sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Capítulo 5 – Personagem mais uma vez

Eu passei a noite de ontem no apartamento da Helena. Ela me chamou para jantar, acabei indo bem desleixado e ela com aquele vestido. Foi tudo tão agradável e foi natural termos transado de novo. Menos selvagem do que da outra vez, mas bem mais gostoso, ouso dizer.

Ela está escrevendo sobre nós outra vez. Não sei se ela está me usando como uma cobaia de teste pros produtos ou pros contos dela. E sinceramente, não me importa. Ela é tão sedutora que não tem como eu dizer não. Aquele olhar... Só de pensar... E eu ainda a vejo como a Echii e não como a Helena que conheci, ainda estou separando as duas coisas. É confuso, eu sei.

Depois de tomar café da manhã e tirar as fotos que faltavam – até porque esquecemos na noite anterior – voltei para o 805 – vulgo meu lar – e tomei a ducha mais fria e coloquei a cabeça em baixo do chuveiro. Bati uma, porque apesar de um pouco do efeito da bebida, ainda lembrava de tudo que ocorrera e o tesão estava incontrolável. Fiquei lembrando dela em cima de mim e sentindo a virilha doer.

Sai do chuveiro com a toalha enrolada na cintura e meu telefone toca. Era meu melhor amigo: Mateus.

- Gustavo, e ai? Cara, onde você estava? Te liguei ontem a noite e nem atendeu.

- Ah, eu dormi cedo. – dei uma desculpa

- Conta outra. – reclamou – Enfim, arrumei um freela pra você.

- Pra quando?

- Hoje à tarde!

- Assim tão em cima? Sabe que odeio?

- Não seria “em cima da hora” se tivesse atendido ontem.

- Ah, me desculpe, meu empresário. – bufei – O que? Onde é?

- É uma festa de aniversário infantil. Não é muito longe de onde você mora.

- Quanto vão me pagar?

- Trezentos contos.

- Melhor do que nada. Passa o endereço, o horário e tudo por mensagem.

- Assim farei.

- E obrigado, Mateus. De novo!

- Estou aqui para isso!

Despedimo-nos e eu desliguei. Fui trocar de roupa e arrumar a casa e o meu equipamento. Preparei um almoço rápido antes de ir. O lugar ficava a dez minutos do meu prédio. Os contratantes, que eram os pais da aniversariante foram bem simpáticos comigo. Eu sabia que ia voltar com uns lanches para casa, porque em festa de criança comida não falta.

Esse era um dos serviços mais comuns que conseguia, tendo em vista a quantidade de condomínios pela região e até pela cidade. E como fotógrafo iniciante na carreira, meu preço é bem abaixo e eles acabam pagando por ser mais barato mesmo.

Seria mais uma das diversas vezes em que já fotografei, se não fosse quem apareceu lá. Sim, a Helena. O que ela fazia ali? Eram da família dela, amigos? Não sei. Mas, ela cumprimentou os convidados com bastante intimidade. Assim que ela me viu, veio falar comigo:

- Gustavo, você por aqui? Quanto tempo. – e com essa cara de pau

- Conhece ele, amiga? – questionou a mãe da criança

- Ah, sim. Ele é meu vizinho.

Por pouco não respondo: Eu estive na sua casa hoje de manhã. Mas, mantive a compostura e só falei:

- Conhece ela de onde, Helena?

- Da faculdade e do trabalho. Ela trabalhava na revista comigo.

Apenas assenti. Fora as trocas de olhares entre eu e a Helena, foi tudo bem tranquilo. Algumas horas depois cantaram o parabéns e tinha acabado de anoitecer quando os convidados começaram a ir embora. O pai da aniversariante agradeceu o serviço, passou o contato para que enviasse as fotos e me pagou. Agradeci igualmente e ia embora quando a Helena me chamou.

- Gustavo, espera. Vamos voltar juntos. Eu estou de carro, te ajudo a levar os equipamentos também. Deixa-me só terminar de ajudar minha amiga aqui. Se incomoda de esperar?

- Claro que não.

Ele se distanciou e eu peguei o celular enquanto esperava. E lá estava a notificação de mais uma nova postagem do Contemporânea Erótica.  Pensei ser mais das postagens comuns ou até já a avaliação de alguns dos produtos novos, mas não. Era outro conto! Ela escreveu dois em dois dias. Será que nossas transas dão tanta inspiração assim?

Como não tinha nada para fazer, decidi ler.


“Conto: Fisgando pelo estômago

Encontrei com um dos meus vizinhos do prédio no elevador, já estava de olho nele tem um tempo, então decidi convidá-lo para jantar na minha casa. Queria fazer algo especial.

Preparei tudo, a comida e a mim mesma. Ele foi pontual ao tocar a campainha. Apareceu mais a vontade do que eu, que estava presa num vestido justo só para tentar impressionar. Não significa que ele não percebeu, só achou engraçado ser um pouco demais.

