sábado, 5 de março de 2022

Capítulo 21 - Conflito

 

Finalmente foi o dia do almoço de domingo na casa dos meus pais e eu trouxe a Helena comigo. Eles ficaram muito felizes de conhecê-la! Indiretamente, acabaram elogiando o trabalho dela com o blog. Confesso que fiquei olhando para ela enquanto minha mãe falava e não pude evitar de abrir um pequeno sorriso. Que droga! Acho que eu tô muito “na dela”!

Enquanto ela foi ajudar mamãe a arrumar tudo, fiquei na sala conversando com meu pai e meu irmão.

- Ela é bonita, irmão! - falou Luís – Tão namorando?

- Não, ela é só uma amiga. - por que as pessoas pensam logo nisso?

- Mas, você está apaixonado por ela né? - meu pai foi direto – Tá estampado na tua cara!

- É tão óbvio assim? - suspirei – Eu sou tão besta! - passei a mão no rosto

Ambos riram de mim.

- Ai, mano, você sempre foi assim. - meu irmão completou – Eu fico feliz de pelo menos ter trazido uma aqui em casa antes dos 30. - riu de novo – Ou seja, eu perdi a aposta com papai.

- Como é? - indaguei cruzando os braços – Apostando pelas minhas costas? Vocês…

- Foi só uma aposta boba! - papai, desta vez – Agora, moleque, me dá meus cinquenta reais. - fez gesto pro meu irmão

- E por 50 reais? - gargalhei

- Mas, sério, mano, tô muito feliz por você. - sorriu

E nesse meio tempo o assunto acabou e meu pai acabou voltando a prestar atenção na TV, porque logo ia começar o seu programa favorito. Logo Helena e minha mãe voltaram e já iríamos embora, porque nós dois tínhamos que trabalhar no dia seguinte.

E assim que colocamos o pé para fora de casa, eis que aparece a pessoa mais improvável ou até mais provável: Pedro. Olhei para Helena e ela parecia paralisada, com os olhos arregalados, sem reação.

- Helena… Que irônico te encontrar aqui. Estava passando por aqui, vi seu carro e vim falar com você. - ele disse, com a maior cara de pau

- Falar o que? - eu perguntei logo – Acho que ela já disse tudo o que tinha para falar.

- Estou falando com ela e não com você, seu merda!

- Que eu saiba, ela tem uma medida restritiva contra você. E sabe muito bem que não é a primeira vez que você a descumpre. - inflei o peito na resposta

- Estou pouco me fodendo para a medida restritiva. É só um papel ridículo! Quero falar com a minha namorada. - falou reforçando as duas últimas palavras

Enquanto isso, Helena só observava a nossa discussão. Ela não tinha forças para fazer algo e eu senti que deveria fazer por ela. Imagino que meus pais e meu irmão não estavam entendendo nada.

- Ex-namorada! - gritei – Caralho, cara, você não se manca de que ela não quer mais nada contigo?

A situação estava escalando e eu estava com medo do que poderia acontecer, até porque eu estava na frente da casa dos meus pais, para esse cara maluco caçar minha família é um pulo! E a Helena já estava agarrada no meu braço e tremendo muito.

Porém, meu pai finalmente decidiu intervir.

- Rapaz, por favor, saia. Ninguém te quer aqui!

- Não saio até falar com a Helena.

- A menina não consegue nem falar. - minha mãe dessa vez – Olha como ela está!

- É porque ela não resiste quando me vê.

Puta que pariu, eu não acredito que estou ouvindo uma merda dessa! Esse cara…

De repente, todo mundo se assustou, pois Helena finalmente soltou meu braço e começou a falar:

- Pedro, eu já fui perfeitamente clara com você. Eu não quero mais nada! Chega de vir atrás de mim! Chega de me procurar, de me perseguir! Chega de atrapalhar a minha vida! Só me deixa em paz! - esbravejou, empurrando-o em seguida

Claro que ele aproveitou a brecha para agarrá-la a força, contudo Helena ainda ficou com a mão livre e lhe deu um tapa que estalou. Ele foi mais incisivo e a puxou com mais força e o meu sangue ferveu, eu agi sem pensar e só fui pra cima dele. Dei um soco que derrubou, igual da outra vez, mas não o levou a perder a consciência!

- Irmão, calma! - gritou Luís

- Paciência nunca tive. Você não cansa? - gritei de novo, me direcionando a ele – Talvez quando eu estourar a sua cara, você aprenda!

E claro, que algumas cabeças de vizinhos já estavam despontando da janela para ver o que estava acontecendo.

