sexta-feira, 28 de março de 2014

Capítulo 8 - Menstruada

No dia seguinte, pouco após comer, fui ler mais um pedaço do diário de Kazuko. Ela tinha ido cuidar de Takumi.

“Diário,
é de manhã agora. Ainda está amanhecendo, estou sem sono.
Mas por quê dormi no meu quarto? É que fiquei “naqueles dias” ontem.
Bem, vamos por partes...
Passei meu dia ajudando Keiko. Makoto voltou mais cedo, pois era o dia do meu retorno à Rin. Descemos e saímos de carro a caminho do consultório. Chegamos, fizemos a nossa entrada e aguardamos. Alguns minutos depois, a médica nos chamou.
Ela nos cumprimentou com um enorme sorriso no rosto.
–Como está, Sr. Makoto?
–Estou bem, obrigado.
–Ora, que bom! E você, Srta. Hirasawa?
–Eu estou bem também. - falei sorrindo
–Só um momento que vou pegar o seu remédio.
Rin abriu o armário que ficava atrás de sua mesa, vasculhou um pouco e pegou três potes. Ela se virou e disse:
–Estas são as suas pílulas anticoncepcionais. São feitas apenas para você, já que cada mulher é de uma forma.
–Como devo tomar?
–Simples. Tomar uma por dia, aqui está escrito. - falou apontando – A começar do 1° dia do seu ciclo.
–Entendi!
–E preciso te avisar sobre alguns efeitos colaterais, que talvez você tenha: aumento de peso; dor de cabeça; alteração de humor; enjoos e vômitos; seios doloridos; e alterações na sua lubrificação.
–Mas, isso são sintomas parecidos com os de uma gravidez. - falou Makoto – Eu fiz com ela sem proteção e...
Makoto hesitou. Eu completei, então, o pensamento dele.
–Eu estiver grávida?
–Aí será outra coisa e o Sr. Makoto decidirá o que fazer. Se o seu sangue descer, Kazuko, não há com o que se preocupar.
–Hum... Entendi. Obrigado, Sra. Saho. - Makoto respondeu.
–Ora, de nada. Agora podem ir.
Estávamos de saída e ela chamou:
–Senhorita Hirasawa, assim que fica menstruada. Não esqueça!
Assenti e sorri para ela.
No caminho de volta, comecei a sentir cólica. Não era estranho, já estava chegando o dia dela vir. Acabei fazendo careta. Makoto, preocupado, perguntou:
–O que houve?
–Estou sentindo cólica. É que... - parei ao vir uma pontada – está perto.
–Entendo. Alias, você precisa de... Como é o nome? Ah, absorvente.
–Não preciso imediatamente. Mas é melhor comprar.
–Tem uma loja que vende essas coisas no caminho. A gente vai lá!
–Tudo bem!
Passamos por algumas ruas e chegamos a uma loja de conveniência. Saímos e procurei o que queria. Fui com ele até o caixa, pagamos e voltamos ao carro para ir pra casa. Agradeci Makoto ao chegarmos. Ele disse que não era nada além do seu dever.
Eu só queria entender porque ele me trata assim tão bem e atenciosamente. Sei que é por causa do que viu na infância, só que... Parece que tem algo mais. Makoto não é só simpático comigo, me trata como uma amiga.”

Eu me lembro desse dia! Kazuko fez uma carinha de dor e desespero. Acho que ela ficou com medo da menstruação dela vir ali e sujar o carro. Se ela estava assim só com o medo do sangue. Imagine com ele?
Pelo que sei, meu pai nunca comprou esse tipo de coisa para suas três escravas. E nem sei como elas faziam nesses dias. Talvez as empregadas ajudassem.
Deve ser uma coisa nojenta ficar menstruada e não ter “com o que cobrir”.
Olha o assunto que eu estou falando. Caramba! (risos)

“Fui tomar um banho e durante ele senti outra pontada no meu baixo ventre. Então, eu vi sangue na pequena poça abaixo de mim. Passei o dedo, só para confirmar, que voltou coberto. Terminei de me banhar e me arrumei para o jantar. Como ele ainda não estava pronto, peguei o livro e fui ler no sofá da sala.
A cólica tinha parado, porém ela voltou de repente. Eu tinha me esquecido de tomar o remédio. (Pois é, a leitura me distraiu.) Imediatamente pedi a Keiko um copo de água. Assim que ela trouxe, peguei um dos potes que estavam no móvel da sala. Tirei uma pílula, joguei-a na minha boca e tomei a água. Devolvi o copo a Keiko e retornei à sala.
Makoto estava deitado no outro sofá e viu minha movimentação. Perguntou:
–O que foi fazer?
–Tomar meu remédio.
–Suas regras vieram então?
–Sim. Alias... Precisamos conversar acerca disso.
Ele se levantou para me dar atenção.
–Claro! Diga...
–É que... - falei meio encabulada – Bom, vai querer fazer comigo assim?
–Você se sentira desconfortável? Bem, eu fico.
Assenti timidamente e Makoto continuou:
–Isso é uma coisa pessoal sua, eu entendo. E... Falando sério... Esse sangue todo não é uma coisa agradável.
Eu não contive o riso e nem ele.
Concordamos que, durante meu período não faríamos. Makoto pediu-me para sempre avisá-lo ao início e ao término, apenas para sua ciência.
–Outra coisa: Durmo no meu quarto?
–Sim, Kazuko.”

Falei para ela dormir em seu quarto durante esse período para poder ter um pouco de privacidade e mais momentos sozinha. E também já é complicado aguentar mulher normalmente, imagine naqueles dias. (risos)

“O jantar não demorou a sair. Comemos, com Keiko a mesa conosco, em um clima agradável, rindo bastante.
Depois de comer, Keiko arrumou tudo e foi para casa. Makoto desejou-me boa noite e foi para o seu quarto. Bebi um copo de leite e dirigi-me ao meu quarto. Arrumei meus cobertores para a primeira noite em que dormiria sozinha. Eu nunca dormi tão bem desde que vim para cá. Aproveitei todo o espaço de minha imensa cama.
Sonhei com a minha infância, quando eu brincava com minhas bonecas e imaginava como seria meu futuro. Nunca supus que me tornaria escrava.
Acho que descansei tão bem, por isso já levantei. Ganhei um amanhecer de presente!”.

Parece que a Kazuko me odiava nessa época. Sinto isso nas palavras dela. E foi ela quem me olhou quando adentrou no quarto. Colocou Takumi no berço e veio me dar um beijo.
Deixei o diário de lado e dei atenção a minha esposa.

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