sábado, 19 de março de 2022

Capítulo 25 – Viagem a dois

 

Helena e eu finalmente vamos realizar a tão esperada viagem da sessão de fotos.

A minha última semana foi recheada de trabalho, porque eu queria adiantar tudo e pegar o máximo de trabalho possível, pois precisava cobrir os gastos extras por dividir a hospedagem com ela. Minha situação financeira apertada só havia melhorado um pouco, então para viajar tive que fazer um pé-de-meia ou o rombo no meu orçamento vai me falir de vez. Não que o local que Helena escolheu seja caro, eu só não estou podendo ainda me dar ao luxo de certas coisas. Mas, ela nem precisa saber disso, ainda mais com aquela história com o Pedro e que eu acabei de envolvendo demais e deu ruim pra caralho.

Na véspera da nossa partida para a cabana numa praia isolada, estava trabalhando numa festa de aniversário de 15 anos – a mesma garota da qual tirei fotos no parque um dia desses – e fiquei relembrando a minha adolescência e o quanto estas festas eram o nosso maior evento social. Atualmente, só vou em festas para trabalhar mesmo, porque gostar nunca gostei.

Lembrei do meu eu jovem e franzino, que sofria bullying e não pude deixar de me sentir nostálgico, mas só da parte boa. A falta de preocupação, só acordar e ir para a escola, encontrar os amigos. Nem a faculdade me causa tanta nostalgia assim, eu só queria terminar em um certo ponto.

Quanto tinha a idade da maioria das pessoas presentes nessa festa foi a explosão das câmeras digitais e o engatinhar das primeiras redes sociais. Meus pais compraram uma câmera dessa digital, até bem depois dos outros conhecidos e parentes, porém, mesmo assim, foi com ela que descobri que gostava de fotografar. Cheguei a postar as minhas primeiras fotos nas, agora finadas, primeiras redes. Virei o fotógrafo oficial dos eventos da família. Depois disso, resolvi que seguiria por este caminho.

Ainda lembro quando consegui o dinheiro para comprar a câmera que uso agora para trabalhar, foi quando estava estagiando, no final da faculdade. Cada centavo foi bem suado, aliás, todos os equipamentos que compro são assim. Junto cada tostão para tirar fotos melhores. Equipamentos desse tipo são muito, mas muito caros.

Pensei nisso tudo pois é surreal que amanhã irei fazer um dos meus trabalhos dos sonhos e com uma pessoa que admiro muito – e eu estou apaixonado, confesso: Helena. De vez em quando, ainda me pego me beliscando para saber se não é sonho que eu a tenha conhecido.

A festa terminou bem tarde, o que já era esperado. A minha sorte é que deixei tudo já arrumado, só deixei um espaço na mala para colocar a câmera que havia usado. Cheguei em casa, tomei um banho, programei o despertador para conseguir acordar no susto e capotei.

Pareceram só cinco minutos, mas foram 4 horas que consegui dormir. Tomei um banho rápido, engoli alguma coisa e logo Helena bateu à minha porta. Ajudei a levar as malas para baixo. Os vizinhos que estavam saindo para trabalhar ficaram olhando para a gente, porque nesse condomínio tanto eu quanto ela somos conhecidos como dois que “não trabalham”. Enfim, são apenas olhares, que pensem o que quiserem.

Não demorou muito para que colocássemos tudo no carro e partíssemos rumo ao nosso destino de pequenas férias.

***

Em pouco mais de duas horas de viagem, curtindo uma playlist mista, eu e Helena chegamos a cidade. Era próximo da hora do almoço e decidimos comer por ali mesmo. Escolhemos uma pensão bem bonitinha e pedimos um prato feito simples porque ambos estavam com vontade de algo desse tipo. Comemos com calma e conversando bastante animados.

Terminamos, pagamos e demos uma voltinha na cidade, aproveitando para comprar algumas coisas para comermos lá, porque talvez esta noite aproveitaríamos de outro jeito.

A cidade era bem de interior, mas até bem desenvolvida – se for comparar com outras que já visitei - porque ela é turística. O centro da cidade, que era onde estávamos, tinha coisas bem variadas e quem sabe em um dos dias não iríamos ali durante a noite.

