de quantas vezes já sofri um bullying de leves por causa da minha otakice fedida.

Eis a gata surtando por causa de casal de anime since 1992. haha


Bem, pessoal, encerramos por aqui mais um Boletim de Anelândia.
Até a próxima!

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Boletim de Anelândia: Bônus #10 - Capítulo de Mãe de Aluguel (História Inacabada)

 
 
Olá, pessoal!
Bem-vindos a mais uma edição bônus do Boletim de Anelândia!
Trago hoje a vocês o capítulo de uma história perdido, que deve ser de 2018, que eu dei o nome provisório de Mãe de Aluguel. Mas, é basicamente sobre uma mulher que é barriga de aluguel numa época medieval.
A ideia era para ser uma história curta, de poucos capítulos, mas eu escrevi o prólogo e o uma parte do primeiro capítulo…
Quem sabe numa outra edição bônus não traga o outro capítulo incompleto!

Deixando, de curiosidade, a capa bem simples que eu fiz na época!
 
 

Prólogo - Um herdeiro para o trono

Aqui estou eu, numa carruagem rumo ao castelo. Fui convocada por suas majestades, recomendada por uma outra nobre que gostou dos meus serviços.
E tem menos de três meses que eu tive o último bebê. É sempre assim! Todos os anos estou grávida, estou carregando uma criança que no final de tudo não será minha, mas sim de quem está me pagando para tê-la. Sou uma Ama de barriga, se é que se pode chamar assim. Eu tenho filhos de mulheres que não podem, carrego filhos de mulheres que não foram abençoadas com graça de prover uma vida dentro de si.
Eu sigo os passos da minha mãe. Na minha infância, sempre a via grávida e pensava que teria um irmãozinho como as outras crianças, mas não. Sempre vinha uma pessoa para buscar meu “irmãozinho” e uns meses depois, lá estava ela novamente com o estômago alto por conta de outro bebê a caminho. Era um ciclo sem fim! Era assim desde que papai morreu e isso é uma lembrança muito remota na minha mente. Ela precisava nos sustentar e foi dessa forma que conseguiu. E claro, ela me ensinou o seu ofício, assim que me tornei mulher. E quando ela já não mais podia, quem nos sustentava era eu. Tenho muitos irmãos e filhos perdidos por este reino.
E foi pelo mesmo motivo que o Rei e a Rainha me chamaram. Há anos, eles tentam ter um herdeiro para o trono, mas a Rainha é infértil, então, resolveram me chamar. Tudo em segredo! Fui recebida por um dos empregados do Rei:
-Bom dia, senhorita Mary Bash. As majestades já a esperam. Eu sou Emil Madani, sou guarda-costas real. Acompanhe-me.
Agradeci e o segui. O Castelo era bem maior do que parecia quando visto da cidade. Grandes colunas com o estandarte da família real estendido, nas cores vermelha e dourada. Eles me aguardavam no gabinete do Rei, o mesmo lugar onde ele provavelmente traça suas estratégias de guerra, pois vi uma quantidade enorme de mapas quando adentrei a sala.
- Majestades, aqui está a moça. – me introduziu – Com licença.
- Obrigado, Emil. – agradeceu o Rei
Na sala havia, além do Rei e da Rainha, outro homem que não faço ideia de quem seja.
- Sente-se, querida. – disse a Rainha, que trajava um belo vestido e a sua coroa – Eu sou a Rainha Gorana Lakhdar e este é meu marido, Rei Igor Lakhdar. E aquele é o conselheiro real: Mirko Bacri.
Fiz o que ela me pediu e o Rei começou a falar:
- Temos um assunto importante para tratar. Eu e minha esposa desejamos um herdeiro para o trono real, mas o médico real já disse que ela não é capaz de gerar uma criança. Porém, os súditos não sabem disso. Então, a Lady Rebecca lhe recomendou, pois recentemente teve um filho que proveio de seu ventre.
- Sim, tem poucos meses que tive o herdeiro de Lady Rebecca. Meu corpo já está mais do que pronto para receber o herdeiro real. Minhas regras já retornaram. – apesar de ser algo até íntimo demais para outras mulheres, eu já estava acostumada a falar sobre isso, era um detalhe importante para meus clientes
- Excelente. Mas, temos um pequeno plano. – disse o conselheiro – Sua gravidez passará despercebida, pois fingiremos que a Rainha está grávida.
- Entendi. Não será a primeira vez que farei isso. Só preciso saber quem serão as pessoas de confiança para tudo, especialmente o parto.
- Resolveremos isto tudo no decorrer dos meses. E não se preocupe que terá tudo do bom e do melhor e receberá uma boa recompensa pelo que está fazendo por nós. – completou o Rei
- Já preparamos seus aposentos num canto mais afastado do palácio. Emil lhe levará. Contudo, você já passará esta noite com o Rei, queremos esse bebê o mais breve possível. – a Rainha, dessa vez
- Obrigada! – levantei-me e a Rainha me guiou até a saída
Emil aguardava na porta, com minhas bagagens.
Em outra situação, eu levaria uns dias para aceitar ou até conversaria mais, mas eram os governantes do meu reino, esse trabalho é quase como uma ordem. Eu estou me sentindo estranha pois logo estarei com o herdeiro do reino em meu ventre.

Bem, pessoal, é isto! Espero que tenham gostado!
Quem sabe não aproveito essa ideia para alguma outra história?!
Até a próxima edição!

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