segunda-feira, 2 de junho de 2014

Capítulo 7

Assim que completei cinco meses de gravidez, meu irmão retornou. Ele veio falar comigo em meu quarto:
–Irmã, que saudade! Como está?
–Nós dois estamos bem!
–”Nós dois” quem?
Virei-me, pois estava de costas. E ele viu a minha barriga, abriu um sorriso e disse:
–Parabéns, irmã! De quem é?
–De quem está pensando.
–Você em!
E nós rimos. Em seguida, perguntou:
–Ele já passou aqui?
–Ainda não. Espero que em breve.
–Alias, ouvi dizer que o pai dele quer desafiar a família. Foi isto que vim lhe falar.
–E papai já sabe?
–Falei com ele assim que cheguei.
–O que o pai de Mitsuki quer afinal?
–Ouvi boatos de ser nossa irmã esperar um filho dele.
–As informações dele estão atrasadas.
–As minhas estavam. Cinco minutos atrás.
–Se depender de nossa mãe, nem luta haverá.
–Claro! Ela quer que Sae seja importante.
–Ela nem acreditou em mim quando eu contei quem era o pai.
–Eu sei. Não é preciso ser esperto para saber.
–Devemos treinar para esse desafio. Aproveitar que estamos na vantagem. Somos três e eles dois!
–Irmã, não pode lutar!
–Posso sim, treino com papai todo dia.
–Vamos fazer um acordo: Será a última para resguardá-la ao máximo.
–Está bem! E a princípio, o desafio é inútil, o filho dele já está aqui.
–Mas ele não sabe!
–Sei disso.
–Vamos lutar lá fora?
–Sim.
E como o hábito, eu ganhei. E Takeshi falou a mesma coisa que meu pai, que respondeu:
–Também acho isso, filho.
E continuamos treinando, os três samurais da casa a espera do desafio. Um mês se passou e soubemos que pai e filho estavam na cidade. Naquele mesmo dia bateram em nossa porta e eram eles.
Minha mãe e Sae já sabiam dos planos, me empurraram até um quarto e me trancaram lá. Ninguém viu ou ouviu! Os outros três estavam na porta. Enquanto elas me puxavam, só escutei isto; em meio aos meus berros.
–Desafio sua família! Se ganharmos, sua filha mais nova proverá meu neto.
Antes de me trancar, minha mãe falou:
–Seus planos não atrapalharão os meus, bastarda!
Nem fiz questão de gritar mais, estava no fundo da casa. Fiquei com meu bebê quieta para não me desgastar. Pressenti que as coisas não iam bem, iria ter que lutar. Rezava para sentirem minha falta.
Demorou um pouco, mas ouvi a voz de vovó me chamando. Respondi-a e ela abriu a porta para mim. Deu-me minha katana e disse:
–É sua vez! Vai ter que derrotar o pai de seu filho.
Não me choquei, já esperava por isso. Enquanto me dirigia ao jardim fui tomando força e coragem. Então ouvi o pai de Mitsuki falar:
–A vitória é nossa! Pode vir, jovem.
Eu vi o sorriso de minha mãe, mas eu tive que interromper a alegria dela com uma entrada triunfal.
–Espere! Ainda há um samurai nesta casa, ou melhor, uma samurai.
–Sasaki! - disse Mitsuki surpreso
–Bem na hora, irmã!
O que havia acontecido? Meu irmão lutou contra o pai dele e perdeu. Assim, papai foi lutar e ganhou. Mitsuki entrou e ganhou de meu pai. Quando vovó viu a derrota de meu pai, me procurou. Sabia quem fizera tudo.
–Ela não pode lutar. Está desabilitada com esta gravidez. - falou minha mãe
–Isso mesmo! - concordou Sae
–Calem-se! Vocês não decidem por mim. Trancaram-me no quarto para nós perdemos e saírem na vantagem.
–Mentirosa! - falou minha irmã
–Não perderei tempo com vocês.
Desci ao jardim e ajudei papai a se levantar.
–Obrigado, filha! Lute com tudo.
–Pode deixar.
Eu e Mitsuki nos encaramos. Ele olhou direto para minha barriga. Percebi que ele estava receoso por causa disso e então tranquilizei-o:
–Não fique preocupado, lute com seu máximo.
Quando falei isso, ele olhou para mim, com aqueles lindos olhos castanhos e nada falou. Piscou, virou o olhar para outra lado. Em seguida, veio rápido em minha direção. Defendi sem nem sair do lugar. Tentava me atacar, mas não fui atingida e continuei parada.
–Está melhor, Sasaki!
–Obrigada!
Era minha vez de ir ao ataque. Me mexia tão rápido que ele se protegia quase que no desespero. Porém, não o acertei. A sequência de ataques seguinte foi de Mitsuki. Mas, no meio de um destes, defendi e empurrei. A katana dele voou longe.
Desarmado, deu um pulo para trás. Apontei a katana na direção em que estava, larguei-a no chão e disse:
–Vitória da nossa família.
Ele abriu um enorme sorriso e me abraçou.
–Sasaki!
–Mitsuki!
–O que significa isso?- disseram, ao mesmo tempo, minha mãe, irmã e o pai de Mitsuki
–Pai, o filho que a Sasaki espera é meu!
–Mesmo? - sem acreditar, perguntou
–Sim. Iria te contar, mas você me arrastou até aqui.
–Que notícia maravilhosa.
Então ele abraçou o filho. Ele não reprovou sermos rivais. Os rivais eram ele e meu pai.
A careta que minha mãe fez ao ouvir da boca de Mitsuki a verdade, foi ótima. Minha irmã? A mesma coisa! Virei-me para elas:
–E Agora, acreditam em mim? Digam!
–Não. Mentirosa!
–Nunca vão tomar jeito. - disse meu pai rindo
–Entrem e comam conosco. - convidou vovó
Comemos num clima agradável e divertido. E no meio disso, tive uma surpresa.
–Sasaki é a grande escolhida por seu filho.
–Isso está bem claro.
–Eles não contaram a ninguém sobre.
–Mas tem outra coisa... - disse Mitsuki, dando um ar misterioso – Quero pedir a mão de sua filha em casamento.

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