Finalmente entramos no carro novamente e no meio do caminho para o lugar passamos na casa do proprietário e pegamos a chave. Mais vinte minutos de carro a partir dali, chegamos e Helena estacionou o carro.

E era mais bonito do que nas fotos que vimos no site. A forma como o sol da tarde batia na pequena casa rústica era lindo, batendo na areia da pequena praia privada logo a frente dela. Peguei a minha câmera e ela logo falou:

- O que vai aprontar com isso? - e riu

- Vai ali para a varanda que vou fotografar. Rápido! Não quero perder essa luz. - fui autoritário mesmo, porque talvez um minuto a mais estragasse aquela iluminação

Helena fez conforme falei, mas perguntou:

- Que pose faço? Aliás, eu estou toda descabelada. Nem para deixar eu me arrumar!

- Encosta na coluna e olha pra cima, mas só um pouco. E sorria, por favor!

Repetiu exatamente como falei e o que eu esperava aconteceu, ela involuntariamente tampou o sol que veio em seu rosto com a mão, fazendo exatamente a pose que eu queria. Eu já disse que gosto de fotos espontâneas. Ela nem percebeu que a foto já tinha sido tirada! Depois de alguns segundos, questionou:

- Já tirou?

- Há um tempo. - sorri – Aqui, venha ver. - indiquei a tela da câmera

Helena viu a foto e adorou.

- Como você faz isso, Gustavo? Aliás, você não pediu que colocasse a mão na frente do rosto.

- Eu sei disso, mas dali o sol ficaria na frente do seu rosto e você fez isso naturalmente, que era o que eu queria. Uma parte é inspiração e outra é técnica.

- Mas você… - reclamou

- Eu prefiro fotos assim, sabe bem!

- Eu amei esta foto. Pena que não pode ir para o photobook.

- Até pode. Só desfocar seu rosto. E, H, uma pergunta: Quer começar a tirar as fotos hoje ou amanhã? Já olhando por aqui, tem alguns lugares para começar.

- Vamos ver a casa primeiro e vemos isso tá?

Assenti e com a chave, abriu a porta e vimos como era a casa por dentro. A propaganda não fazia jus ao lugar, também internamente. A cabana – se é que possamos chamar assim – era bem aconchegante. Espaço aberto com sala, cozinha e o quarto e banheiro no cômodo ao lado. Tudo muito bem decorado e com móveis de cor escura. Era realmente um ótimo passeio para um casal que queria ficar sozinho ou melhor, um fotógrafo e uma blogueira que querer fazer uma série de ensaios nus.

Helena correu para o quarto e se jogou na cama, rindo. E eu fui lá para conferir também.

- Como é macia esta cama! - falou ela, de barriga para cima

- Realmente. - soltei quando pulei ao lado

- Gostou do lugar, G? Eu amei! Acho que as fotos vão ficar maravilhosas!

- Gostei sim! E as fotos vão ficar perfeitas! - respondi convencido

- Onde foi parar a sua humildade? - falou se apoiando

- Acho que deixei em casa quando saímos!

Ela riu e me deu um beijo, mas um daqueles que eu gosto que ela dê. Sabia bem que isso ia acontecer quando chegássemos. Começamos a nos agarrar, trocando beijos e carícias pelo corpo todo. As peças de roupa foram escorregando de nossos corpos numa naturalidade e ritmo que a gente aprendeu a ter um com o outro. Fiquei eu de cueca e Helena só de calcinha. Achei que iríamos aos finalmentes, até que ela me pediu uma coisa inusitada.

- Posso de te pedir uma coisa, G?

- O quê, H? - disse assustado

- Quero que você filme a gente.

- Peraí, quê? Filmar a gente transando, por quê?

- Eu sempre tive esse fetiche, na verdade. Se você não quiser, tudo bem.

- Nunca liguei muito, mas podemos fazer. Só não sei se assistirei depois.

- Mas tem outra coisa: Quero que deixe como se a câmera estivesse escondida.

