quinta-feira, 27 de junho de 2024

Boletim de Anelândia: #24 - O dia do Avental (Como eu viralizei do dia para a noite)


Olá, pessoal! Mais uma edição mensal do Boletim de Anelândia no ar!
Para a edição de hoje resolvi contar uma história dessa minha carreira de autora, que foi um quase ponto de virada e que não consegui aproveitar.
Sim, é sobre o famoso “Dia do Avental! Segurem-se que aí vamos nós!
 

De onde a ideia surgiu?

Essa ideia mirabolante de fazer um avental transparente e expôr os livros nele foi da minha psicológa na época. Era o ano de 2017, quando já estava fazenndo estágio na minha faculdade. Seria a minha primeira vez como autora numa Bienal, mas como o trabalho não era remunerado, nem tinha a possibilidade de eu pensar em ficar em estande.
Levei a ideia para a costureira, comprei os tecidos plásticos necessário e estava pronta a obra de arte.

A experiência do primeiro dia

No dia 3 de Setembro de 2017, eu, meu digníssimo e meu irmão chegamos com uma mala carregada de livros. Entrei na frente, com minha credencial, enquanto os outros dois compravam os ingressos.
Assim que eles entraram, achamos um cantinho e eu vesti o avental, tirei uma foto, postei nas redes de autora e comecei a passear com ele. Eu só me lembro que ele acabou ficando pesado para mim e acabou que meu noivo carregou na maior parte do tempo.
Respeitosamente, só ficamos pelos corredores e não colocamos um pé dentro de nenhum estande.
Logo de cara encontrei minha professora da faculdade e vendi um dos livros - uma das antologias, que era só o que eu tinha - e vendi ainda mais dois livros neste dia. Obviamente, também distribuí um monte de marcadores!
Neste dia, também fui como leitora e fui comprar coisas para mim e até peguei autógrafos!
Como no dia seguinte eu tinha estágio - fui num domingo - voltamos para casa e tudo o mais.
Fiquei cansada, mas muito feliz pelos meros três livros que eu vendi!

A gata virou viral

Antes de dormir, na maior inocência, entrei um grupo num das redes sociais azuis – o Facebook – e coloquei a mesma foto que compartilhei mais cedo. Ainda lembro do que falei no texto: Sobre a primeira vez como autora na bienal e que eu tinha vendido só três livros, mas eu estava muito feliz com isso.
Antes de dormir, cheguei a ver os primeiros comentários e respondi agradecendo. Mas, como já estava ficando tarde, acabei deixando o telefone e fui dormir. Nessa época, eu não desligava a internet quando não estava usando... Eis que acordo na manhã seguinte, um bocado atrasada, porque o meu despertador não tinha tocado. Quando fui olhar as notificações do celular, estava simplesmente explodindo de pessoas comentando e me procurando, num certo desespero.
Basicamente, eram umas 5 mil pessoas me procurando, porque eu postei a foto e fui dormir e trabalhar, como uma pessoa normal.
Corri para o estágio e de lá mesmo fui respondendo as pessoas, agradecendo o carinho e tudo o mais. (Isso sem contar a quantidade de repostagens que fizeram.)
A comoção pela “Menina do Avental e que não tinha estande” foi tamanha que no final daquele dia tinham me oferecido espaço para uma sessão de autógrafos num estande. (Ainda lembro o quanto eu chorei com isso e o quanto minha mãe chorou também quando isso aconteceu.) A própria dona da editora quem o fez!
Conversei com ela e combinamos o dia para eu poder ir. Escolhi o dia em que estaria de volta, na sexta-feira, dia 8 de Setembro.
Chegando lá no dia fui muito bem recebida pelas responsáveis e logo coloquei meus livros na mesa lá na frente e estava oficialmente aberta a minha sessão de autógrafos.
Vendi mais três livros, para três pessoas que sequer sabiam da história que me fez chegar até ali.
Confesso que achei que ia vender um pouco mais, ainda mais por causa da história toda. Mas, melhor do que sair sem vender nada.