Trouxe o vinho e a refeição, que nem sei se era do seu gosto ou não, porém ele não reclamou, então creio que ao menos ele coma sem frescuras. O jantar foi regado de garfadas, goladas no vinho, muita conversa e risadas. Estava um clima leve e descontraído.

Depois nos sentamos no sofá e falamos sobre os nossos sonhos e que nem sempre as coisas acontecem na ordem e da forma que queremos. Uma hora, nossas bocas não conseguiram ficar mais tão distantes. De maneira calma e até doce, ele me deu um beijo, me afagando com suas mãos. Não resisti em não corresponder. O sofá era pequeno, mas não nos importamos, queríamos era só sentir um ao outro. Em dado momento, não aguentamos mais e fomos ao quarto.

Mas, ainda não estávamos prontos para os finalmentes. Não queríamos que aquilo acabasse logo, queríamos fazer durar o máximo que fosse.  Uma camisa foi desabotoada e tirada, jogada num canto. Deitou-se de bruços e me deixou fazer uma boa massagem em suas costas, explorando lugares do pescoço até quase a bunda, usando de um óleo com cheiro afrodisíaco.

Depois da vez dele, foi a minha, mas ele não queria fazer massagem nas costas, mas sim na frente. Na verdade, ele queria uma desculpa para tirar meu vestido e conseguiu. E tirou meu sutiã também, me deixando só de calcinha naquela meia-luz. Usou do mesmo óleo perfumado para acariciar meus braços, coxas, barriga e até meus seios, também explorando cada pedaço que podia.

Uma hora não aguentamos mais. Ele tirou as peças que faltavam e eu também.

Pedi para que ele se deitasse, porque eu iria por cima. E obedeceu. Colocamos a proteção. Montei nele, me ajeitei e me senti ser preenchida imediatamente, soltando um suspiro de prazer. Recuperei o fôlego e comecei a usar meu quadril para fazer os movimentos. Para cima e para baixo, rebolando em cima dele, enquanto ele segurava e apertava minhas coxas com o máximo de força que conseguia. Senti minhas pernas queimarem, tamanha a força e em empenho de satisfazê-lo. Minhas mãos estavam sob o peito dele, apoiando meus movimentos, sentindo os mamilos ficarem eriçados com aquilo tudo. Olhei seu rosto, assim como ele olhou pro meu, sabia que ele não ia aguentar muito mais. Fui variando a velocidade, mais forte, mais fraco, enquanto tentava controlar a respiração e os meus gemidos, enquanto ele emitia apenas sons baixos, enquanto a parte inferior pulsava dentro de mim. Eu já estava chegando no meu ápice e limite. Num último esforço, deu o máximo de mim, colocando pressão nele até finalmente sentir o calor e ouvir o gemido de satisfação. Gozou com os olhos fechados e mordendo os lábios, jogando o quadril pra cima, me levantando levemente. Eu senti meu interior se comprimir e a resposta saiu em minha garganta. Olhamo-nos novamente e trocamos mais um beijo, antes de eu finalmente descer e ir para o outro lado da cama, completamente ofegante e exausta, contudo satisfeita.

Ele não teve forças para voltar para casa e eu muito menos para expulsá-lo. Pegamos no sono e eu só acordei com a luz do Sol. Resolvi alimentá-lo novamente antes dele ir embora.

Eu espero que o tenha fisgado pelo estômago.”


Assim que terminei de ler, ela apareceu.

- Vamos embora?

- Claro!

Fomos até o estacionamento, entramos no carro e partimos. Resolvi comentar:

- Estava lendo o conto novo.

- Ah, é. E o que achou?

- Misturou um pouco de ficção dessa vez né?

- Não. Só escondi que você é o fotógrafo. Assim, dá a impressão até de ser outro personagem.

- H, deixa eu perguntar: Nossas transas inspiram você?

- Bem, foram só duas, mas sim. Que foi? Está com vergonha?

- Não é isso. É que é esquisito.

- Esquisito como?

- Não sei explicar. A gente mal se conhece...

- G, se te incomoda, podemos parar. Ficamos só com a parte das fotos.

- Não é isso.

- O que é então?

- Bem... Parece que você é tão mais experiente que eu!

- Pode dizer, acha que eu sou rodada?

- Também não.

- É estranho ver uma mulher mais experiente. Não sou rodada, já tive algumas histórias de uma noite, mas maioria dos contos são com meu ex-namorado.

- Sério?

- Sim. Ele era bem abusivo, detestava que eu escrevesse minhas coisas. A única coisa que ele serviu foi para as histórias do blog. Apesar de que aprendi muito nessa época.

- Lamento por isso.

- Já passou.

- É que... Você me deixou louco ontem e com o conto agora.  – confessei

- Podemos resolver isso quando chegarmos. E prometo não escrever sobre dessa vez. – me dirigiu um olhar safado

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