Observei o ambiente e encontrei o lugar ideal para posicionar a câmera. Fui até a sala, peguei a câmera, a liguei e retornando ao quarto, posicionei no aparador que ficava na frente da janela, atrás de um dos vasos que decorava o móvel.

- Acho que assim está bom! - disse e apertei o rec, começando a gravação

Tentando apagar a sensação estranha de estar sendo tudo gravado, continuei de onde parei. Helena ficara deitada na cama e eu fiquei por cima dela, voltando a beijá-la, causando atrito proposital entre nossas partes íntimas, mesmo que ainda de roupa. Ela enlaçou as pernas em volta das minhas costas, enquanto eu apertava suas coxas e nossas bocas mal se desgrudavam.

- G, eu quero você! - ela disse, num sussurro

Tiramos a única peça de roupa que faltava, peguei a camisinha e a coloquei. Penetrei em Helena com uma facilidade, pois ela estava muito, mas muito molhada, mais do que o normal. Comecei os movimentos de vai e vem, seguindo o ritmo dos gemidos dela. Involuntariamente, em alguns momentos, olhei em direção para onde a câmera estava, querendo que o botão vermelho indicativo apagasse, porque estava constrangido de depois ter que me ver transando. Aquilo estava me bloqueando de uma forma… Acho que Helena acabou percebendo.

- Ei, olha para mim. - ela falou – Foca em mim. - pegou no meu rosto, virando-o em sua direção

Agarrei o seu quadril com mais força e vontade e acelerei o movimento. Os sons dela me seguiram. Estava até escorregando muito, o que facilitava a minha movimentação. Sentia parte de dentro da Helena mesmo com a camisinha. 

Ficamos alguns minutos naquela posição, mas não estava funcionando. Até aquela altura já teria gozado, pelo menos os gemidos da H estavam fazendo valer a pena a demora.

- Vamos trocar de posição. - pediu – Quero ficar por cima um pouco.

Sem tirar, giramos na cama e eu fiquei deitado e ela por cima.

- Você está travado por causa da câmera né? - perguntou

Apenas assenti, confirmando a resposta.

- Vou te fazer relaxar, G! - me deu um beijo

Ela começou a cavalgar em cima de mim, rebolando o quadril e subindo e descendo, se apertando inteira. Via os seios dela saltando para cima e para baixo, o suor pelo esforço escorrendo pela barriga. Agarrei os peitos dela com vontade, fazendo-a gemer sem parar o que fazia. 

Decidi ficar sentado para continuar brincando. Apertei os mamilos e depois chupei, dando leves mordiscadas. Todas essas ações traziam um som pela boca da Helena e uma piscada do seu interior.

Estes esforços deram resultado e eu queria acabar logo com aquilo. Num movimento brusco, joguei Helena na cama e mantive o movimento o mais rápido que conseguia, não evitando de emitir alguns sons. Meu ápice estava chegando, demorou.

- Vou gozar, H! - falei com a voz falhando

Num suspiro, finalmente senti o relaxamento característico. No segundo seguinte vi o olhar de Helena para mim, num misto de satisfação e paixão. Senti o meu batimento acelerar e meu coração me mandou falar uma coisa.

- Eu te amo, H! - foi espontâneo, só saiu

Ela sorriu pra mim, talvez pouco surpresa, porque como disseram meu pai e meu irmão: tava bem na minha cara

- Eu também te amo, G! Finalmente percebi isso.

E nos beijamos, depois me deitei sobre Helena. Poderia ficar ali por horas, mas ela me lembrou de desligar a câmera. Quando o fiz, ela questionou:

- Gostou da experiência de ser filmado?

- Até que sim, mesmo sendo estranho no começo. Eu prefiro ficar na parte de trás da câmera.

- Desculpa ter feito isso. - confessou – Nunca senti liberdade para fazer pedidos desse tipo a não ser com você.

- Tudo bem. - respondi – Foi interessante!

- E a sessão de fotos? - perguntou de novo – Começaremos amanhã?

- Sim. É melhor! Pela hora já estaremos sem luz natural logo.