Ele se levantou, ainda cambaleando, olhou bem na minha cara e veio querer me bater. Da mesma forma que da outra vez, ele golpeou do pior jeito e que deu a abertura só para nocauteá-lo. Acertei bem no nariz dele! E ele foi para o chão e não se ergueria tão cedo.

- Meu filho! - mamãe gritou preocupada – Pra quê isso?!

- Desculpa, mãe! Eu fiquei fora de controle! Se quiser pode chamar a polícia, uma ambulância, sei lá! - sentei no degrau do portão e passei a mão no rosto

Minha mãe foi lá para dentro buscar um kit de primeiros socorros e gelo para que o Pedro pudesse colocar no nariz!

E para a surpresa de todo mundo, quem passa ali no mesmo instante? O Arthur, irmão da Helena. Não sei se ele estava dando uma volta só ou o amigo o chamou ali. Ele olhou para a irmã, que estava encostada na parede e chorando, e se aproximou, viu o amigo no chão e nos questionou:

- O que houve aqui?

- O rapaz tentou agarrar esta moça à força. Meu filho a defendeu! - papai tratou de responder

- Esta moça é minha irmã. - soltou – E vou chamar a polícia agora mesmo. Isso é um absurdo!

- Pode chamar! Eu não ligo! - falei

- De onde eu te conheço? - indagou olhando para mim

- Sou o namorado da sua irmã! Fui a casa de vocês recentemente. - respondi a ele, tomando cuidado se o ex não estava acordado

- Namorado? - ele olhou para Helena – Não disse que estava namorando ele quando foram lá em casa.

- É recente! - foi apenas o que ela disse

Esse pequeno diálogo ocorreu enquanto Arthur discou o número da polícia e esperou ser atendido. Não demorou muito e ele pediu uma viatura para resolver a situação, nem que fosse para registrar um B.O. na delegacia.

Mamãe voltou com o que foi buscar e pediu ajuda para que colocassem Pedro sentado na calçada. Ele despertou resmungando e tomou um susto com o amigo lá. O irmão de Helena informou que estava resolvendo tudo e que eu iria pagar por aquilo. Espera só até descobrirem que este cara descumpriu uma medida restritiva. Mas, é claro, eu sabia bem que eu estava ferrado!

E o circo logo se armou, porque além de ligar para polícia, o irmão de Helena chamou o resto da família. Deu para perceber como era perto, pois logo apareceram o pai e a mãe de Helena para ver a situação. Era tudo o que a gente precisava nesse momento!

Observei Helena receber um enorme sermão dos pais. Eu queria poder ajudar nessa situação, mas eu já tinha me envolvido nisso mais do que deveria. Olhava a situação e matutava o que dava para fazer, se é que era possível. E eis que óbvio surgiu na minha cabeça. Levantei-me e me virei para os dois:

- Dona Rita e seu Áureo, a culpa disso não é da Helena e sim minha. Eu quem bati nele!

- Ora, ora! - começou Rita – Se não é o seu “amigo”. Te coloquei dentro da minha casa e olha o que você apronta.

- Ele só estava me defendendo. - Helena finalmente falou, pois estava quieta apenas ouvindo os pais – Vocês não viram como o Pedro apareceu aqui, aliás, vocês não sabem a forma que ele sempre surge.

- Minha filha, ele faz isso porque gosta de você. - a mãe dela falou

- Rita, para com isso, por favor. Estou cansada de falar que não quero mais nada com ele. Inclusive, tem uma coisa que vocês não sabem…

- O que? - o pai dela indagou

- Eu tenho uma medida restritiva contra ele, justamente por causa disso.

- E com ordem de quem você fez isso? - Rita atacou

- Minha! - ela esbravejou e bufou em seguida – Esquece! Não adianta falar mesmo. Vem Gustavo!

Enquanto isso, Pedro era amparado pelo amigo e minha mãe terminou de prestar os primeiros socorros e pediu para que ele colocasse o gelo no rosto. 

Deu a impressão de que a viatura demorou, mas foi questão de dez minutos. Explicamos toda a história e mesmo com Pedro muito puto, em momento nenhum me acuei e abracei a merda que eu fiz. Ia levar uma denúncia por lesão corporal, mas ele levou por descumprir a ordem de distanciamento.

Fomos a delegacia e resolvemos tudo o que precisava, o que demorou um pouco. Por sorte, eu só ia trabalhar à tarde na segunda, já que estaria em casa.

Vamos ver mais para frente como essa “briga” vai se desenrolar. Confesso que estou curioso! Mas, com certeza, esse conflito pegou bem mal tanto para a minha família quanto para a da Helena.

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