sexta-feira, 28 de março de 2014

Capítulo 14 - Preparativos

Um caso grande me ocupou muito nesta última semana. As únicas horas que tive para ler foram em casa antes de dormir. Estava acompanhando as vésperas do meu 22° aniversário.
Os preparativos da minha festa estavam nas mãos de Keiko e Kazuko. E ambas, muito animadas.
E lá estava eu, em mais um daqueles momentos em que se espera o sono chegar. Nada como ler um pouco para ajudar. Abri o diário!

Querido diário,
desculpe-me não ter escrito ontem. É que realmente os preparativos para o aniversário do Makoto estão tomando muito o meu tempo. Afinal, somos apenas eu e a Keiko cuidando de tudo. Makoto apenas opina no que quer.
Ontem, nós saímos para comprar as coisas para decorar a casa e preparar o cardápio. A casa ficaria decorada com velas e flores artificiais, espalhadas por toda a sala. Aproveitamos e também compramos o presente do Makoto. Na verdade, a Keiko pagou por eles e me um para presenteá-lo. Era uma camisa preta e uma gravata branca, ambas que ele não tem.
O cardápio será bem simples: apenas algumas bebidas e sanduíches. A festa será bem simples também e apenas para os mais próximos.
Voltei para casa exausta, afinal, andei bastante e carreguei peso. Por conta disso, Makoto deixou eu ficar no meu quarto. E o meu cansaço foi o motivo por não ter escrito. Apenas tomei um banho e logo dormi.
Acordei com a luz do Sol batendo no meu rosto. Levantei, fui ao banheiro (e fiz as coisas que costumo fazer, só não troquei de roupa), coloquei o roupão e fuitomar café.
–Bom dia, Makoto!
–Bom dia, Kazuko. Dormiu bem?
–Sim. Uma pena que o Sol me acordou.
Makoto riu.
Sentei-me a mesa e notei que meu dono trajava pijamas, então, indaguei:
–Não vai trabalhar hoje?
–Meu chefe deu-me a “folga de aniversário”. Como o meu é amanhã e será final de semana, ele jogou para a sexta-feira.
–Entendi. Vai ajudar eu e Keiko hoje?
–Claro. Mas primeiro vou fazer umas coisas na rua... E você vai comigo.
–Como assim?
–Surpresa.
Fiz uma cara de emburrada, eu odeio esses segredinhos. É porque eu sou uma pessoa muito curiosa e odeio ficar nessa expectativa. Mas o que eu poderia fazer? Somente esperar!
Terminei de comer, troquei de roupa. Eu e Makoto saímos. Ele dirigiu até o centro comercial da cidade. E eu me perguntava o que faríamos ali. Estacionou o carro em frente a uma loja chique e de nome muito difícil, cujo jamais conseguiria pronunciar.
Entramos e a vendedora nos recebeu. Makoto pediu auxílio para escolher algo para usar na festa.
–Você entende mais disso do que eu.
Peguei uma calça jeans clara, uma camisa polo azul-marinho e um tênis tipo esportivo. Falei para Makoto experimentar. Ele me olhou receoso, não sabia como ficaria. Foi ao provador e eu me sentei ali perto e aguardei.
Logo ele saiu e com um enorme sorriso estampado, desfilou para mim. Tinha ficado muito bem.
–Você gostou? - perguntou
–Sim! - respondi rindo- Parece que eu acertei.
–Sem dúvida!
Se olhou um pouco no espelho que havia ali perto, depois voltou e trocou de roupa. Pediu para a vendedora separar tudo que ele levaria. Chamou-me em seguida:
–Kazuko, vamos para a ala feminina.
–Fazer o quê lá?
–Escolher uma roupa para você!
–Ah?
–Vou usar roupa nova na festa e você também.”

Mulheres entendem mais de moda do que nós homens. Kazuko não é exceção!
E por que eu fui comparar roupas para usar no meu aniversário?
Primeiro, porque eu quis. Segundo, até hoje eu não tenho muitas roupas além dos meus ternos, que uso para trabalhar. E não faz mal comprar algo novo de vez em quando.(risos)

Não pude evitar uma careta, meio desacreditada.
Depressa fui para lá, na frente de Makoto. Na área dos vestidos. Era muita coisa para escolher e nem sabia por onde começar.
Passeando por entre as araras de roupas, peguei um modelo de cada cor que eu gostasse. Nos pretos havia uma mulher, de meia idade, que me olhou torto. Ela viu a quantidade de vestidos que carregava.
–Vai levar tudo isso?
Fiquei meio: Não acredito que ela está falando comigo. Tive que responder:
–Vou experimentá-los.
–E levar o mais baratos ou nenhum. Não sei o que vocês pobres vem fazer deste lado.
Eu não aguentei e tive que dar um corte nela.
–Olha, não te interessa o que eu farei com todos estes vestidos. Se eu levarei ou não. E não me julgue apenas pela minha aparência. Largue esse seu preconceito e minha vida para lá. - peguei o que queria – Com licença!
Dirigi-me ao provador e experimentei um por um. O que ficou melhor mesmo foi o preto, ele tinha uns detalhes brancos. Só faltavam os sapatos. Sai em busca deles. Encontrei Makoto sentado ali na frente.
–Gostei deste! - falou rindo
–Só preciso de um sapato para combinar. Não tenho nenhum!
Ele se levantou, parecia que viu alguma coisa. Trouxe um par de botas curtas e pretas, de salto.
–Que tal esse?
Calcei e me olhei no espelho. As botas eram lindas e encaixaram perfeitamente com meus pés e o vestido. Eu gostei e Makoto também!
Troquei de roupa e fomos pagar por tudo. Aquela mulher ainda estava lá e Makoto a conhecia. Cumprimentou-a e me apresentou a ela. Nós duas fingimos que nada de antes acontecera. A tal é esposa do chefe de Makoto.
Que mundo pequeno!”

Eu nem sabia que isso tinha acontecido. Essa é uma atitude típica dela, a mulher do meu chefe. Ela sempre foi assim preconceituosa. Até hoje!
Ela tem bastante sorte por ser rica, se fosse como minha esposa era antes, alguém dava um jeito dela calar a boca.

E descobri o nome dela: Yoko.
Sem dúvida ver-la-ei novamente no aniversário de Makoto.
Então voltamos para casa e eu estava muito feliz por ter comprado a roupa e finalmente poder ajudar a Keiko.
Eu, ela e Makoto passamos o dia arrumando a casa e preparando a comida e as louças. Amanhã vamos decorar tudo.
Agora, depois de mais um dia exaustivo, eu vou dormir. Amanhã tenho uma festa e estou ansiosa por ela. Faz tempo que não vou a uma. (risos)”

Dei um bocejo. O sono chegara.
E eu tenho ainda mais daquele julgamento no dia seguinte e estava rezando para a sentença sair logo e poder relaxar.
Larguei o diário na mesa de cabeceira. Apaguei o abajur. Kazuko dormia e Takumi também. Ajeitei-me, dei um beijo na testa da minha esposa, abracei-a e dormi.

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