- Será que podemos ver o vídeo? - soltou tentando esconder o rosto com as mãos

- Podemos!

Levantei-me e peguei a câmera, tirei do stand by por conta do tempo que ficou parada. Deitei ao lado de Helena, entrei na galeria da câmera e o vídeo apareceu logo de cara. Tinha pouco mais de 10 minutos. Dei o play!

Ficamos assistindo e rindo com o constrangimento de rever com detalhes aquilo que acabamos de fazer. Mas, devo confessar que mesmo com esse improviso, a filmagem ficou boa. E bem, era um pornô praticamente de verdade e bem decente, ouso dizer.

- Tá, agora a gente apaga. - disse quando o vídeo terminou

- Não. Deixa aí! - protestou

- E o que eu faço com isso então?

- Só… Deixa aí!

- Tudo bem! - desliguei a câmera – Ficará num canto perdido do meu computador.

- Pior que tudo isso me deu fome. - comentou Helena

- Eu também! - completei - Aliás, a gente nem trouxe as malas pra dentro.

- É verdade! - ela riu

Colocamos nossas roupas e trouxemos tudo para dentro, arrumando as comidas na cozinha. Depois fizemos um lanche para matar aquela fome pós-foda. Resolvemos comer sentados na areia do lado de fora, onde tinham duas espreguiçadeiras para usar e uma mesa no meio. Pelo horário era quase o pôr do sol, então ficamos sentados comendo e vendo o dia virar noite, que, para mim, é sempre uma coisa tão bonita.

Um silêncio estava entre nós, mas não um constrangedor e sim o da companhia. Porém, a minha cabeça estava envolta nas lembranças recentes, justamente que Helena dissera corresponder aos meus sentimentos. Não sei se era a hora ideal para isto, mas resolvi entrar no assunto:

- H, aquilo que disse no quarto, é verdade?

- O que? - ela olhou pra mim – Claro que é! Por que não seria?

- Não estou duvidando de você, só… Fui surpreendido! Sabia que sentia algo por mim, mas não sabia dizer se era desta forma.

- É sim! Estou completamente apaixonada por você. - ela sorriu, ficando um pouco tímida – É tão estranho falar isso de novo…

- É tão estranho ouvir isso. - confessei – Nunca alguém correspondeu meus sentimentos.

- Nunca namorou?

- Já namorei, mas nunca por mais de seis meses. Não deixo de pensar que ficavam comigo por pura pena. - pisquei mais rápido para evitar que lágrimas caíssem, porque comentar isto me lembrava a minha adolescência tensa

- Gustavo, não estou com você por pena. Gosto da sua presença e do seu jeito. Mesmo que tenhamos nos conhecido de uma forma inusitada! - e claro que ela percebeu – E, não precisa ter vergonha de chorar na minha frente.

Quando ela me permitiu, deixei que as lágrimas rolassem, descendo salgadas pelo meu rosto. Há muito guardo esses sentimentos em mim e finalmente achei alguém com quem possa colocá-los para fora.

- Sei que meus traumas não são nada comparados aos seus. Desculpa, Helena.

- Ei, não é uma briga de quem tem a vida mais fodida. - pegou em minha mão – Você teve o bullying e eu tive um namorado abusivo. E é isto!

- Obrigado! - apertei sua mão com força

- Quantas vezes você não me ajudou por causa do Pedro? É o mínimo que posso fazer.

Então, ela se sentou na espreguiçadeira junto comigo, enxugou meu rosto e me abraçou. Eu indaguei:

- E sobre nós? Como ficamos?

- Vamos aproveitar a viagem primeiro, depois colocamos um nome para o que temos! Tudo bem?

- Está bem!

- Agora, G, eu preciso da sua ajuda, pois preciso escolher as roupas para usar na sessão de fotos amanhã.

Aproveitamos aquela primeira noite de viagem com Helena escolhendo os visuais para as fotos e rindo das merdas que falávamos. E claro que antes de dormir transamos de novo.

Eu adormeci animado para o dia seguinte e o início da produção das nossas fotos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Copyright © Contos Anê Blog. All Rights Reserved.
Blogger Template by The October Studio