Fora ir no evento, foi uma semana um bocado agitada, porque vários portais literários quiseram publicar alguma entrevista comigo. Então foi uma semana boa para a minha visibilidade e para os meus livros também. Em tese, pelo menos!


Os frutos que eu não consegui colher

Aqui vai entrar a parte desabafo e um pouco da frustração que eu tenho com relação a essa história... Talvez vocês pensem que eu seja negativa, mas é só o meu MBTI na sua mais perfeita forma. (Sou INTP – Tipo Lógico - só para constar!)
Primeiro que muitas pessoas – para não dizer todas, pois uma que disse que ia realmente foi – que prometeram de ir no dia da sessão de autógrafos sequer apareceram. Talvez eu tenha escolhido mal o dia ou a maioria das pessoas que viralizaram a minha foto não eram do Rio.
Outra coisa é que não conquistei nenhuma venda de livro a mais, nem do JV1 – que eu já tinha publicado na época - mesmo com tantas pessoas falando que queriam ler algo meu e ficaram interessadas pois viram a minha força de vontade e proatividade de divulgar meus livros.
Na postagem original até cheguei a colocar o link para o JV1, mas não aconteceu nada “e feijoada”!
Até hoje, eu fico me perguntando onde foi parar toda aquela gente... Que simplesmente fizeram a foto mais desfocada e mal tirada do mundo explodir numa bolha; Que fizeram aquele meu moto G2 nunca mais conseguir despertar (o bichinho real desistiu) de tanta notificação.
Uma publicação que eu achei dessa época. O grupo era grande e a comoção também o foi!
 
Talvez elas só tenham seguido para a próxima grande e inspiradora história, já que as coisas na internet têm um prazo de validade muito curto! Enquanto fiquei eu aqui, esperando talvez um pouco mais do que louros e sim, frutos desse acontecimento na minha carreira de autora.
Eu ainda me culpo e me frustro muito, porque eu fico matutando o que eu poderia ter feito de diferente... Mas, ai que tá! Eu não fiz nada diferente ao postar a foto, as pessoas quem tornaram isso algo importante!
Só que por outro lado, acho que nada do que tivesse feito a mais ia mudar isso. Imagino que as pessoas só acharam a coisa mais fofinha do mundo aquela menina (eu tinha 24 anos já, mas a cara sempre de mais nova) com um avental e os livros dela.
E bem, depois deste acontecimento a minha carreira meio que voltou ao estado onde estava... Igual 
estava no primeiro dia que fui naquela bienal de 2017.
 
 

Apesar de tudo, foi um primeiro passo

Para a gente não fechar numa badvibes essa edição e vocês não queiram me matar, pois eu só reclamo 
da vida!
Essa história toda se tornou mesmo um ponto de virada, mas mais pessoalmente e internamente do que qualquer outra coisa. Foi um primeiro passo de uma coisa que se tornou bem maior: eu e minha relação com minha carreira.
Na Bienal de 2019, consegui ir novamente, mas dessa vez com meus livros solo publicados em formato físico - que foram o JV1 e O Diário da Escrava Amada – e fiz duas sessões de autógrafos e vendi mais livros do que eu consegui contar. Sendo uma experiência mais honesta e até realista, do meu humilde ponto de vista.
Com pandemia que as coisas não seguiram da forma que eu gostaria, porém, até hoje, uns bons anos depois, continuo firme e forte na minha carreira de autora. Já publiquei mais algumas coisas extraoficialmente, mas já tenho novas publicações planejadas para 2024 e que vão dar certo!
E cada dia é um dia, são altos e baixos, um ânimo e um desânimo, mas o que importa é seguir em frente e não desistir!
Bem, desde aquele Setembro de 2017 eu não desisti e continuo aqui dando um passo de cada vez e colhendo os frutos do meu trabalho de pouco em pouco.

Bem, pessoal, este foi o Boletim de Anelândia deste mês!
Espero que tenham gostado de conhecer mais alguns dos pormenores dessa história do avental, mesmo que algumas vezes já tenha falado sobre, mas aqui fica finalmente centralizado.
Até o próxima!

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